publicado dia 15 de julho de 2025
Quem é Ana Maria Gonçalves, primeira mulher negra eleita para a ABL
Reportagem: Redação
publicado dia 15 de julho de 2025
Reportagem: Redação
🗒️Resumo: Ana Maria Gonçalves é a primeira mulher negra a integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL). Autora do clássico “Um defeito de cor”, a escritora mineira foi eleita em 10 de julho.
A escritora Ana Maria Gonçalves entrou para a história ao se tornar a primeira mulher negra eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL), que possui 128 anos de existência. Autora do consagrado livro “Um defeito de cor”, ela foi escolhida para ocupar a cadeira nº 33, que ficou vaga em maio, após a morte do gramático Evanildo Bechara.
O pleito que elegeu Ana Maria Gonçalves ocorreu no dia 10 de julho e a escritora foi eleita quase por unanimidade, com 30 dos 31 votos possíveis. Com 54 anos de idade, Ana também é a imortal mais jovem a chegar à academia.
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“Minha eleição representa a entrada de muitas outras pessoas que, como eu, não se viam nesse lugar. É um gesto simbólico, mas também transformador”, afirma a nova imortal da ABL, em publicação da academia no Instagram. “Entrar para a ABL é um acalanto na menininha leitora que eu fui e que ouviu que, na biblioteca pública do interior de Minas Gerais, já não havia mais livros para ela ler.”
Nascida na cidade de Ibiaí, no interior de Minas Gerais, Ana Maria ganhou o Brasil e o mundo, construindo uma carreira sólida na literatura. A escritora morou por 8 anos nos Estados Unidos, onde foi escritora residente na Universidade de Tulane em 2007, na Universidade de Stanford em 2008 e no Middlebury College em 2009.
A escritora também foi agraciada com diversos prêmios e condecorações. A mais recente ocorreu em março de 2025, quando a Assembleia legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) a homenageou com a Medalha Tiradentes, considerada a maior honraria da casa, por sua contribuição na literatura brasileira e na valorização da cultura negra.
“Um defeito de cor”
Sua primeira obra, uma ficção autobiográfica “Ao lado e à margem do que sentes por mim”, foi lançada em 2002. Já o segundo livro, o romance “Um defeito de cor”, que levou 5 anos para ser escrito, é fruto de anos de uma rigorosa pesquisa.
Com 951 páginas, a obra conta a história de Kehinde, uma das lideranças da Revolta dos Malês, ocorrida em 1835 em Salvador (BA). Mais do que uma história de uma mulher africana que atravessa o século 19 em busca de reencontrar o filho, o livro aborda temas como escravidão e racismo com a profundidade necessária e se tornou um marco na literatura brasileira, chegando a ser considerado pela critica o livro mais importante do século XXI.
No Carnaval de 2024, a obra inspirou o enredo da escola de samba Portela, do Rio de Janeiro, no qual o enredo refez os caminhos imaginados por Luísa Mahin, na perspectiva de seu filho, o advogado abolicionista Luís Gama. Após o desfile da agremiação, o livro se tornou um dos mais buscados na internet, alcançando 180 mil exemplares vendidos.
Nos últimos três anos, “Um defeito de cor” também ganhou uma exposição de arte com nome homônimo e que propôs uma reflexão sobre o Brasil no período colonial, com produções de artistas contemporâneos negros das Américas e da África. A mostra passou pelo pelo Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), em Salvador (BA); pelo Museu de Arte do Rio (MAR), no Rio de Janeiro (RJ), e pelo Sesc Pinheiros, em São Paulo (SP).