Perfil no Facebook Perfil no Instagram Perfil no Youtube

publicado dia 16 de outubro de 2025

Sara Emanuelly: “Participação das juventudes na questão climática é marcada por coragem, criatividade e urgência” 

Reportagem:

🗒️Resumo: Integrante da Engajamundo, Sara Emanuelly aborda a mobilização e participação das juventudes frente à Crise Climática. A entrevista com a ativista climática é parte da série multimídia Territórios Educativos para Justiça Climática. 

No Brasil, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), 40 milhões de crianças estão expostas aos impactos da crise no clima.

Além disso, em todo o mundo, 1 bilhão de crianças, metade da população infantil mundial, vive em países classificados como de risco extremamente alto. Há também uma estimativa de que até 2030, as mudanças climáticas poderão causar 95 mil mortes de menores de cinco anos a cada ano.

Leia Mais

Apesar do cenário desafiador, as vozes de crianças, adolescentes e jovens raramente são consideradas nas discussões climáticas, tampouco nas tomadas de decisão que afetarão o futuro do planeta. 

Em entrevista à série Territórios Educativos para Justiça Climática, a ativista climática Sara Emanuelly explora o adultocentrismo que ainda marca os debates sobre o clima, presente também em espaços como a COP30. O megaevento diplomático está programado para acontecer em novembro em Belém (PA). 

Disponível no YouTube, as entrevistas Territórios Educativos para a Justiça Climática iluminam temas fundamentais na convergência entre as agendas dos Territórios Educativos e da Justiça Climática. A iniciativa é uma produção do programa Educação e Território da Cidade Escola Aprendiz. 

Conheça a entrevistada | Sara Emanuelly

A ativista ambiental Sara Emanuelly
A ativista socioambiental e climática Sara Emanuelly

Sara Emanuelly é mulher preta, maranhense, de origem quilombola, liderança jovem, amazônida e periférica, residente em São Luís (MA). Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), é pesquisadora e ativista socioambiental e climática. Atualmente, é coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Mudanças Climáticas (GT Clima) e da Delegação para a COP30 do Engajamundo, além de integrar o time da Matricial Jurídica e Organismos Internacionais do Instituto Alana.

Assista à entrevista na íntegra e leia abaixo os principais trechos:

Adultocentrismo ainda marca discussão climática

Ao longo da conversa, a ativista, que atua na organização da sociedade civil Engajamundo, destaca a potência dos movimentos juvenis frente à Crise Climática. 

“A participação das juventudes brasileiras, especificamente na temática ambiental, tem sido marcada por muita coragem, criatividade e um senso profundo de urgência”, analisa, destacando que crianças, adolescentes e jovens trazem propostas concretas e um olhar crítico para a questão focalizado nos territórios. 

“A participação das juventudes brasileiras tem sido marcada por muita coragem, criatividade e um profundo senso de urgência”, afirma
Sara Emanuelly

“Acredito que isso não é por acaso: cotidianamente, observamos que as consequências são mais perversas nos nossos territórios, e, especificamente, nesses contextos marcados por desigualdade social, pelo Racismo Ambiental e pelo abandono histórico de políticas públicas”, explica Sara. 

Na análise de Sara Emanuelly, existe um “adultocentrismo estrutural” que permeia as discussões climáticas e subestima a capacidade política, técnica e propositiva da juventude. A expressão se refere ao centralismo dado em nossa sociedade às pessoas adultas, excluindo a perspectiva de crianças, adolescentes e jovens. 

“A participação juvenil, muitas das vezes, é tolerada, vista apenas como uma questão simbólica e descolada, de fato, dos espaços reais de tomada de decisão”, critica. 

Exclusão juvenil está na contramão de compromissos legais 

Para a ativista, a exclusão é grave e fere compromissos legais assumidos pelo Brasil. Entre eles, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)  e a Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU. Os documentos garantem expressamente o direito à escuta de crianças e adolescentes. 

Leia Mais

“E isso inclui, sem dúvida, as decisões que referem-se à crise climática”, analisa. A ativista também ressalta que a crise no clima ameaça diretamente direitos previstos pela Constituição Federal. 

COP30 e juventudes 

Sara Emanuelly detalha também algumas estratégias da sociedade civil visando a participação na COP30. 

“O Engajamundo tem feito essa articulação transversal com as juventudes brasileiras, internacionais e locais, que estão ali em Belém. Temos construído estratégias e estamos atuando em três frentes que já fazem parte do escopo do Engajamundo: ativismo de alto impacto, comunicação e advocacy. Nosso objetivo, a partir da COP30, é conseguir fazer uma mobilização territorial”, afirma. 

“Nosso objetivo, a partir da COP30, é conseguir fazer uma mobilização territorial”, explica
Sara Emanuelly

Além da articulação nos espaços oficiais, Sara destaca a participação em outros eventos que ocorrerão no território. 

“A articulação não se resume, por exemplo, à Blue Zone, que são os espaços em que acontecem as negociações oficiais”, afirma.

Sara explica que a atuação deve se ampliar também para os espaços acessados pela sociedade civil. “E que consigamos integrar a população local e levantar esse alerta, esse despertar para a crise climática, trazendo essa conscientização”, resume. 

Bruno Souza: “População negra vive mais as vulnerabilidades das mudanças no clima”

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.