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publicado dia 11 de julho de 2024

Patrimônio indígena, manto tupinambá do século 17 é devolvido ao Brasil

Reportagem:

🗒️Resumo: Patrimônio dos povos indígenas e sagrado para os Tupinambás, o artefato foi devolvido ao Brasil após 300 anos na Dinamarca. Recebido pelo Museu Nacional no Rio de Janeiro (RJ), o manto tupinambá deverá ser exposto ao público a partir de agosto.

Vestimenta sagrada para os povos indígenas Tupinambás, produzida com penas vermelhas e fibras vegetais, o manto tupinambá datado do século 17 retornou ao Brasil após três séculos de exílio em Copenhagen, na Dinamarca. 

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Produzido pelo povo indígena Tupinambá, o artefato, também conhecido como “Assojaba Tupinambá”, ficará sob a guarda do Museu Nacional, no Rio de Janeiro (RJ) e deverá ser exposto ao público em agosto.

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O manto tupinambá devolvido ao Brasil é um dos 11 remanescentes e um dos mais bem preservados do mundo. 

Não há registros de como o artefato saiu originalmente do país e foi levado até a Europa, onde estava pelo menos desde 1689. Ao longo da invasão europeia no Brasil, os mantos produzidos pelos Tupinambás marcaram o imaginário dos colonizadores. 

Gravura de Theodor de Bry (século 16) mostra indígenas Tupinambás usando mantos durante cerimônia
Vestimenta devolvida ao Brasil é um dos 11 remanescentes e um dos mais bem preservados do mundo. Produzida no século 16, a gravura de Theodor de Bry mostra o manto sendo utilizado pelos indígenas.

“Os mantos assim como as plumas das diversas aves que habitavam o novo mundo, rapidamente se tornaram elementos muito desejados pelos colonizadores, que levaram diversas peças para o velho continente”, descreveu a pesquisadora Caroline da Costa no artigo “O retorno do manto tupinambá: diálogos para a construção de uma história da arte indígena“. 

O retorno acontece após anos de negociações entre as autoridades dos países, que contaram também com o protagonismo de comunidades Tupinambás da Bahia e da artista visual e pesquisadora Célia Tupinambá. 

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“O retorno do manto, em primeiro lugar, serve para poder diminuir esse oceano de distância. Ele tem quase 400 anos, é um manto idoso (risos). E tem uma estrutura, mas essa força de vontade que ele demonstra de regressar para o seu povo tem que ser respeitada, é um ancestral regressado é assim que eu defino. Um ancestral há muito tempo silenciado. Nós chamamos isso de objeto agenciado”, explicou Célia em entrevista à revista Arte Brasileiros.

Após o anúncio do retorno do manto, feito pelo Museu Nacional, o Conselho Indígena Tupinambá de Olivença (CITO) criticou a ausência dos Tupinambás em sua recepção.

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“O manto retornou para nós, mas ainda não foi recepcionado pelo nosso povo de acordo com nossas tradições. Este manto de mais de trezentos anos é um ancião sagrado que carrega consigo a história e a cultura de nosso povo”, afirmaram, em nota.


Quem são os Tupinambás 

Povo indígena brasileiro do tronco linguístico Tupi, os Tupinambás foram um dos primeiros a entrar em contato com os colonizadores europeus nos séculos 16 e 17. Reconhecidos pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) apenas em 2001, estima-se que existam cerca de 7 mil indígenas tupinambás no sul da Bahia.

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Em 2009, após intensa mobilização do povo Tupinambá, a primeira fase de demarcação do território (a Terra Indígena Tupinambá de Olivença) foi concluída, mas ainda não houve a homologação. A Terra Indígena Tupinambá de Olivença localiza-se em uma área de 47, 3 mil hectares, distribuídos pelos municípios baianos de Buararema, Ilhéus, Una e São José da Vitória.

“O Manto traz a luta do território, a vida do território. O Manto precisa que o território viva. Se o território vive, o Manto vive”, defendeu Célia Tupinambá no artigo “Arenga Tata Nhee Assojoba Tupinambá”. 

 

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