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publicado dia 5 de outubro de 2023

Encontro Nacional das Cidades Educadoras: como potencializar aprendizagens nos territórios?

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📄Resumo: O IX Encontro Nacional das Cidades Educadoras, realizado entre 04 e 05/10, reuniu educadores, gestores públicos e organizações da sociedade civil para discutir como potencializar as aprendizagens nos territórios. 

Com o tema “Promover e fortalecer aprendizagens transformadoras nos territórios da cidade”, o IX Encontro Nacional das Cidades Educadoras aconteceu em São Paulo (SP), entre os dias 04 e 05/10.

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Organizado pela Rede Brasileira de Cidades Educadoras (Rebrace), o evento envolveu debates com especialistas em Educação, além do compartilhamento de experiências e boas práticas relacionadas ao conceito da cidade como território educativo. 

Com a adesão de 31 cidades, a Rebrace faz parte da Associação Internacional das Cidades Educadoras (AICE), uma organização sem fins lucrativos fundada em 1994 por governos de todo o mundo – hoje com 481 cidades de 30 países – comprometidos com a educação como ferramenta de transformação social que transcende os muros da escola para permear toda a cidade. 

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A AICE é regida pela Carta de Cidades Educadoras – escrita em 1990 no Congresso Internacional de Barcelona e atualizada pela última vez em 2020, de modo a adaptar as suas perspectivas aos novos desafios e necessidades sociais. 

A Carta traz 20 princípios básicos para construir cidades que educam ao longo da vida de seus moradores, além de serem amigáveis, acessíveis, dinâmicas, sustentáveis, saudáveis, inclusivas, participativas, justas e criativas. 

Aprendizagens transformadoras nos territórios da cidade

Encontro Nacional das Cidades Educadoras
Conferência reuniu educadores, gestores públicos e organizações da sociedade civil para discutir como potencializar as aprendizagens nos territórios.

No dia 4 de outubro, o IX Encontro Nacional das Cidades Educadoras  abriu sua programação reunindo prefeitos para reflexões conjuntas em torno de uma política educativa ampla. 

Em seguida, o evento contou com uma conferência que buscou evidenciar diálogos referentes a três eixos temáticos que conceituam as Cidades Educadoras

  • Oportunidade de aprender ao longo da vida;
  • Promoção de qualidade de vida e sustentabilidade
  • Muitas culturas, muitas aprendizagens

Mediado pela diretora-geral da Associação Cidade Escola Aprendiz, Natacha Costa, o debate contou com a participação de Helena Singer, vice-presidente da Ashoka América Latina e coordenadora do Movimento de Inovação na Educação. Os educadores Braz Nogueira (ex-diretor da EMEF Campos Salles, em Heliópolis), Valdir Lamim-Guedes e Lígia Hsu completaram o painel. 

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A conversa trouxe relatos de práticas territoriais relevantes, com foco no desenvolvimento do potencial humano dos cidadãos em todas suas dimensões, incentivando e promovendo a convivência entre gerações.

São exemplos a experiência da EMEF Campos Salles, no Heliópolis, trazida pelo professor Braz Nogueira, que constrói seu projeto político-pedagógico com base na articulação direta com seu território e prioriza uma formação cidadã das crianças e adolescentes.

“A experiência de escolarização não é uma experiência apenas de aprendizagem de conhecimentos formais, mas de formação integral desse sujeito que se forma para construir conhecimento e atuar na vida”, definiu Natacha Costa. 

Helena Singer reforçou essa perspectiva abordando o conceito de território educativo como base estratégica para o desenvolvimento das Cidades Educadoras, com a necessidade de que sejam reconhecidos, promovidos e valorizados os conhecimentos e saberes locais de um território, não apenas dos centros urbanos, mas principalmente das periferias das cidades. 

Já o professor Valdir Lamim-Guedes pontuou que ações voltadas à promoção de sustentabilidade não podem ser isoladas, ligadas apenas às questões ambientais. Para o educador, existem outras dimensões importantes, como a social, cultural, econômica e política. 

Nas práticas voltadas à valorização e respeito à diversidade cultural, Lígia Hsu resgatou a experiência dos Programas da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo, voltados à formação cultural e artística de crianças, adolescentes e adultos. 

Dentro dessa temática, ela pontuou também a importância da intersetorialidade para a constituição de cidades educadoras, com atenção à segurança alimentar, à sustentabilidade, além de todos os direitos humanos assegurados. 

Enfrentamento às desigualdades sociais 

Para finalizar a discussão da mesa, Natacha Costa trouxe alguns questionamentos aos convidados. Um deles foi: “Como pensar e articular os conceitos de uma Cidade Educadora numa perspectiva de enfrentamento às desigualdades, sobretudo do racismo?”

“Quando falamos em Cidades Educadoras não estamos falando apenas de determinada secretaria, mas de todas elas em articulação. A ligação entre escola e comunidade é fundamental e deve existir um trabalho conjunto para a efetivação da garantia dos Direitos Humanos, não só da Educação de qualidade. Então, nesse sentido, uma Cidade Educadora é uma utopia. Mas uma utopia que já está dando vida e esperança para muita gente”, afirmou o professor Braz. 

Já Helena Singer foi categórica em dizer que as políticas de Cidades Educadoras devem favorecer o que é historicamente pouco valorizado, como a arte, cultura e saberes das populações mais vulneráveis.

“O desenho das políticas das Cidades Educadoras devem valorizar as produções de conhecimento das periferias, e de forma transversal reconhecer e valorizar as cosmovisões e experiências de culturas não-brancas”.

Lígia terminou dizendo sobre a importância de ter ações antirracistas e anticapacitistas dando espaço e oportunidades para que pessoas não-brancas e deficientes estejam presentes como sujeitos do debate e não apenas como objetos de estudo. 

Convidada ouvinte do evento, Jociene Peixoto, representante da Secretaria de Educação de Guarulhos (SP), onde trabalha com a formação de professores alfabetizadores, compartilhou suas impressões dos debates realizados no dia 4 de outubro foram muito positivas:

“É muito bacana perceber esse diálogo entre todas as secretarias de um município, pensando que uma Cidade Educadora integra várias áreas da vida de um cidadão, que extrapola apenas o que se pensa de uma educação formal”, afirmou. 

Mariana Silva, coordenadora de ensino básico da Educação Infantil da Secretaria Municipal de São José dos Campos (SP), que também estava na plateia, corrobora com a mesma visão:

“É inspirador pensar e ver ações concretas de formação e Educação Integral do cidadão. É realmente imprescindível que a Educação esteja conectada à saúde, assistência social e direitos humanos para o pleno desenvolvimento das crianças e adolescentes”, defendeu. 

O restante da programação dos dois dias do IX Encontro Nacional de Cidades Educadoras contou com a apresentação de experiências bem sucedidas pelas cidades membros, de modo a trocar reflexões, aprendizados e inspirar demais cidades a se associarem à AICE. 

Confira toda programação aqui

 

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