Como abrir mais espaço para meninas e mulheres na Ciência? Direcionado para alunas do 2º ano do Ensino Médio de escolas públicas e professoras, o programa Futuras Cientistas quer impulsionar experiências e formação em áreas como a Matemática, Tecnologia e Engenharia.  

Para isso, disponibiliza 470 vagas e oferece bolsa-auxílio de R$483 para as participantes da iniciativa, promovida pelo Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene). Além do incentivo financeiro, as estudantes poderão integrar experiências em laboratórios de pesquisa, desenvolver projetos científicos e participar de workshops. 

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Das 470 vagas abertas, 10% são destinadas a pessoas com deficiência. Do total, 160 vagas são para alunas matriculadas em escolas regulares e outras 160 vagas para estudantes de tempo integral, semi-integral ou do ensino técnico. Além do auxílio mensal investido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), as participantes recebem kit com os materiais necessários para a realização dos experimentos dos planos de trabalho. As docentes ocupam as 150 vagas restantes.

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Mais meninas (e mulheres) na Ciência 

A principal proposta do Futuras Cientistas é reduzir as barreiras de gênero no campo científico. De acordo com dados de 2021 coletados pela Unesco, só uma a cada quatro pessoas que atuam na área são mulheres. No Brasil, oportunidades na Tecnologia, Ciência, Engenharia e Matemática (STEM, na sigla em inglês) são ocupadas por mulheres em só 31% dos casos.  

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No Brasil, elas são maioria (58%) entre os bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), principal órgão de fomento à pesquisa no Brasil. Também são maioria entre os estudantes de mestrado (57%) e doutorado (54%). 

Apesar dos avanços, ainda persistem distorções, como o avanço mais rápido deles na carreira e a falta de representatividade feminina na área. 

De acordo com o relatório “Meninas curiosas, mulheres de futuro”, 62% das estudantes de escolas públicas não conhecem nenhuma mulher que trabalhe nas áreas tecnológicas ou científicas. Entre os desafios identificados pelo estudo estão estereótipos de gênero, falta de estímulo e hostilidade contra as mulheres em áreas com maioria masculina.

De acordo com o Cetene, que é ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), 70% das participantes do programa Futuras Cientistas ingressaram na universidades e 80% escolheram cursos de exatas, nos últimos 10 anos. 

Atividades e cronograma do programa Futuras Cientistas

A primeira etapa do programa Futuras Cientistas é a Imersão Científica, que inclui na programação atividades práticas em laboratórios dos centros de pesquisa parceiros, aulas remotas e palestras temáticas.

De acordo com o edital, o Módulo Imersão Científica 2024 do Programa Futuras Cientistas terá duração de 20 dias úteis em janeiro, com carga horária total de 80 horas. A proposta é aproximar estudante e professora da dinâmica da pesquisa científica.

Além disso, serão realizados encontros assíncronos (com videoaulas gravadas) nos sábados no mês de fevereiro, com carga horária prevista de 16 horas de atividades ministradas pela equipe do Cetene. Ao final do período, cada participante deverá entregar um relatório de atividades. O professor-orientador deverá enviar também o relatório de avaliação do projeto de pesquisa até o fim do mês. 

Os grupos de trabalho são monitorados por especialistas e as atividades são realizadas em conformidade com as metas globais estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em favor da equidade de gênero (ODS 5), bem como a missão institucional do CETENE/MCTI de promoção ao acesso e à popularização da Ciência no Nordeste e no Brasil.

Além da Imersão Científica, o Futuras Cientistas é composto de outras três etapas, que serão realizadas ao longo de 2024: banca de estudos para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), mentoria e estágios supervisionados.

O que é o programa Futuras Cientistas

Atualmente, o Futuras Cientistas é financiado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e tem parceria com Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC/PE), Academia Pernambucana de Ciências (APC), as Secretarias Estaduais de Educação e o Consulado Geral dos Estados Unidos no Recife.

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Idealizado pela pesquisadora Giovanna Machado e criado em 2012, o programa Futuras Cientistas passou a ter alcance nacional em 2022, contemplando um total de 675 estudantes em todas as regiões do país.

A mudança de patamar ocorreu após uma década de atuação nos estados de Pernambuco, Paraíba e Sergipe. O Futuras Cientistas foi agraciado em 2022 com o Prêmio LED – Luz na Educação, promovido pela Fundação Roberto Marinho em parceria com a Rede Globo e conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Consulado dos EUA no Recife.