publicado dia 22 de agosto de 2024
Qual o impacto da violência armada para o Direito à Educação na Maré?
De 27/08/2024 até 28/08/2024
publicado dia 22 de agosto de 2024
De 27/08/2024 até 28/08/2024
Resumo: A 5ª edição do Seminário de Educação da Maré, realizada pela organização Redes da Maré, vai mostrar um retrato do impacto da violência armada para as 1.200 escolas do território, além de pensar ações para garantir o Direito à Educação.
A Redes da Maré realiza nas próximas terça (27/08) e quarta-feira (28/08) a 5ª edição do Seminário de Educação da Maré, que vai debater o impacto da violência armada na vida de estudantes e professores da comunidade do Rio de Janeiro (RJ).
Também haverá a apresentação de um painel de dados, sistematizados desde 2016, e o lançamento da publicação “Análises: o direito à educação na Maré”, que traça um panorama histórico da educação local, com a percepção do adoecimento da população como um efeito subjetivo do tema.
Leia + Juventudes: meninos negros são as maiores vítimas de mortes violentas no Brasil
O seminário é feito em parceria com o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e Espaços Populares (NEPFE) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e conta com o apoio do Fundo Malala.
O seminário é presencial no Rio de Janeiro (RJ). Para participar, é necessário se inscrever online aqui.
Complexo da Maré
Localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro, a Maré é formada por 15 favelas, onde vivem 140 mil pessoas e há 49 escolas públicas (45 municipais e quatro estaduais). Com 1.200 professores, as escolas atendem ao menos 20 mil estudantes, entre crianças e adolescentes.
“A violência armada impacta, diretamente, a garantia do Direito à Educação na Maré, desde a interrupção das aulas, sua continuidade e os traumas que ocasionam na comunidade escolar. A forma de combate ao crime organizado, como vem sendo praticada pelas autoridades, viola direitos básicos da população, como segurança pública, Educação, saúde e cultura. É dever do Estado dar conta do problema que cria na condução de sua política de segurança pública, sem negligenciar os outros direitos da população”, explica Andreia Martins, diretora da Redes da Maré.
Ver essa foto no Instagram
Durante dois dias, autoridades públicas, pesquisadores, educadores, jornalistas, psicólogos, comunicadores, responsáveis por alunos e moradores do bairro vão debater os diferentes aspectos e implicações dos efeitos da violência dentro e fora das escolas da região. O objetivo é apontar diálogos e ações capazes de garantir o Direito à Educação no território.
Leia + Glossário: favelas e comunidades urbanas
Na abertura do seminário, será apresentado um painel de dados, incluindo a série histórica sobre o fechamento de escolas em dias de operações policiais e de confrontos armados, registrada desde 2016, e um primeiro recorte sobre o levantamento iniciado este ano com alunos das unidades escolares da Maré sobre os impactos da violência em suas vidas e na aprendizagem.
No mesmo dia, a Redes da Maré lançará a publicação “Análises: o direito à educação na Maré”, que investiga a estrutura e o orçamento público das escolas no bairro Maré, oferecendo um panorama histórico da educação local.
Leia + Marcio Tascheto: “Uma Cidade Educadora é radicalmente democrática”
Os convidados vão tratar de temas como o dever do poder público na garantia da Educação em territórios afetados pela violência armada; os desdobramentos da violência extramuros da escola no processo de ensino e aprendizagem, com impactos na saúde mental de alunos e professores; a responsabilidade de diferentes mídias na cobertura do cotidiano de violações que atrapalham o trabalho dos professores e o aprendizado dos alunos mareenses; o papel do sistema de Justiça para a garantia do direito à educação nas escolas do território; além de um espaço destinado ao relato da trajetória educacional de ex-estudantes da Maré.
Durante o seminário será apresentada ainda a Carta para a Educação da Maré, lançada em 2023, com 42 recomendações ao poder público para a ampliação do direito ao estudo na Maré. O documento foi elaborado pelos cerca de 300 participantes da quarta edição do evento, realizada em junho de 2023.
Somente nos sete primeiros meses letivos de 2024, os estudantes da Maré perderam 25 dias de aulas por conta de operações policiais no território. Esse número já equivale ao total de dias de aulas suspensas no ano inteiro de 2023 por conta das operações policiais.
Segundo dados do 8º Boletim Direito à Segurança Pública na Maré, em 2023 foi quase um mês de escolas fechadas devido a 34 operações policiais realizadas ao longo daquele ano.
De 2016 a 2023, foram 146 dias de aulas suspensas e escolas fechadas por conta de operações, o equivalente a 73% de um ano letivo perdido, em seis anos, para alunos da Maré.
Segundo a organização, os números comprovam que, para pensar na Educação hoje na Maré, é preciso entender o tamanho dos efeitos dos confrontos armados na vida dos estudantes e professores do território.
5º Seminário de Educação da Maré: impactos da violência armada no direito à educação
De 27/08/2024 às 09:00 até 28/08/2024 às 18:00
Centro de Artes da Maré – CAM - Rua Bitencourt Sampaio 181, Nova Holanda, Rio de Janeiro (RJ)