Os brasileiros estão muito preocupados com os impactos das mudanças climáticas para as suas vidas e das gerações futuras. De norte a sul do país, eventos climáticos extremos – como chuvas volumosas e ondas de calor – intensificam-se e afetam a vida da população, em especial a periférica e mais vulnerável. 

Leia + O que faz um agente socioambiental urbano? 

Para 86%, os desastres ambientais são diretamente causados pelas mudanças no clima. É o que revela a última edição da pesquisa “Mudanças climáticas na percepção dos brasileiros”, divulgada no dia 16 de junho e que captou as principais opiniões da população a respeito da crise climática e do meio ambiente.  

Realizada pelo Instituto de Tecnologia & Sociedade do Rio de Janeiro e pelo Ipec, o levantamento foi feito com 2.600 maiores de 18 anos, em todo o Brasil, entre novembro de 2022 e janeiro deste ano. É possível ler o estudo na íntegra aqui e acompanhar a live de lançamento da pesquisa abaixo:

Brasileiros acham que mudanças climáticas podem prejudicar futuras gerações 

O estudo  revelou que 87% dos brasileiros acreditam que o aquecimento global pode prejudicar muito as futuras gerações. Além disso, 70% acham que a crise do clima pode trazer prejuízos para si e para a sua família. Entre aqueles que se declaram negros, a mesma percepção sobe para 78%. 

A crise climática causada pelo aquecimento global e as mudanças no clima são uma realidade para 94% e 74% apontam a ação humana como principal responsável. 

Leia + Pesquisa revela o que as crianças pensam sobre mudanças climáticas 

Além disso, 9 em cada 10 brasileiros (94%) com mais de 18 anos percebem um aumento no preço dos alimentos nos últimos anos, mas pouco mais da metade (56%) acha que isso seja consequência do aquecimento global. Para 74%, proteger o meio ambiente é a prioridade, ainda que isso signifique menos crescimento econômico ou disponibilidade de empregos. 

Para Fabio Steibel, diretor-executivo do ITS-Rio, a pesquisa, que está em sua terceira edição, mostra que o estereótipo do brasileiro que se preocupa com o clima está errado. “Se você falar que é uma questão de ser de esquerda ou juventude, está basicamente errado. No geral, 3 em cada 4 pessoas estão muito preocupadas com o aquecimento global. Ou seja, todo mundo”, comentou Steibel na live de apresentação do estudo. 

Rosi Rosendo, do Ipec, destacou que, apesar do alto grau de preocupação, só 22% dos respondentes afirmaram dominar ou entender muito sobre a crise climática e o aquecimento global. O dado reforça a necessidade de aprimorar a comunicação a respeito do tema, que é complexo. 

Leia + Pesquisa mostra como jovens se comprometem com agenda climática

Ana Toni, secretária de Mudança Climática do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, falou da importância da pesquisa para sentir a temperatura da opinião pública sobre o tema. “É a partir disso que os tomadores de decisão precisamos monitorar e assegurar que as políticas públicas respondam aos anseios da sociedade”, defendeu a gestora pública.

“Infelizmente, a mudança climática já chegou. As consequências serão realmente muito graves”, disse Ana, explicando que o governo já trabalha com a agenda da adaptação às mudanças climáticas – e não só mais com a mitigação. 

Amazônia e o papel dos povos indígenas na preservação do meio ambiente

O levantamento também monitorou a percepção dos brasileiros a respeito das queimadas na Amazônia: quase todos (99%) ouviram falar dos incêndios no bioma, 73% acreditam que o fenômeno se agravou nos últimos anos e 72% atribuem os incêndios à ação humana. 

Questionados sobre os principais atores responsáveis pelas queimadas, os madeireiros aparecem em primeiro lugar (34%), seguidos de grandes produtores rurais (14%) e garimpeiros (13%). 

A pesquisa também captou a opinião da população a respeito do papel dos povos indígenas na preservação do meio ambiente. Pouco mais da metade (57%) concordam totalmente que os indígenas protegem as florestas e 53% são totalmente a favor da demarcação de terras indígenas.