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publicado dia 26 de janeiro de 2022

Mudanças climáticas podem comprometer o futuro de milhões de crianças

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Um relatório do Unicef intitulado Índice de Risco Climático das Crianças (IRCC) apontou que um bilhão de crianças em todo o mundo está extremamente exposta aos impactos da crise e das mudanças climáticas. De acordo com o estudo, essas alterações representam riscos à saúde, nutrição, educação, desenvolvimento, sobrevivência e, por extensão, ao futuro de crianças e adolescentes em todo o mundo.

Para Danilo Moura, que é Oficial de Avaliação e Monitoramento do Unicef, a crise climática é também uma crise dos direitos das crianças que acaba afetando, sobretudo, aquelas mais vulneráveis. Apesar de o relatório apontar para riscos mais altos e exposição para quem vive em alguns países africanos – como República Centro-Africana, no Chade, na Nigéria, na Guiné e na Guiné-Bissau – Danilo também chama a atenção para impactos na população brasileira. “No Brasil as populações que estão mais expostas aos riscos climáticos são indígenas, populações ribeirinhas, os mais pobres e as populações que vivem em favelas nos grandes centros urbanos”, diz.

“Crianças estão mais expostas aos riscos das mudanças climáticas porque são menos capazes de se adaptar por conta própria. Quando há algum desastre, o risco de vida da criança é maior. A possibilidade de morrer em uma enchente, por exemplo, é maior; já a capacidade de se adaptar a um impacto como a insegurança alimentar, causada por longos períodos de secas, é menor. Elas também ficam mais expostas à doenças que se tornam frequentes com as mudanças climáticas, em um novo clima, e acabam contraindo formas mais graves por terem sistemas imunológicos mais frágeis”.

Na comparação com os adultos – também por uma questão física, já que a massa corporal de uma criança é menor – elas precisam de mais comida e água por unidade de seu peso e também são mais suscetíveis a produtos químicos tóxicos. Por isso, o Unicef busca garantir que a crise climática seja reconhecida como uma crise para as crianças e seus direitos para promover abordagens que diminuam o risco climático. 

Os impactos dessas mudanças são os mais variados possíveis. Além da consequência do acúmulo de gases na atmosfera que tornam as crianças mais suscetíveis à doenças respiratórias, também há a questão de maior exposição à tragédias como enchentes e tufões, além de um problema que é pouco discutido, apesar de crucial, que é a dificuldade em infraestruturas essenciais.

“Existem problemas de infraestrutura, por exemplo, nas próprias escolas e elas não são capazes de lidar. Com o aumento da temperatura, a ventilação das escolas não funciona e é necessário ter refrigeração. As escolas públicas mal têm janela, então é um grande problema pensar em como educar em temperaturas tão altas e como a saúde vai se adaptar em um contexto de seca prolongada”.

Infraestrutura e insegurança alimentar

No Brasil, o especialista destaca que devemos ainda que considerar a insegurança alimentar para as famílias mais pobres. “Elas dependem de uma infraestrutura familiar para produzir e se sustentar” e completa: “a partir de situações em que as secas sejam mais comuns e os padrões de chuvas mudam, há um grande impacto na agricultura familiar e é esse sistema que garante a segurança alimentar quando falamos das populações mais vulneráveis”.

O especialista também destacou a situação de crianças indígenas que vivem na Amazônia, pois essas mudanças climáticas podem transformar partes da floresta em um bioma semelhante ao cerrado brasileiro. “Isso cria uma série de dificuldades na manutenção do estilo de vida desses povos tradicionais. Existem pressões no modo de vida e nas formas de desenvolvimento desses povos e na garantia dos direitos dessas crianças. Quanto mais o clima mudar, maiores vão ser essas pressões”, completa.

O fato é que as mudanças climáticas já estão acontecendo e muitos de seus efeitos são irreversíveis. Não vivemos em um país que tem o mesmo clima de anos atrás. Mas, é possível mitigar esses impactos e danos para que as consequências não sejam ainda maiores.  Para o especialista do Unicef, o principal e mais importante fator de mitigação é o cumprimento do Acordo de Paris, um tratado discutido por 195 países que tem como objetivo combater o aumento da temperatura terrestre provocada pelo aquecimento global.

“A ideia é reduzir a emissão de gases estufa e inclusive existe uma meta que o Unicef apoia, que é reduzir essa emissão em 50% até 2030. O objetivo é manter o aquecimento global bem abaixo de 2 ºC, idealmente em 1,5 ºC. Todo o esforço para diminuir essas emissões é crucial e é essencial fazer esse esforço e cobrar dos governos. Não existe mitigação que não signifique que os governos adotem políticas que garantam uma economia fora da economia do carbono e que privilegie o uso de energias renováveis. Os seis anos mais quentes que a gente já teve na história foram na última década, então o planeta já mudou e vai mudar ainda mais, mas precisamos conter o máximo que for possível”, finaliza.

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