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publicado dia 17 de fevereiro de 2023

Afroturismo: o que roteiros centrados na História negra no Brasil podem ensinar?

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Você sabe o que é afroturismo? Trata-se da ideia de valorizar, visibilizar e reconhecer locais e roteiros turísticos relacionados com a história e a luta do povo negro no Brasil. Diante do racismo estrutural presente na sociedade, é também uma oportunidade de tornar o turismo mais inclusivo e diverso e de ampliar o repertório cultural.

No afroturismo, experiências, caminhadas e roteiros turísticos centrados na cultura e na história negra são centrais, privilegiando uma reconexão com a ancestralidade.   

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Visando fortalecer o turismo centrado na história negra, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, anunciou no fim de janeiro o mapeamento de roteiros e pontos turísticos vinculados à história negra e africana no Brasil.  

Fundador do Guia Negro – empresa especializada na produção de conteúdo sobre viagens, cultura negra e afroturismo – Guilherme Dias celebra a medida e reforça a necessidade da criação de políticas públicas consistentes para o setor em todo o país. 

“É de suma importância não só a valorização desses lugares como a sinalização, a divulgação e promoção desses destinos”, afirma Dias, lembrando que o apagamento das contribuições da população negra ao longo da História foi sistemático e ocorreu em todo o Brasil. “Então, precisamos de uma política que reverta esse processo e coloco o afroturismo e os destinos de cultura e história negra na pauta do turismo das cidades”, reflete. 

Guia Negro: diversidade e conexão  

“Um grupo de pessoas negras viajando é revolucionário”, aponta o manifesto do Guia Negro. Criado em 2018, a plataforma reúne dicas de roteiros turísticos negros e também destaca a experiência de viajantes negros no Brasil.

Na plataforma, é possível encontrar experiências em cidades como Salvador (BA), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Olinda (PE), São Luís (MA) e Ouro Preto (MG). Há também circuitos menos associados à cultura negra, como Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR). 

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“Todas as cidades brasileiras têm história e cultura negra. Então, eu sempre falo que todos os municípios têm essa história que precisa e deve ser contada”, defende Guilherme Dias, que além de empreendedor é jornalista e consultor em diversidade. Para ele, o afroturismo é uma possibilidade de conexão e vivência com um lado historicamente apagado do país. 

“A importância é de ter um turismo que tenha essa diversidade incluída, além da pauta do antirracismo”, destaca Dias. 

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Quilombo urbano e Museu Afro em São Paulo (SP) 

Conhecida pela gastronomia, arte, cultura e vida noturna, a capital São Paulo também reserva uma série de atrações quando o assunto é afroturismo. Destacam-se espaços como o Museu Afro Brasil, que apresenta acervo enraizado na história da diáspora africana. É possível conhecer também o centro cultural Aparelha Luzia: apelidado de “quilombo urbano”, o espaço no centro da cidade privilegia programação musical e artística que enaltece a cultura afro-brasileira. Para quem quer desvendar histórias e conhecer personagens históricos da cidade, uma boa pedida é a Caminhada São Paulo Negra, que oferece roteiros culturais por endereços como o antigo Pelourinho na região da Liberdade, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, Galeria do Reggae e outros pontos do Centro Histórico da capital paulista. 

 Caminhada negra em Olinda (PE)

Criada em 2021, a Caminhada Olinda Negra busca ressignificar os principais pontos da cidade pernambucana e contextualizá-los. O roteiro passa por locais como o Mercado da Ribeira e vai até o Largo do Bom Sucesso, hoje localizado em uma região periférica da cidade. Além disso, a caminhada passa por patrimônios imateriais da cidade, valorizando manifestações culturais como maracatus e afoxés.

Pequena África no Rio de Janeiro (RJ)

Localizada na zona portuária do Rio de Janeiro, no centro da capital fluminense, a Pequena África é um marco importante da história e da memória negra na cidade. É lá que fica o Cais do Valongo, construído no fim do século 18, e porta de entrada de ao menos 1 milhão de africanos escravizados no país. Ao longo do século 19, com as leis abolicionistas e o fim oficial da escravidão em 1888, milhares passaram a morar nesse local e em seus arredores.  No início do século 20, reformas urbanas soterraram o Cais e sua história, redescobertos recentemente durante obras realizadas na região. Atualmente, o Cais do Valongo é reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco e considerado local de memória e sofrimento pela entidade, assim como o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.

 

 

 

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