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publicado dia 9 de agosto de 2024

Povos Indígenas: 5 filmes para descolonizar o imaginário 

Reportagem:

🗒️Resumo: No Dia Internacional dos Povos Indígenas (09/08), confira uma lista de documentários e filmes clássicos e contemporâneos que ajudam a ampliar o olhar e descolonizar o imaginário acerca dos modos de vida dessa população. A lista conta com sugestões de Sileusa Monteiro, educadora do povo indígena Dessana. 

Criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1994, o Dia Internacional dos Povos Indígenas (09/08) propõe o reconhecimento das tradições dos povos originários e a conscientização acerca da importância da garantia de direitos para incluir e respeitar seus modos de vida. 

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No Brasil, os povos indígenas somam 1.693.535 pessoas, divididas em ao menos 305 povos  falantes de 274 línguas, de acordo com dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério dos Povos Indígenas. Mais da metade (51%) da população indígena está concentrada na Amazônia Legal e tem sua trajetória marcada por desafios históricos, violências e resistências. 

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Para a professora Sileusa Monteiro, mestranda em Antropologia Social na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a Educação tem o papel de conscientizar os brasileiros acerca da realidade dos povos indígenas, além de combater estereótipos negativos acerca de suas existências.

“É importante dizer que o ensino sobre povos indígenas, em pleno século XXI não  pode mais essencializar o indígena por meio de estereótipos ou da imagem de um  indígena nu  e usando cocar.  Somos pertencentes a diversos povos, estamos em vários  espaço de decisões e de política mesmo que seja em pequena escala, lutando e defendendo  nossos direitos. O ensino sobre povos indígenas precisa ser atualizado e mostrar a verdadeira face, a trajetória de luta pela pela resistência desde o tempos coloniais e até o contemporâneo”, aponta a educadora, que faz parte do povo Dessana, uma das principais etnias indígenas do Alto Rio Negro, no Amazonas.

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Uma das ferramentas para promover a Educação sobre os povos indígenas são as produções audiovisuais. De acordo com a professora, filmes e documentários podem corroborar com a descolonização do conhecimento, mostrando a diversidade dos modos de vida, práticas e discursos sobre o contexto em que os indígenas estão inseridos.

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“Descolonizar o olhar evolucionista em cima de povos indígenas é muito importante para que de fato a diversidade de povos seja respeitada em todos os espaços ”, defende Sileusa. 

Confira, a seguir, uma lista com cinco filmes e documentários, que conta com indicações da professora Sileusa Monteiro, para aprofundar os conhecimentos sobre povos indígenas.

1) Documentário | Inspetoria Especial de Fronteiras, de Luiz Thomaz Reis e Charlotte Ronsembaum (1938) 

Em 1938, na região Amazônica, Luiz Thomaz Reis e Charlotte Ronsembaum refizeram o trajeto da expedição de fronteiras no Alto Rio Negro com o novo inspetor de fronteiras, o coronel Manoel Alexandrino Ferreira da Cunha. O grupo visitou localidades onde ocorriam as missões salesianas que consistiam no trabalho de colonização feito pelos católicos com os povos indígenas.

Nas imagens, os indígenas Tuyúka, do Alto Rio Tiquié, aparecem em seus rituais. Em meio a instalações salesianas havia um quartel, uma igreja, salas de costura e hortas, com plantações de arroz e mandioca. O grupo também visitou dezenas de povoações indígenas no Rio Papuri, fronteira com a Colômbia. 

Indicado pela professora Sileusa Monteiro, embora o filme não tenha áudio, é uma maneira de compreender como era feito o serviço de inspeção estatal e ao mesmo tempo a colonização dos povos indígenas na região do Rio Negro. “É um filme antigo, mas é preciso lembrar do passado para refletir o presente”, aponta a educadora. 

Com 35 minutos de duração, o documentário “Inspetoria Especial de Fronteiras” está disponível no YouTube:

2) Filme | O Abraço da Serpente, de Ciro Guerra (2015)  

Indicado ao Oscar 2016 na categoria Melhor Filme Estrangeiro, o filme produzido na Colômbia e lançado em 2015 percorre a história do xamã Karamakate,  último sobrevivente de seu povo e que vive em isolamento voluntário na Amazônia. Na ficção, o líder indígena vê sua vida solitária passar por uma reviravolta quando Evan, um estrangeiro em busca de uma poderosa planta, chamada Yakruna, aparece em seu esconderijo. 

Na busca pela planta capaz de ensinar a sonhar, o xamã decide acompanhar o estrangeiro e os dois embarcam em uma aventura onde o passado, presente e futuro se fundem e as lembranças que vêm a tona causam dor a Karamakate até que ele transmita seu conhecimento ancestral.

O filme de 125 minutos de duração está disponível nas plataformas de streaming Prime Video e Apple TV+. O trailer pode ser conferido no YouTube:

3) Documentário | Saberes da roça – Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, National Geographic (2022) 

O documentário lançado em 2022 pelo National Geographic faz parte de uma série de curta-metragens acerca do patrimônio cultural brasileiro mantido pelos povos indígenas na bacia do Rio Negro, na Amazônia, e tombado pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A produção audiovisual aborda o conjunto de saberes e práticas ancestrais de 23 povos indígenas que vivem no noroeste amazônico em harmonia com a floresta. 

Para a professora Sileusa Monteiro, o curta-metragem é ideal para abordar a temática da sustentabilidade valorizando o conhecimento de mulheres indígenas.

O filme tem 9:40 de duração e está disponível no YouTube:

4) Documentário | Corumbiara, de Vincent Carelli (2009) 

A luta pela demarcação de terras dos povos indígenas de Corumbiara, em Rondônia, é retratada no documentário de 2009 dirigido por Vincent Carelli. O filme resgata as evidências restantes de um massacre de indígenas isolados ocorrido na região e denunciado pelo indigenista Marcelo Santos em 1985.

Na época, o  território chegou a ser leiloado pela Ditadura Militar. Os depoimentos colhidos e as imagens dão conta da dimensão da violenta tentativa de apagar a existência desses povos originários, que continuam a enfrentar injustiças para manter sua cultura e modo de vida. 

5) Documentário | As Hiper Mulheres, de Leonardo Sette, Takumã Kuikuro e  Carlos Fausto (2011) 

Com o protagonismo das mulheres indígenas do território Kuikuro, no Xingu, no Mato Grosso, o documentário revela o papel feminino central na organização social e na realização de rituais e festividades no território. O fio condutor do documentário é o Jamunikumalu, maior ritual de canto das mulheres kuikuro, onde a figura de “indía velha” canta pela última vez antes da morte. 

Dirigido por  Takumã Kuikuro, Carlos Fausto e Leonardo Sette, o filme revela o cotidiano da aldeia indígena, a música sagrada e as especificidades das relações de gênero. Com 80 minutos de duração, o documentário está disponível no YouTube:

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