O que a cidade tem?
Publicado dia 25 de novembro de 2016
Publicado dia 25 de novembro de 2016
Um dos princípios da educação integral é a necessária articulação com o território, explorando todo seu potencial educativo. A escola não é uma ilha, pois está inserida em um espaço e uma cidade que tem determinadas condições políticas, sociais, históricas e aparelhos públicos e privados que, se articulados em rede, podem proporcionar oportunidades educativas essenciais para as criança e jovens.
Partindo dessas premissas, a Secretaria Municipal de Educação de Ipatinga pediu às escolas da rede municipal e aos seus estudantes que buscassem no território onde se encontravam as oportunidades educativas disponíveis, para que se estabelecesse a rede.
O primeiro passo foi elaborar um documento chamado “Programa: o que a cidade tem?”, que elencava todas as ações que envolvem a educação integral no município. A Secretaria convocou reuniões com gestores escolares e educadores comunitários para apresentar a ideia.
No encontro foram entregue quatro formulários, o primeiro era destinado ao preenchimento junto à família, o segundo, buscava identificar espaços. O terceiro identificava colaboradores e, o último buscava consolidar os dados obtidos a partir do mapeamento.
Na fase seguinte, os estudantes, de pranchetas na mão, foram caminhar pelo território em um raio de 1 quilometro da escola, a fim de identificar locais e possíveis parceiros.
Além das caminhadas e do preenchimento, nas aulas os alunos também foram estimulados a refletir sobre o território. Os professores realizaram atividades com os estudantes, pedindo para que eles descrevessem e desenhassem o percurso que realizam da casa até a escola, destacando os detalhes e a presença de hospitais, lojas, prédios e casas.
Os resultados do mapeamento foram organizados em relatórios posteriormente analisados pela prefeitura. Ao final desse processo, entre janeiro e fevereiro, foram estabelecidos convênios com 22 parceiros que geraram 1.849 oportunidades educativas para estudantes da educação infantil até a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
O corpo discente começou a ter acesso a atividades como judô, natação, capoeira, danças urbanas, ballet, futebol, jiujutsu, teatro, música (flauta doce, violão, violino, guitarra, bateria e teclado).
Uma das principais parcerias da prefeitura ocorre com a Associação Recreativa Usipa, fundada em 1959 para atender aos funcionários que trabalharam na construção da Usiminas. Aos poucos, ela foi se abrindo para o resto da população. As crianças chegam ali, vindas das escolas, com um ônibus fornecido pela prefeitura.
As crianças fazem uma espécie de rodízio por diversas atividades esportivas. Praticam judô, capoeira, natação, futebol e diversas outras modalidades, sempre intercaladas para que os estudantes tenham contato com o maior número de atividades possíveis. Além de praticar esporte, as crianças e jovens comem no local e têm um período para aproveitar a imensa área verde. A reportagem também foi a um espaço menor, onde meninas pequenas praticavam ballet.
Para além de ampliar as oportunidades educativas, a intenção do projeto é reforçar e valorizar a imagem e os laços entre os estudantes e seu bairro e sua cidade, estimulando, dessa forma, a descoberta da sua identidade territorial. Assim, a temática “bairro” se tornou mais presente, permitindo a reflexão sobre as localidades em que a escola e suas casas estão.
Ao longo do mapeamento, os estudantes também foram incentivados a procurar antigos moradores da comunidade que pudessem apresentar as principais transformações que aquele espaço passou ao longo dos anos, estimulando a pesquisa sobre a história do bairro por meio memória oral e escrita dos moradores mais antigos.
Práticas