publicado dia 31 de março de 2025
Ação antirracista vai reflorestar Parelheiros com 10.639 árvores
Reportagem: Nataly Simões | Edição: Tory Helena
publicado dia 31 de março de 2025
Reportagem: Nataly Simões | Edição: Tory Helena
🗒️Resumo: Ao menos 10.639 árvores nativas da Mata Atlântica serão plantadas em Parelheiros, na extrema zona sul de São Paulo (SP), uma das regiões mais negras da capital. A ação faz parte da campanha “Contra o racismo, eu planto”, idealizada pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC).
Um terreno em Parelheiros, região rural do extremo sul de São Paulo (SP), será revitalizado com o plantio de 10.639 novas árvores nativas da Mata Atlântica. A ação, que conecta a questão racial à ambiental, é proposta pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC).
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“Vamos reflorestar todo o terreno com Mata Atlântica nativa”, detalha Bruno Souza, ativista educacional do IBEAC, organização social atua na promoção de Direitos Humanos, Cidadania e Cultura no território.
Reflorestamento em Parelheiros conecta questão racial com ambiental
Além de ativamente reflorestar o território, a campanha “Contra o racismo, eu planto” chama atenção para a distribuição desigual de áreas verdes na capital, com os bairros mais ricos registrando mais árvores do que as periferias, que são habitadas por uma maioria negra.
“Chamamos o plantio de antirracista porque Parelheiros têm hoje a terceira maior população negra de São Paulo. É uma forma de chamarmos a atenção da cidade para os processos de transformação, que não podem ser pensados sem passar pelas questões raciais”, reforça Bruno, que é parte do Conselho Consultivo do programa Educação e Território.
A ação acontecerá ainda em 2025, em terreno próximo ao Parque Nascentes do Ribeirão Colônia, doado por meio de um termo de compensação ambiental. Trata-se de um local protegido ambientalmente, mas cuja vegetação atual não é nativa.
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“Nesse terreno há pinus invasores, que não são nativos do nosso território brasileiro, de Mata Atlântica”, descreve o educador, referindo-se a uma espécie de pinheiro que já começou a ser retirada do terreno.
“As pessoas começam a ver a paisagem mudar e acham que se trata de desmatamento. Explicamos que se trata de um tipo de vegetação não nativa, que agride o solo e que vamos fazer o contrário: retirá-la e plantar árvores que vão fortalecer a qualidade de vida”, relata Souza.
O número de árvores que serão plantadas faz alusão à Lei 10.639, que instituiu a obrigatoriedade do ensino da História e da Cultura Africana e Afro-Brasileira em todas as escolas.
Plantio de 10.639 árvores faz alusão à lei de ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas
Apesar da importância, a aplicação da legislação ainda não é cumprida em 71% dos municípios brasileiros, revelou levantamento de 2023 do Instituto Alana em parceria com o Geledés – Instituto da Mulher Negra.
Para além do simbolismo, a iniciativa deve melhorar a qualidade de vida dos moradores de Parelheiros. A arborização é uma estratégia para problemas como ondas de calor e alagamentos, cada vez mais comuns em grandes centros urbanos com o avanço da crise climática.
Abrigando a terceira maior proporção de população negra da capital paulista, Parelheiros convive com desafios históricos, com acesso insuficiente à direitos como Educação, Saúde e Mobilidade. De acordo com o Mapa da Desigualdade, elaborado pela Rede Nossa São Paulo, 56% dos moradores da região se autodeclaram negros (pretos ou pardos).
“A comunidade tem sido bem receptiva e questionadora, o que também é um indicador de democracia. Se a comunidade tem espaço para conversar e perguntar, significa que tem caminhos que a fazem chegar até nós”, complementa Bruno.
Presente no território desde 1981, o IBEAC fortaleceu o diálogo com escolas e diretamente com a comunidade para visibilizar a ação de arborização em Parelheiros. A previsão é concluir o plantio até 31 de agosto.
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Para apoiar a iniciativa, é possível se cadastrar como voluntário ou realizar doações por meio do site da campanha “Contra o racismo, eu planto”.
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