publicado dia 1 de agosto de 2024
Manto tupinambá será recebido por cerimônia indígena antes de ser exibido ao público
Reportagem: Tory Helena
publicado dia 1 de agosto de 2024
Reportagem: Tory Helena
🗒️Resumo: De volta ao Brasil após 300 anos na Europa, manto tupinambá será acolhido por rezas e cantos indígenas antes de ser exibido no Museu Nacional do Rio de Janeiro (RJ). A cerimônia de apresentação está prevista para 31/08.
O povo indígena Tupinambá, em articulação com o Ministério dos Povos Indígenas, realizará uma cerimônia de recepção e celebração do manto tupinambá, patrimônio indígena sagrado que retornou ao Brasil após 300 anos de exílio na Europa.
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A vigília – com rezas, cantos e atividades de acolhimento conduzidas por lideranças espirituais indígenas – será realizada no Museu Nacional no Rio de Janeiro (RJ), nos jardins da Quinta da Boa Vista, durante três dias, no final de agosto. A cerimônia antecede a exibição do artefato sagrado para os indígenas para o público em geral, prevista para 31/08.
De acordo com informações do Ministério dos Povos Indígenas, os detalhes da cerimônia serão decididos em diálogo com representantes do povo Tupinambá na Bahia e contará com a participação do Ministério dos Povos Indígenas e do diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner.
“No dia 29 de agosto, uma quinta-feira, a primeira cerimônia de reza ao manto será realizada, porém fechada somente às lideranças espirituais Tupinambá e os pajés, que terão o dia todo para realizar as atividades de acolhimento, de proteção e de bênçãos ao manto. A cerimônia será feita na sala de exibição do manto, na Biblioteca Central, no Horto Botânico”, detalhou o Ministério.
“No dia 31 de agosto, sábado, às 10h, o Museu Nacional abre as portas ao público para a realização da cerimônia oficial de exibição do manto Tupinambá. A celebração será no prédio da Biblioteca Central, no Horto Botânico, e contará com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, representantes do povo Tupinambá, do governo do Brasil e da Dinamarca, e do Museu Nacional”, afirmou o Ministério dos Povos Indígenas.
Em julho, o anúncio do retorno do manto tupinambá ao Brasil e da sua exibição foi criticado por representantes Tupinambás, que cobraram maior diálogo e respeito às tradições indígenas.
“O manto retornou para nós, mas ainda não foi recepcionado pelo nosso povo de acordo com nossas tradições. Este manto de mais de trezentos anos é um ancião sagrado que carrega consigo a história e a cultura de nosso povo”, afirmou, em nota, o Conselho Indígena Tupinambá de Olivença (CITO).
Também conhecido como “Assojaba Tupinambá”, o manto é uma vestimenta sagrada para os povos indígenas Tupinambás, produzida com penas vermelhas e fibras vegetais. Datado do século 17, o manto retornou ao Brasil após três séculos de exílio em Copenhagen, na Dinamarca.
O manto tupinambá devolvido ao Brasil é um dos 11 remanescentes e um dos mais bem preservados do mundo.
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Não há registros de como o artefato saiu originalmente do país e foi levado até a Europa, onde estava pelo menos desde 1689. Ao longo da invasão europeia no Brasil, os mantos produzidos pelos Tupinambás marcaram o imaginário dos colonizadores.
“Os mantos assim como as plumas das diversas aves que habitavam o novo mundo, rapidamente se tornaram elementos muito desejados pelos colonizadores, que levaram diversas peças para o velho continente”, descreveu a pesquisadora Caroline da Costa no artigo “O retorno do manto tupinambá: diálogos para a construção de uma história da arte indígena”.
O retorno acontece após anos de negociações entre as autoridades dos países, que contaram também com o protagonismo de comunidades Tupinambás da Bahia e da artista visual e pesquisadora Célia Tupinambá.
“O retorno do manto, em primeiro lugar, serve para poder diminuir esse oceano de distância. Ele tem quase 400 anos, é um manto idoso (risos). E tem uma estrutura, mas essa força de vontade que ele demonstra de regressar para o seu povo tem que ser respeitada, é um ancestral regressado é assim que eu defino. Um ancestral há muito tempo silenciado. Nós chamamos isso de objeto agenciado”, explicou Célia em entrevista à revista Arte Brasileiros.
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