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publicado dia 17 de abril de 2025

Arquitetura indígena: conheça as moradias tradicionais dos povos indígenas

Reportagem: | Edição: Tory Helena

🗒️Resumo: Você conhece os diferentes tipos de moradias dos povos indígenas? Saiba mais sobre a cultura e a sustentabilidade da arquitetura indígena, além de exemplos de habitações de diferentes territórios e povos originários brasileiros.  

Primeiros ocupantes do território brasileiro, os povos indígenas têm muito a ensinar sobre a construção de moradias e manejo do território. Bastante diversa, a arquitetura indígena é complexa e marcada pelo uso de materiais naturais, como fibras vegetais e madeira. Antes da colonização europeia, os assentamentos e cidades eram marcados por uma população expressiva e por uma relação sustentável com o entorno. 

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Materiais, pesquisas e descobertas arqueológicas recentes ajudam a jogar luz sobre capítulos invisibilizados da história dos povos indígenas, incluindo suas tecnologias e conhecimentos em diferentes áreas, como a arquitetura e a construção.

Apesar da relevância, as contribuições dos povos indígenas estão em grande parte ausentes do reconhecimento da academia e dos conteúdos ensinados nas escolas, mesmo com a exigência da Lei 11.645/2008, que instituiu a obrigatoriedade do ensino de História e cultura afro-brasileira e indígena na Educação Básica.

Povos Indígenas e o Brasil antes de 1500 

A invisibilização da história indígena é um dos pontos levantados pelo material de apoio que acompanha o vídeo educativo  “O Brasil Antes de 1500”, iniciativa do Canal Nostalgia, em parceria com o Instituto Alana e a Maria Farinha Filmes.

O Brasil tem 1,7 milhão de pessoas indígenas, representando 0,83% da população. A maioria dos indígenas se concentra na região Norte, onde está localizada a Amazônia. 

O material mostra que há evidências arqueológicas de que as primeiras ocupações indígenas na Amazônia ocorreram há 13 mil anos.

Além da antiguidade da ocupação, evidências arqueológicas e científicas revelam a complexidade das populações que habitavam a região, cuja magnitude foi fortemente impactada pela colonização europeia a partir do século XVI. 

“O interessante dessas evidências é que parte delas já indica um manejo de plantas nativas como a castanha do Pará e algumas palmeiras. Essa é uma das grandes marcas de todas as sociedades indígenas posteriores: a habilidade de utilizar as florestas de modo sustentável. Os povos indígenas utilizavam-se dos abundantes recursos existentes ao mesmo tempo em que modificavam e incrementavam a composição florestal com espécies úteis que serviam para alimentação, construção de moradia e infraestrutura, assim como prevenção de doenças”, diz trecho da publicação, que é destinada a educadores.

Arquitetura Indígena e as primeiras casas brasileiras

As moradias indígenas são chamadas pelos povos indígenas de oguassu, majoca ou maloca, que significam casa grande. As casas podem chegar a 150 metros de comprimento e 12 metros de largura, além disso cada maloca é dividida em espaços menores, de cerca de 36 metros quadrados. A esses espaços é dado o nome de oca, de origem tupi, ou oga, no guarani.

Tradicionalmente, os homens são as figuras encarregadas de construir as moradias, enquanto as mulheres socam o barro que se torna o piso das habitações. 

De acordo com informações do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, o que diferencia as aldeias existentes nas comunidades indígenas brasileiras é a condição climática e a escolha de materiais locais.  

Uma das características que se destacam na arquitetura dessas moradias é a construção integral com materiais vegetais e naturais, como palha e cipós. A madeira muitas vezes é utilizada para facilitar o encaixe das peças das habitações, geralmente dispostas em formato ortogonal, formando uma grande praça central onde a comunidade realiza atividades como festas, cerimônias e rituais sagrados.

“A moradia indígena é a primeira casa brasileira. Existe uma diferençazinha entre uma e outra, mas uma coisa interessante também é que na aldeia todas as casas são iguais”, escreve o arquiteto José Afonso Botura Portocarrero, professor aposentado da Universidade Federal do Mato Grosso e ex-conselheiro federal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.

Portocarrero é autor de uma série de pesquisas sobre Arquitetura Indígena e um dos frutos desse trabalho é o livro “Tecnoíndia: Arquitetura, antropologia e tecnologias indígenas em Mato Grosso”, no qual é um dos organizadores, junto a antropóloga Maria Fátima Machado e a professora Dorcas Silva.

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Confira, a seguir, exemplos de casas indígenas de povos de diferentes territórios:

Xingu

Conheça as moradias tradicionais dos povos indígenas
Construção da etnia Ikpeng no Parque do Xingu. Foto: Mário Vilela/Funai

Na tradição das etnias do Parque do Xingu, as moradias são construídas com ripas de madeira e bambu e suas arquiteturas trazem referências ao corpo de um animal ou de uma pessoa, além de terem uma simbologia de proteção espiritual xamânica.A parte frontal representa o peitoral e a dos fundos as costas, enquanto o chão representa a solidez da casa. 

A vedação da moradia refere-se às costelas e o revestimento das paredes comparado aos cabelos, assim como a cumeeira faz referência à cabeça. Esse tipo de moradia é semelhante ao dos povos indígenas Marubo, que vivem no Amazonas. 

Yanomami

Conheça as moradias tradicionais dos povos indígenas.
Aldeia Yanomami no Amazonas. Foto: Mário Vilela/Funai

As  casas das aldeias Yanomami do Amazonas e de Roraima são feitas em formato circular e levando em conta o número de pessoas que vão habitá-las. Cada moradia costuma abrigar apenas um grupo familiar. As mulheres são responsáveis pela coleta de galhos e cipós para amarrar as estruturas e folhas de bananeira para a vedação, enquanto os homens cuidam da construção em si, como de tradição.

Karajá

Conheça as moradias tradicionais dos povos indígenas.
Casas da etnia Iny Karajá na aldeia Fontoura, no Tocantins. Foto: André Toral

Os Karajá são povos seculares das margens do rio Araguaia e suas aldeias estão localizadas nos estados de Goiás, Pará, Tocantins e Mato Grosso. Antigamente, as habitações mudaram de local de acordo com o clima. 

No período de chuvas, as casas eram formadas por uma estrutura de madeira e de palha que se estendia até o chão para proteger as famílias. Já na época de seca, as aldeias eram transferidas para as margens do rio para facilitar a pesca e as casas construídas eram mais simples.

Em decorrência de ataques violentos a esses povos, atualmente suas moradias têm formato retangular ou quadrado, com piso de terra batida e o telhado composto por madeira ou palha da palmeira babaçu. Sem janelas, a ventilação e iluminação atravessam as frestas das palhas. Além disso, são divididas por esteiras, que delimitam onde cada família ocupa. 

Xavante

Conheça as moradias tradicionais dos povos indígenas.
Moradia do povo Xavante, no Mato Grosso. Foto: Célia Barros

Os Xavante somam cerca de 22 mil pessoas, que vivem em 12 territórios indígenas no Mato Grosso. Tradicionalmente, suas casas são construídas com madeira e coberta de palha até o chão e ficam próximas umas às outras. A entrada das moradias é voltada ao centro da aldeia e os espaços internos são delimitados por esteiras, assim como nas residências dos Karajá.

Wajãpi

Conheça as moradias tradicionais dos povos indígenas.
Moradia dos Wajãpi. Foto: Núcleo de História Indígena e do Indigenismo da USP

Os Wajãpi vivem no Norte brasileiro, nos estados do Amapá e do Pará, e na Guiana Francesa, e suas aldeias são formadas por roças e pátios, que abrigam dois tipos de casas: as temporárias e as permanentes. No primeiro modelo, as habitações são pequenas e com espaço para cobrir as redes, pois são destinadas a períodos de caça ou para acolher a mãe e o filho recém-nascido. 

Já as casas permanentes têm estrutura de madeira e são cobertas de palha. Há também, atualmente, moradias semelhantes a de regiões urbanas, com portas, fechaduras e divisões internas feitas de alvenaria.

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