publicado dia 25 de fevereiro de 2025
Publicado dia 25 de fevereiro de 2025
Justiça Climática
Justiça Climática é um conceito que associa o combate aos efeitos da crise climática ao reconhecimento das populações vulnerabilizadas (como a negra, a indígena e a periférica) como as mais afetadas e que, portanto, precisam ter seus direitos garantidos.
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Defendida por movimentos socioambientais, a Justiça Climática está baseada nos efeitos dos eventos climáticos extremos que atingem segmentos da sociedade de maneira desigual. Diante disso, o conceito propõe uma divisão mais justa dos investimentos e responsabilidades na mitigação dos impactos da crise climática.

Justiça Climática propõe uma divisão mais justa dos investimentos e responsabilidades na crise do clima
Consequência da crise climática, os fenômenos climáticos extremos estão cada vez mais intensos e frequentes e os danos, assim como a maioria das responsabilidades, estão concentrados em poucos países, empresas e pessoas. É o que apresentam os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
No Brasil, por exemplo, as populações negras, periféricas e de comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas, caiçaras e ribeirinhos, além de crianças e adolescentes, são os grupos mais atingidos por problemas como deslizamentos, enchentes, inundações, queimadas e ondas de calor.
IPCC
Sigla para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, é a organização científico-política internacional responsável por relatar avaliações científicas regulares sobre a mudança do clima, suas implicações e possíveis riscos futuros, além de propor opções de adaptação e mitigação. Atualmente, o IPCC possui 195 países membros, entre eles o Brasil.
“A gente enfrenta aqui no Brasil, especificamente, desafios ambientais que estão diretamente ligados às desigualdades que são sociais e raciais”, aponta a ativista climática Mahryan Sampaio, embaixadora da Juventude da ONU e presidente do Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (FunBEA).
O conceito de Justiça Climática apareceu pela primeira vez na publicação intitulada “GreenHouse Gangsters vs Climate Justice”, de 1999. O documento denunciava 122 empresas de petróleo responsáveis por 80% do dióxido de carbono emitidos na atmosfera até então. Hoje, o termo é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Além disso, foi adotado por movimentos de juventude e ativistas como a sueca Greta Thunberg.
Justiça climática e racismo ambiental

No Brasil, ambientalistas e movimentos sociais e antirracistas defendem a ideia de que não há espaço para Justiça Climática onde exista racismo ambiental.
“A Justiça Climática é o antônimo de Racismo Ambiental”, destaca a ativista Mahryan Sampaio
“Justiça Climática, para mim, é o antônimo de racismo ambiental. A justiça climática é uma necessidade no mundo de hoje, porque todos seremos afetado pelas mudanças climáticas, isso é um fato, mas o que vai determinar quando você será atingido e em qual escala serão os marcadores sociais e os componentes territoriais”, explica Mahryan Sampaio.
No mundo, 70% das emissões de gases de efeito estufa vêm de apenas 10 países, incluindo o Brasil, impactando os demais.
O desmatamento, a agropecuária e a queima de combustíveis fósseis derivados do petróleo e do carvão mineral para geração de energia, atividades industriais e de transporte estão entre as principais atividades causadoras do aquecimento global. Nenhuma delas é provocada pelos grupos mais atingidos pelos efeitos.
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- Glossário | Refugiado climático
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- Glossário | Racismo Ambiental
“Os grupos mais vulneráveis são os menos responsáveis pelas mudanças climáticas, ou seja, os que menos contribuem para o aquecimento global, mas são os que mais pagam a conta. A justiça Climática vem para pensar em formas de reparação, em formas de financiamento, em formas de garantir que as pessoas mais vulnerabilizadas por esse cenário sejam finalmente protegidas e tenham a sua dignidade dentro do nosso sistema social de mundo”, afirma Mahryan.
Saiba Mais
Justiça climática e eventos climáticos extremos: o caso das enchentes no Brasil – IPEA
Justiça Climática – ClimaInfo
Glossário – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
Princípios da Justiça Climática – Mary Robinson Foundation – Climate Justice