publicado dia 19 de novembro de 2024
“Precisamos ser ouvidas”: crianças entregam carta para líderes no G20
Reportagem: Da Redação
publicado dia 19 de novembro de 2024
Reportagem: Da Redação
🗒️Resumo: Adolescentes e crianças de 60 países escrevem carta para líderes do G20, na qual expressam preocupações e prioridades sobre temas como crise climática, combate à pobreza e igualdade racial.
Carta assinada por 50 mil crianças de 60 países foi entregue para líderes das 20 principais economias do mundo durante o G20 Social, fórum realizado no Rio de Janeiro (RJ) paralelamente ao G20.
No documento, as crianças e adolescentes expressam preocupações e prioridades como a emergência climática, economia justa, combate à pobreza e igualdade racial e de gênero.
Leia + COP29: ativistas e organizações para seguir e acompanhar as discussões sobre o clima
“Nós, crianças e adolescentes de várias partes do mundo, apresentamos essa carta a líderes do G20 para exigir o reconhecimento dos direitos das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e econômica nesse processo. Suas decisões moldam o presente e o futuro que herdamos, e não podemos aceitar que nossas necessidades e aspirações sejam ignoradas”, escreveram as crianças no documento.
A carta foi produzida a partir de uma consulta global conduzida pelas organizações Save the Children e Plan International, em parceria com Joining Forces, MMI-LAC e Crianças no G20. Adolescentes brasileiras foram escolhidas para representar os mais de 50 mil signatários da carta durante a Cúpula Social do G20.
Leia + Como criar cidades mais sustentáveis e acolhedoras para as crianças?
“Mudanças climáticas, fome, pobreza, e desigualdades sociais e econômicas não são apenas questões para pessoas adultas — elas têm impactos devastadores em nossas vidas, nossa saúde, bem-estar e capacidade de crescer e aprender. Não podemos mais esperar por promessas vazias. Estamos vivendo as consequências de inações, e a urgência de uma mudança não pode mais ser subestimada”, defende o texto da carta.
“Precisamos ser ouvidas. Queremos que as recomendações que fizemos com milhares de crianças de todo mundo sejam colocadas em prática pelos líderes do G20”, diz Ynara, de 17 anos, do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro (CEDECA-RJ), organização parceira da Save the Children.
Entre as cinco recomendações das crianças detalhadas na carta, estão agir imediatamente contra a emergência climática, aumentar a participação política de crianças e adolescentes e combater a fome a pobreza. Veja abaixo o que elas escreveram:
Ação climática imediata
O impacto das mudanças climáticas é brutal e presente. Secas, queimadas, inundações e poluição destroem nossa saúde física e mental, ameaçam nosso acesso à água limpa e comprometem nossa alimentação, especialmente em comunidades vulneráveis. Exigimos que o G20 atue com prioridade na redução de emissões de gases de efeito estufa, na proteção das florestas e que nos envolva nas decisões climáticas aos níveis local, nacional, regional e global. Nós sentimos na pele a urgência de agir — vocês também deveriam.
Combate à fome e à pobreza
A insegurança alimentar não é uma estatística distante para nós; é uma realidade cruel. Crianças negras, indígenas e de comunidades rurais e as meninas sofrem desproporcionalmente com a falta de alimento e oportunidades de estudo. Exigimos políticas que garantam alimentos e assistência para crianças em situação de rua ou deslocadas. Queremos uma infância em que lutar pela sobrevivência não seja nossa primeira lição de vida.
Participação política efetiva
Não toleramos mais sermos ignorados e ignoradas. Participamos de reuniões e discussões, mas nossas propostas são frequentemente desconsideradas. Exigimos espaços reais de formação e participação política, acesso à tecnologia e envolvimento em todas as decisões políticas que nos impactam diretamente, inclusive a nível global.
Equidade econômica e investimentos justos
A pobreza e a desigualdade nos impedem de crescer com dignidade e oportunidades iguais. Exigimos investimentos robustos em educação e apoio às nossas famílias, para que possamos construir um futuro digno.
Igualdade de gênero e justiça étnico-racial
Meninas, crianças e adolescentes negras e negros, indígenas e de comunidades tradicionais enfrentam violência e exclusão diariamente. A educação deve combater estereótipos, e as políticas públicas precisam apoiar economicamente esses grupos. Não toleraremos desigualdade.
“Pela primeira vez no G20, abrimos espaço para crianças e adolescentes participarem ativamente. A carta é o resultado de uma consulta que traz as vozes delas para esse fórum tão importante de articulação política e reafirma a necessidade de integrá-las nas decisões que afetam diretamente o seu presente e o seu futuro”, diz Flávio Debique, diretor de Programas e Advocacy da Plan International Brasil.
Ver essa foto no Instagram
O grupo “Crianças no G20” é composto por Save the Children, Plan International, Instituto Alana, ANDI – Comunicação e Direitos, Childhood, FamilyTalks, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Instituto Promundo, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (CIESPI/PUC-Rio), Coalizão Brasileira pelo Fim da Violência contra Crianças e Adolescentes, Associação pela Saúde Emocional de Crianças (ASEc+), Soulbeegood, Vertentes – Ecossistema de Saúde Mental, Global Mental Health Action Network, Instituto Árvores Vivas para Conservação e Cultura Ambiental, Instituto Jô Clemente e Rede Nacional Primeira Infância (RNPI), Orygen, ItotheN e Catalyst 2030.
*Com informações da Agência Brasil