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publicado dia 29 de setembro de 2025

Bruno Souza: “População negra vive mais as vulnerabilidades das mudanças no clima”

Reportagem:

🗒️Resumo: Representando o Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC) e o coletivo Encrespades, Bruno Souza fala sobre os impactos desiguais da crise climática na série Territórios Educativos para Justiça Climática.

Embora atinjam a todos, a crise climática traz impactos desiguais. Os efeitos mais graves e adversos atingem, sobretudo, as populações negras, indígenas e periféricas. 

Em entrevista à série Territórios Educativos para Justiça Climática, Bruno Souza explora essa desigualdade no contexto da COP30 no Brasil. O pedagogo aborda também a questão do Racismo Ambiental e a força dos movimentos negros, comunitários e juvenis. 

Disponível no YouTube, as entrevistas Territórios Educativos para a Justiça Climática iluminam temas fundamentais na convergência entre as agendas dos Territórios Educativos e da Justiça Climática. A iniciativa é uma produção do programa Educação e Território da Cidade Escola Aprendiz. 

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Conheça o entrevistado | Bruno Souza 

Bruno Souza Araújo, ou Bruninho, como prefere ser chamado, atua na área social em São Paulo (SP), com foco em desenvolvimento comunitário, acesso ao livro e à leitura e Educação Antirracista. Pedagogo, possui formação em Direitos Humanos pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC) e integra a rede de Jovens Transformadores pela Democracia da Ashoka. Trabalha junto aos jovens para promover o protagonismo e a liderança da juventude preta e periférica. Como cofundador do coletivo Encrespades, dedica-se à  formação de professores e jovens para disseminar uma Educação Antirracista.

Assista à entrevista na íntegra e leia abaixo os principais trechos:

No Brasil, Justiça Climática passa pela questão racial 

Para Bruno, é impossível discutir qualquer questão no Brasil sem considerar as desigualdades raciais. Isso inclui a Justiça Climática, a Educação e o acesso à Literatura. 

“Quando olhamos para a História, tivemos mais de 300 anos de processo de escravização. Não é possível conversar sobre qualquer coisa nesse país se as questões éticas e raciais não forem um pilar”, analisa o pedagogo. 

“É olhar para como todos esses lugares de nossas vidas vão fazendo com que determinados corpos, gêneros, raças e características se movam de diferentes formas na sociedade”, explica. 

Encrespando o Clima 

A maior visibilidade da temática do Racismo Ambiental e das mudanças climáticas levou à reflexão no âmbito dos coletivos dos quais Bruno é integrante. O pedagogo explica, por exemplo, que o tema é fundamental, mas “conceitos, palavras e realidades” expostas estavam desconectadas da realidade periférica. 

Para Bruno, isso reforça a importância de conectar  Justiça Climática com a Justiça Social.

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“Em um país onde ainda dados que nos fazem refletir sobre corpos negros e juventudes, onde a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado, acreditamos que a Justiça Climática, as pautas de clima e meio ambiente, também precisam perpassar essa discussão racial”, defende. 

“As pautas de clima e meio ambiente precisam perpassar essa discussão racial”, defende Bruno Souza 

Entre os projetos desenvolvidos a partir dessa perspectiva, Bruno Souza destaca o Encrespando o Clima, realizado em parceria com a Casa Ecoativa.  A iniciativa realizou escuta da comunidade para entender quais eram as percepções, impactos e demandas do território do Grajaú, na zona sul de São Paulo (SP). 

“A ideia era mapear, perceber e nos orientar sobre como a Justiça Climática pode ser traduzida em uma linguagem, mas, principalmente, em práticas que contribuam para responder às desigualdades que a população negra e periférica enfrenta”, destaca. 

Racismo Ambiental e os impactos desiguais da crise climática 

O que os dados revelam quando o assunto é crise climática e desigualdades? 

“A população negra vive mais as vulnerabilidades das mudanças do clima e é mais suscetível aos desastres climáticos”, explica o pedagogo, destacando que territórios marginalizados sofrem mais com desafios como enchentes e doenças potencializadas por questões ambientais, como a dengue.

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“Todos esses dados vão nos informando que, para pensar a Justiça Climática e Social, é preciso olhar pela ótica do Racismo Ambiental”, diz. “Existe um grupo, uma população que hoje é a maior do nosso país,  mais vulnerável às mudanças climáticas do que outros grupos por conta de todo o contexto histórico, racial, social que foi construído no Brasil”, contextualiza. 

Para trazer respostas mais eficazes, Bruno Souza defende a participação social dessa população na elaboração de políticas públicas. 

“A população negra vive mais a vulnerabilidade das mudanças do clima e é mais suscetível aos desastres climáticos”, diz Bruno Souza 

“E que as outras pessoas, os nossos líderes que ocupam  espaços de decisão, precisam também construir um olhar mais empático, acessível, afetuoso, mas, principalmente, um olhar que se responsabilize também pelo Racismo Ambiental, pensando como podemos construir uma sociedade mais justa e democrática para todo mundo”, conta. 

COP30, Justiça Climática e Racismo Ambiental 

A respeito das expectativas para a COP30, Bruno defende que é fundamental repensar o modelo. 

“As autoridades não consideram o que o movimento negro diz historicamente, porque as lideranças e autoridades não são pessoas parecidas conosco. Infelizmente, ainda não são pessoas negras”, critica, reforçando a importância de se considerar os efeitos do Racismo Ambiental no âmbito da COP30. 

“Não considerar o termo Racismo Ambiental, não olhar para a população negra e afrodescendente é desconsiderar não só todo o histórico do movimento negro, mas toda a história da humanidade”, afirma, destacando a importância da criação de espaços de escuta das populações do território de Belém (PA), que sediará o megaevento diplomático, bem como  das populações periféricas, negras e indígenas.

“Nós que estamos no movimento negro, nos movimentos juvenis, quem está nas margens tem se movimentado. Agora, quem está lá e que têm poder de transformar as coisas também precisa fazer [algo]. Essa também é uma convocação para construirmos uma COP30 que seja espelho da realidade das pessoas mais impactadas pelas mudanças climáticas”, conclui. 

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