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publicado dia 11 de março de 2021

ConexãoAfro: rede de jovens no DF partilha experiências profissionais, vivências e afetos

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Um dos grandes desafios para as juventudes que vivem no Distrito Federal é o transporte público. Quem conta isso é Mel Colonna, de 17 anos: “O Distrito Federal é pequeno, mas cheio de regiões administrativas que não conversam entre si. Para a galera que mora em Ceilândia, Gama, Santa Maria [algumas das regiões administrativas distantes do centro de Brasília], é difícil o transporte público. Isso porque a cidade foi planejada para ser excludente*.”

*Em entrevista para a Agência Senado, a historiadora Ana Flávia Magalhães fala sobre o processo de segregação socioespacial a que foram submetidas as populações negras em Brasília, mesmo sendo fundamentais na construção da cidade.   

Essa negação do direito à cidade não só impede a locomoção em si, mas também a possibilidade de fruição de encontros para uma juventude predominantemente negra e diversa. “Existe uma dificuldade de pessoas negras terem algo mais palpável para se conectar. Têm as redes sociais, verdade, mas faltava um movimento que tornasse essa conexão mais real, onde nós nos sentimos acolhidos”, continua Mel.  

Foi a partir dessa escassez de espaços de conexão física e subjetiva que Mel e um grupo de jovens criou o projeto ConexãoAfro. A ideia desse grupo multidisciplinar, que se encontra agora à distância por conta da pandemia, é produzir conteúdo voltado para a juventude negra ao mesmo tempo formar uma base de afetos e conexões para os 80 jovens da rede. 

“É uma rede de carinho, afetos e pluralidades”, corrobora Mel. “Um lugar para nos conhecermos, compartilhar experiências e pluralidades, porque muitas vezes as pessoas têm a impressão de por sermos jovens negros, somos todos iguais. Na verdade cada um tem sua opinião e vivência, e o ConexãoAfro é este lugar de acolhimento e fortalecimento da democracia, que é o que todos estão precisando”

ConexãoAfro: Uma rede de afeto e amparo profissional

A comunicação audiovisual é o meio escolhido para contar histórias. No documentário E os Pretes? e na série de vídeos feitos para comemorar um ano de atuação do Conexão Afro, são compartilhadas histórias de jovens engajados, que trabalham a partir de diferentes perspectivas e territórios, projetando futuros em um tempo de desigualdades já históricas ainda mais acentuadas. 

Além do audiovisual, são outras seis áreas no projeto ConexãoAfro. Enquanto alguns cuidam da logística e redes sociais, um grupo é central na articulação do projeto: o de resolução de conflitos. A ideia é ter um espaço seguro para falar não só sobre o projeto em si, mas também de vivências pessoais. 

“Esse grupo de gestão de pessoas aparta possíveis conflitos, que vão se dar quando existe um grupo muito grande”, divide Mel. “Hoje nos comunicamos mais por Whatsapp e por videochamada, o que foi importante na quarentena, porque muitos jovens se sentiam sozinhos. Fizemos até um correio elegante, para fortalecer a autoestima desses jovens, e alguns relataram nunca ter recebido um elogio.

Se você tem desejo de participar do ConexãoAfro, fique atento às redes sociais do grupo. Ocasionalmente eles abrem chamadas para o ingresso de novos jovens. 

Um dos grupos se dedica a fomentar experiências profissionais para essa mesma juventude, envolvida em trabalhos de cultura, arte e tecnologia. Todos os projetos realizados pela ConexãoAfro são feitos pelos integrantes do grupo, para que eles ganhem experiência e mais possibilidades no mercado de trabalho. A rede ajuda a montar currículos e compartilhá-los.

Durante a pandemia, o grupo também criou uma rede de solidariedade para atender as famílias vulneráveis locais. Utilizando seu trabalho em rede e expertise em redes sociais, o Conexão Afro está em campanha de arrecadação de alimentos. 

“Sabemos que quem mais está morrendo na pandemia são as pessoas negras. O ConexãoAfro começou uma ação de auxílio alimentício, unindo restaurantes de pessoas negras para entregar marmitas para quem precisa de comida, fortalecendo mais as redes de afeto e empreendedorismo”, finaliza Mel. 

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