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publicado dia 26 de abril de 2024

Projeto articula saberes para fortalecer alimentação saudável na infância 

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🗒️Resumo: Iniciativa do Instituto Comida & Cultura, projeto Cozinhas e Infâncias aposta na formação de profissionais da Educação Infantil para promover uma alimentação mais saudável para as crianças. 

Qual o lugar da alimentação saudável na Educação Infantil? Além de ser um direito fundamental, conhecer os alimentos que estão no prato – suas origens e as formas como são produzidos, processados, transportados, vendidos e preparados – é essencial para o desenvolvimento integral das crianças.   

Com isso em mente, o projeto Cozinhas e Infâncias do Instituto Comida & Cultura quer aproximar e convidar educadores, profissionais da Educação e comunidade a refletir sobre a alimentação saudável, cultura e meio ambiente. 

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“Quando conhecemos os alimentos e compreendemos o processo de produção daquilo que comemos, temos mais autonomia para fazer melhores escolhas”, explica Ariela Doctors, co-fundadora do Instituto Comida & Cultura ao lado da cozinheira Bela Gil. 

Presente em escolas públicas de São Paulo (SP) e da Chapada dos Guimarães (MT), o projeto leva formação para professoras, cozinheiras e toda a comunidade escolar sobre o tema. A expectativa é que esse conhecimento seja replicado para as crianças da Educação Infantil, tudo a partir do olhar pedagógico para os alimentos desenvolvido durante a experiência formativa. 

“Para fazer isso usamos a criança como sujeito, o alimento como objeto e o Brasil como espaço”, conta Ariela, que também faz parte do Conselho Consultivo do programa Educação e Território

Além disso, a iniciativa parte da premissa de que a alimentação saudável pode ser uma ferramenta no combate a desafios como má nutrição, obesidade infantil, crise climática e racismo. 

Educação alimentar

Projeto Cozinhas e Infância articula saberes para fortalecer alimentação saudável para as crianças.
Iniciativa do Instituto Comida & Cultura, projeto Cozinhas e Infâncias disponibiliza reflexões teóricas e aulas práticas sobre o tema para suprir a lacuna na formação dos educadores sobre o tema.

Embora a educação alimentar e nutricional esteja prevista em lei, há muitos desafios para sua implementação no chão da escola. A pouca familiaridade dos educadores com o tema é um deles.

Para suprir a lacuna existente na formação, o projeto Cozinhas e Infância disponibiliza aulas práticas e reflexões teóricas sobre o tema para professores, nutricionistas, gestores escolares, cozinheiras e outros servidores da rede municipal de São Paulo (SP). Na capital paulista, o projeto é desenvolvido desde 2022 em parceria com a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e a prefeitura. 

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Partindo de cinco escolas e alcançando 100 educadores no primeiro ano do projeto, o curso foi ampliado para toda a rede pública de Educação Infantil da capital paulista a partir de 2023. 

A formação reforça o papel das escolas públicas como espaços de promoção e garantia do direito à alimentação saudável e adequada, aprendizado e bem-estar de bebês, crianças, jovens e adultos. Por isso, a ideia de reconexão com o alimento implica no envolvimento de toda a comunidade escolar, dentro e fora dos muros da escola.

Educação alimentar: perspectivas inclusivas e decoloniais 

Para incluir de vez a alimentação adequada e saudável no currículo, foi preciso que o Instituto Comida e Cultura integrasse estratégias pedagógicas.  A premissa dessas estratégias, segundo Ariela, é a perspectiva inclusiva e decolonial da história da alimentação humana e da cultura culinária brasileira. 

Assim, o processo pedagógico está fundamentado na valorização da diversidade de povos, territórios, biomas e culturas brasileiras, lançando mão das referências do Programa Nacional de Alimentação Escolar na indução da Educação Alimentar (PNAE), principal política pública de alimentação nas escolas do país. 

A inclusão do tema da alimentação na escola já está previsto pela Lei 11.947/09, que regulamenta o PNAE. Além disso, é reforçada na Lei 10.639/03, de ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígenas, e na Lei 13.666/18, que determina que a Educação Alimentar e Nutricional faça parte dos currículos.

“É importante dizer que Cozinhas e Infâncias tem como referência o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde. Ele preconiza que não devemos pensar no alimento apenas pelo viés nutricional, mas sim pelo grau de processamento”, explica Ariela. 

Ou seja, quanto menos processado, melhor para a  saúde e para o meio ambiente. No curso, as educadoras aprendem, por exemplo, a decifrar os rótulos de industrializados e a classificar os alimentos. 

“Mas uma das coisas mais importantes é reaproximar essas formadoras do hábito de cozinhar, que passa por acesso a conhecimento, mas passa também por acesso ao tempo”, completa a especialista.  

Alimentação, infância e sociobiodiversidade 

Comida e Infâncias: Projeto articula saberes para fortalecer alimentação saudável na infância
Além de vivências e aulas semanais, educadores também entram em contato com a História da alimentação e da culinária no Brasil.

Outra localidade alcançada pelo Cozinhas e Infâncias é a Chapada dos Guimarães (MT), cidade turística cujo principal bioma é o Cerrado. Além da secretaria municipal de Educação, o Ministério Público de Mato Grosso também foi parceiro da iniciativa. 

Com abordagem centrada na sociobiodiversidade, o projeto aconteceu no primeiro semestre de 2023, alcançando a formação de 40 educadores e beneficiando até mil crianças na região. 

Distribuído em sete módulos, o curso é ministrado em aulas semanais, em paralelo à realização de diálogos online entre facilitadoras, educadores e convidados.​ Ao longo da formação, os educadores também entram em contato com a História da Alimentação e da culinária brasileira. 

As práticas realizadas nas escolas são sistematizadas na ferramenta digital Padlet, permitindo o compartilhamento entre os cursistas de um mural virtual dinâmico e interativo, no qual são registradas as experiências dos educadores no curso e fora dele. 

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Uma das educadoras impactadas foi a professora de História e coordenadora pedagógica Gislaine Nascimento Silva. Ela conta que a relação da comunidade com a cultura alimentar regional ainda é muito forte. Um exemplo são as festas dos santos, sempre ligadas a alimentos específicos, como o milho e a mandioca. 

“Aqui é comum a gente se juntar para fazer pamonha ou ver alguém parar na estrada para pegar milho ou o cascudo, que é o pequi, no pé. Mas, a partir do curso, comecei a notar que essas vivências estão se perdendo nas infâncias de hoje. É necessário, de fato, um resgate”, reflete a educadora, que também observa ganhos para as crianças no campo da coordenação motora, autoconhecimento e experimentações. 

No caso de Gislaine, após a formação a educadora notou maior estímulo dos demais profissionais da escola em passar mais tempo com as crianças nas áreas verdes, além do desenvolvimento de projetos capazes de ajudar os pequenos a entender a origem da comida. Um dos professores, por exemplo, passou a plantar mandioca e convidar as crianças para a colheita, aproveitando o alimento em diferentes receitas. 

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