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publicado dia 2 de setembro de 2024

Jovens ativistas ambientais discutem crise climática e ecoansiedade 

Reportagem:

Resumo: As jovens ativistas ambientais Txai Suruí, Jahzara Ona e Giovanna Corrêa protagonizaram debate sobre crise climática e juventudes no 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, organizado pelo Jeduca em São Paulo (SP) no dia 02/09. 

“Quando se vive os impactos ambientais cotidianamente, é difícil entender que aquilo não é comum”, conta a ativista climática Jahzara Ona, de 19 anos. A estudante nasceu e cresceu no Jardim Pantanal, na periferia da Zona Leste de São Paulo (SP), local frequentemente atingido por enchentes e alagamentos do rio Tietê. 

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Ao lado da ativista indígena do povo Paiter Suruí, Txai Suruí, e da estudante gaúcha Giovanna Corrêa, a jovem protagonizou uma mesa de debates sobre juventudes e crise climática no 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, promovido pelo Jeduca em São Paulo (SP) em 02/09. A discussão foi mediada pelas jornalistas Renata Cafardo, repórter especial do jornal O Estado de S.Paulo, e Tatiana Klix, diretora do Instituto Porvir.

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Apesar da juventude, Jahzara é veterana no ativismo socioambiental: além de realizar ações em seu território e em escolas públicas desde a adolescência, participa do movimento Fridays for Future iniciado por Greta Thumberg e esteve presente na COP 27, rodada de discussões sobre as mudanças climáticas realizada no Egito, em 2023. 

“O ativismo está na minha vida. Hoje entendo conceitos como racismo ambiental e que eu passei por isso”, diz ela, ressaltando que não é necessário viajar até os Estados Unidos – país onde o conceito se originou – para entendê-lo. “O racismo ambiental se encontra onde existem as pessoas mais vulneráveis à crise climática”, explica. 

Resistência indígena 

Jovens ativistas ambientais discutem crise climática e ecoansiedade
A indígena Txai Surui, a estudante Giovanna Corrêa e a paulistana Jahzara Ona durante o debate realizado no 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação. Fotos: Tiago Queiroz/Jeduca

Vestindo cocar e uma camiseta da brigada de incêndio indígena do seu território, localizado no estado de Rondônia, Txai Suruí chamou a atenção para um desastre ambiental que está cobrindo de Norte ao Sul do Brasil: a fumaça das queimadas e focos de incêndios. 

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“As pessoas não conseguem ligar as questões políticas com as queimadas e com a crise climática. Os incêndios são criminosos, articulados e têm propósito”, defende a jovem indígena de 26 anos, relacionando o crime ambiental às disputas por terras. 

Com 139 mil seguidores no Instagram, Txai é expoente de uma família e de um povo conectado ancestralmente com o ativismo ambiental na Amazônia. Durante sua fala, ela abordou a invisibilidade da questão indígena na grande mídia. 

“Comunidades indígenas estão sendo atacadas por fazendeiros e você não vê isso no jornal. Os Awá Guarani estão na mesma situação dos Guarani Kaiowá, vivendo um massacre. É assustador. Mas você não vê as pessoas falando disso. Eu sei porque sou indígena, mas quem está fora do mundo indígena não sabe. Por isso, precisamos fortalecer a questão da luta dos povos indígenas”, disse. 

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Ao responder uma pergunta sobre o processo eleitoral de 2024, que acontecerá no próximo mês de outubro, a ativista lembrou do papel do poder público local.

“As Câmaras Municipais e as Prefeituras têm um reflexo grande na nossa vida. Por isso, precisamos votar em mulheres, indígenas e em quem defende o clima e a floresta”, defende ela,que foi a única brasileira a discursar na COP26, em 2022. 

O impacto das enchentes no Rio Grande do Sul para os estudantes 

Estudante da Emeb Doutor Liberato Salzano Vieira da Cunha, escola localizada no bairro do Sarandi, em Porto Alegre (RS), Giovanna Corrêa, testemunhou os efeitos do evento climático extremo que atingiu as cidades gaúchas em maio e junho de 2024. 

“Minha escola foi atingida de forma drástica e está em reforma. Hoje, só temos aula presencial três vezes por semana”, conta Giovanna Corrêa 

Ela conta que a escola estava às vésperas de comemorar 70 anos de existência quando as águas bateram à porta.

“Começou a enchente e os professores começaram a tirar todas as coisas, porque avisaram que a água ia chegar no bairro Sarandi. Foi devastador, porque estávamos com um sentimento de comemoração, é uma escola que várias gerações da mesma família estudavam. Nossa festa foi por água abaixo”, lembra ela. 

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“Minha escola foi atingida de forma drástica e está em reforma. Hoje, só temos aula presencial três vezes por semana”, relata ela, explicando que as atividades ainda acontecem em espaços alternativos, como igreja ou clube. 

Ataques na Internet, ecoansiedade e resiliência 

As jovens ativistas também compartilharam sobre os ataques que sofrem, em especial em ambientes digitais. A ecoansiedade ou ansiedade climática- isto é, a ansiedade catalisada pela crise climática e potencializada durante eventos extremos – também é uma realidade para elas.

“Já fui ameaçada de morte e muito subestimada. Isso afeta a nossa saúde mental, mas podemos também usar isso como um gás”, defende Jahzara Ona 

“Já fui ameaçada de morte e muito subestimada. Isso afeta a nossa saúde mental, mas podemos também usar isso como um gás”, reflete Jahzara sobre o ambiente nocivo na Internet.

“É difícil, temos que montar um protocolo mesmo de segurança para nos cuidar. Tem cidade que a gente não vai em Rondônia, tem lugar que só podemos ir acompanhados. Há também cuidados digitais. As pessoas são muito racistas, preconceituosas e cruéis e na Internet ficam mais corajosas”, compartilha Txai sobre a realidade do ativismo indígena. 

Apesar dos imensos desafios, as jovens dizem que não há tempo para desesperança.“Nós, povos indígenas, estamos aqui e eu tenho esperança, apesar de tudo. Estou aqui hoje ao lado de ativistas jovens que fazem a diferença. Tenho esperança em quem luta do meu lado e que ainda há tempo de mudar. Não acredito no fim do mundo, estamos aqui segurando o céu”, defendeu Txai.

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