publicado dia 22 de setembro de 2025
Ariela Doctors: “Justiça Climática está relacionada à acessibilidade da alimentação adequada”
Reportagem: Da Redação
publicado dia 22 de setembro de 2025
Reportagem: Da Redação
🗒️Resumo: Ariela Doctors, do Instituto Comida e Cultura, aborda as conexões entre Educação Alimentar e Justiça Climática no sexto episódio da série Territórios Educativos para Justiça Climática.
Promover uma alimentação adequada, saudável e conectada com o território dialoga diretamente com a ideia de Justiça Climática. É o que explica Ariela Doctors, coordenadora-geral e cofundadora do Instituto Comida e Cultura.
A conexão entre Educação Alimentar e Justiça Climática é tema do sexto episódio da série Territórios Educativos para Justiça Climática.
Leia Mais
“A Justiça Climática está relacionada à acessibilidade da alimentação adequada e saudável nos territórios”, afirma Ariela, que também integra o Conselho Consultivo do programa Educação e Território.
Disponível no YouTube, as entrevistas Territórios Educativos para a Justiça Climática iluminam temas fundamentais na convergência entre as agendas dos Territórios Educativos e da Justiça Climática. A iniciativa é uma produção do programa Educação e Território da Cidade Escola Aprendiz.
Co-fundadora e coordenadora-geral do Instituto Comida e Cultura. Formada em Comunicação Social e chef de cozinha, é gestora, escritora e educadora. É idealizadora e facilitadora do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Comida, Cultura e as Infâncias, na Pedagogia para Liberdade em parceria com a UniBF. Além de atuar como professora de Educação Alimentar para crianças, é autora do livro infantil “O que vai ter para comer”?, que amplia a consciência alimentar e ambiental de crianças e adolescentes.
Leia os principais trechos a seguir e assista à entrevista com Ariela Doctors:
Desde 2023, o Instituto Comida e Cultura desenvolve o programa Cozinhas e Infâncias, que é voltado para a formação em Educação Alimentar para educadores e profissionais da escola.
Atualmente, o programa realiza atividades em São Paulo (SP), Curitiba (PR) e também na Chapada dos Guimarães.
Além dos professores, a formação é dirigida também para nutricionistas e cozinheiras que atuam nas escolas.
Leia Mais
“Todos precisam entender a importância da Educação Alimentar estar inserida de forma transversal dentro dos currículos e Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) das escolas”, explica a coordenadora.
“Todos precisam entender a importância da Educação Alimentar estar inserida de forma transversal nas escolas”, diz Ariela Doctors
“Quando fazemos essa formação, procuramos trazer a história da formação da culinária brasileira, trazendo os múltiplos atores que foram responsáveis pela criação dessa nossa cultura alimentar”, completa Ariela Doctors.
A educadora e chef de cozinha também abordou a longa história da implementação da Educação Alimentar e Nutricional nas escolas.
Criado na década de 1940, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) repassa recursos para o fornecimento de merenda para os estudantes. Trata-se de um dos maiores programas de alimentação escolar do mundo e o único com atendimento universalizado.
Em 2018, a Lei 13.666 incluiu também o tema no currículo escolar. Na avaliação de Ariela Doctors, porém, a Educação Alimentar ainda enfrenta desafios para ser colocada em prática.
“Ninguém sabe exatamente onde ela deve entrar nas formações dentro das escolas”, afirma Ariela. Entre outros pontos, não há consenso se a temática deveria ser discutida em uma disciplina específica ou de forma transversal.
“Uma criança bem alimentada consegue adquirir bons hábitos alimentares desde a mais tenra idade”, afirma Ariela
“O fato é que, indiscutivelmente, a Educação Alimentar desde a primeira infância é muito importante. Porque uma criança bem alimentada consegue adquirir bons hábitos alimentares desde a mais tenra idade”, defende.
Alimentação e crise climática
A entrevistada também abordou as conexões entre as mudanças climáticas e as escolhas alimentares, individuais e coletivas. Escolher comprar de pequenos produtores mais próximos, por exemplo, diminui as distâncias e utiliza menos combustível fóssil no transporte dos alimentos. “Essa é uma maneira de cooperar com a não-emissão de gases do efeito estufa”, exemplifica Ariela.
Leia Mais
A especialista alerta, porém, para a individualização dessa questão. “Não é apenas escolhendo o que vamos comer que vamos sair dessa situação. Precisamos exigir dos nossos governos políticas públicas que nos ajudem a combater esse tipo de alimentação que favorece as mudanças climáticas”, defende.
O alimento como fio condutor da Educação
Ariela Doctors apoia também que a alimentação seja fio condutor da Educação, desde a primeira infância.
“Quando o alimento é fio condutor da Educação, a criança consegue ter uma visão sistêmica”, defende Ariela Doctors
“Quando se usa o alimento como fio condutor da Educação, você permite que a criança tenha a visibilidade de todos os processos e de como as disciplinas e temas estão interconectados e são sistêmicos. Ela consegue ter essa visão ao ter uma Educação Alimentar e Nutricional”, diz.
“Defendo que essa Educação ocorra em todas as escolas de forma perene, desde a primeira infância, e que ela vá acompanhando o currículo. Ela não precisa começar e simplesmente parar, ela pode acompanhar a criança até o Ensino Médio, porque isso dá autonomia”, explica.