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publicado dia 5 de abril de 2022

Projeto realiza escuta de crianças e adolescentes que vivem em moradia social em São Paulo

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Cerca de 60 pessoas moram, desde fevereiro de 2019, no projeto piloto de locação social Asdrúbal do Nascimento – Edifício Mário de Andrade, localizado na Bela Vista, bairro da região central de São Paulo. Pela primeira vez, estão ali pessoas que se encontravam em situação de rua, dentre as quais, 18 são crianças e adolescentes. 

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Inédita na cidade, a iniciativa é acompanhada por diferentes secretarias e tem o desafio de assegurar um olhar integrado para a garantia de direitos da comunidade que agora habita o edifício. Articuladas, as pastas da Habitação, Direitos Humanos, Assistência Social e Saúde, em conjunto com a Companhia Metropolitana de Habitação (COHAB), são responsáveis pela seleção das famílias, entrega das chaves e por implementar estratégias que fortaleçam a autonomia e o exercício da cidadania dessa população.

Em 2021, como parte das ações que acontecem no local, teve início o projeto Quando estamos em casa, uma proposta que visa fortalecer o vínculo e a apropriação das crianças e da comunidade com o lugar onde vivem. Com duração prevista de nove meses, desde outubro estão sendo realizadas atividades de escuta e oficinas com as crianças e adolescentes que vivem no prédio. O objetivo é que possam refletir, sonhar, projetar e intervir em espaços comuns, tornando-os mais inclusivos e acolhedores.

Resultado de uma cooperação técnica entre a Cidade Escola Aprendiz e o CoCriança, projeto de extensão universitária da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), o projeto realizou inicialmente um diagnóstico que buscou identificar o perfil e as condições de vida das crianças e adolescentes, além das formas de uso e ocupação dos espaços. O levantamento considerou ainda aspectos como cuidado,  vínculo entre os moradores e a relação dos adultos com as crianças.

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Escuta das crianças na locação social Asdrúbal do Nascimento – Edifício Mário de Andrade. Crédito: Ayumi Pompeia

Além do levantamento de informações, foram realizados encontros virtuais com os diferentes agentes que atuam no edifício para que as demandas e descobertas oriundas da escuta com as crianças e adolescentes pudessem ser amplificadas e acolhidas.Segundo Lia Salomão Lopes, geógrafa e gestora do Programa Educação e Território do Aprendiz, responsável pelo desenvolvimento metodológico do Quando estamos em casa, “é fundamental que os diferentes agentes envolvidos neste programa piloto possam estar sensíveis e disponíveis para acolher as demandas e interesses da comunidade, em especial, das crianças e adolescentes que ali vivem. Acreditamos que esse olhar pode contribuir para que este lugar seja melhor para todos e todas”.

Dentre as ações previstas para os próximos meses, está o processo de intervenção física no espaço a partir da escuta das crianças. “Essa etapa é fundamental para a ocupação objetiva e subjetiva dos espaços coletivos, hoje utilizados principalmente para atividades de natureza mais administrativa e de organização da rotina do edifício”, afirma a arquiteta e gestora do projeto no Aprendiz, Ayumi Pompeia, que destaca o esforço de articular diversos campos do conhecimento para favorecer usos que contemplem o potencial lúdico e educativo dessas áreas.

Para a arquiteta e Professora Drª da FAU-USP, Karina Oliveira Leitão, “a iniciativa propõe a busca por moradia em um sentido mais amplo, que vai além da entrega das chaves e contempla o direito à paisagem e o direito à educação”. Especialista em habitação popular e planejamento urbano,  à frente de pesquisas que articulam arquitetura e infância, Karina e a equipe do projeto esperam, ao final, consolidar recomendações para as políticas públicas urbanas de São Paulo, fortalecendo uma abordagem que reconheça a criança como sujeito ativo e de direitos.  

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