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Em Belém (PA), aulas públicas aproximam o território de sua história

Publicado dia 7 de abril de 2025

Resumo: Há 22 anos, o historiador Michel Pinho oferece aulas abertas para pessoas de diferentes idades em Belém (PA). A iniciativa convida o público a percorrer as ruas da capital paraense e conhecer mais sobre a História do território. 

Em Belém (PA), um professor transforma as ruas da cidade em sala de aula, levando milhares em um mergulho pela rica história da capital paraense. 

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Públicas, abertas e gratuitas, as aulas do professor e historiador Michel Pinho acontecem há duas décadas, mas viralizaram na esteira da maior visibilidade alcançada pela cidade amazônica, que será sede da COP30 em 2025.  

Em janeiro, mil pessoas acompanharam a aula do educador, em geral ministrada com a ajuda de microfone e um banquinho de metal. Entre os conteúdos acompanhados com atenção pelos participantes, estão episódios negros e indígenas da capital do Pará.

Com 409 anos e 1,3 milhão de habitantes, Belém possui uma história marcada pela ocupação ancestral indígena e a colonização, além de revoltas populares e resistências. A mais conhecida delas é a Cabanagem (1835-1840), rebelião popular com forte presença negra e indígena. 

Como são as aulas públicas em Belém 

Atualmente realizadas aos domingos pela manhã, as aulas são ministradas durante caminhadas pelas ruas do centro histórico de Belém, abordando capítulos muitas vezes ausentes dos livros escolares, como a formação das comunidades negras e indígenas e a ocupação territorial de bairros como a Cidade Velha e Ver-o-Peso.

O professor conta que as aulas abertas começaram apenas com a participação de seus alunos do Ensino Médio. Hoje, mil pessoas já acompanharam a ação educativa, recorde atingido em janeiro deste ano.

 “Começou no final de 2003 para meus alunos que iriam fazer Vestibular. Depois, se estendeu para as famílias e para os amigos”, recorda Michel Pinho.

Graduado em História pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e mestre em Comunicação pela Universidade da Amazônia (Unama), o educador também foi Secretário de Cultura da cidade entre 2020 e 2023.  

Aulas públicas aproximam o território de sua história em Belém.
O professor Michel Pinho com o público em uma das aulas abertas em Belém (PA). Foto: Acervo Pessoal

Mercado Ver-o-Peso 

Uma das histórias exploradas nas aulas abertas é a do Ver-o-Peso, um complexo arquitetônico de 25 mil metros quadrados localizado no coração de Belém.

Inaugurado em 1625, o espaço começou a funcionar como posto de aferição de mercadorias e arrecadação de impostos em uma época em que  Belém era o maior entreposto comercial da região, escoando produtos com origem na Floresta Amazônica para mercados locais e internacionais, além de ser o principal ponto de chegada de produtos da Europa para suprir o mercado brasileiro.

O espaço passou por diversas modificações ao longo dos anos e inclui o Mercado de Carne, o Mercado de Peixe, as praças do Relógio e Dom Pedro II, a doca de embarcações, a Feira do Açaí e a Ladeira do Castelo. Todos pontos importantes e que ajudam a contar a história de Belém, sendo tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1977.

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Educação Patrimonial

As aulas abertas oferecidas por Michel Pinho se encaixam no conceito de Educação Patrimonial, que constitui-se de processos educativos formais e não-formais com foco no patrimônio cultural como ferramenta para a compreensão sócio-histórica das referências culturais em todas as suas manifestações.

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“A Educação Patrimonial versa sobre a relação dos diversos tipos de patrimônio. Do patrimônio edificado, que são os prédios, os palácios, os mercados, e do patrimônio imaterial, que são os nossos saberes, a nossa fala, a nossa gastronomia, a nossa culinária, que estão presentes muito forte no nosso cotidiano”, explica o professor. “Então, levar as pessoas pras ruas para refletir sobre isso é falar sobre o patrimônio da constituição de ser paraense e morador de Belém”, acrescenta.

Além das aulas abertas, Michel Pinho também conquistou um público fiel nas redes sociais. O professor tem quase 140 mil seguidores no Instagram, onde compartilha vídeos com curiosidades sobre a capital paraense. Para ele, no entanto, as redes sociais não substituem a experiência das aulas ao vivo.

“Eu fico muito feliz e emocionado quando vejo que as pessoas saem de casa às 6:30 de um domingo para assistir uma aula andando pela Belém histórica. Isso destaca o papel do professor. Apesar das redes sociais, nós, seres humanos, ainda precisamos dessa relação que é humana, que é o olho do olho”, celebra.

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