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publicado dia 12 de novembro de 2021

“VÃO: trens, marretas e outras histórias” retrata pessoas reais dentro de um trem

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A escritora e jornalista Jéssica Moreira, de 30 anos, lança nesse sábado (13/11) o livro “Vão: trens, marretas e outras histórias”. A obra traz um conjunto de poemas que mostram o dia a dia dos trens da linha 7-Rubi da CPTM, na região noroeste de São Paulo, e também as humanidades que se movem dentro dos vagões.

Nascida e criada e na periferia de Perus, a autora conta que a motivação para o livro surgiu em uma aula de teatro, no momento em que sua professora de direção teatral pediu que fizesse uma viagem de trem e anotasse tudo o que visse. “Comecei a pensar porque não fazia aquilo antes, e isso despertou meu olhar para o redor, mas também para dentro do trem. É muito louco porque você percebe que a geografia da cidade vai se transformando a cada estação. No Perus, que fica bem afastado do centro, é um verde arborizado que se mistura com o laranja característica das quebradas. Mas depois os prédios vão aumentando e quando você atravessa a ponte, já encontra uma cidade verticalizada e sem horizonte. Dentro da própria linha do trem você percebe as questões geográficas e de direito à cidade“.

Ela também destaca que nos vagões, para além das questões geográficas, a observação recai sobre pessoas que carregam histórias, memórias e trajetórias. “O Vão fala sobre isso, histórias de pessoas que usam trens. Trabalhadores e pessoas que saem de manhã e voltam só à meia noite. É a história do dia a dia em uma mescla de crônica e poesia onde reproduzo cenas do cotidiano de pessoas diversas”, afirma.

Narrativas das periferias

Jéssica também ressaltou a importância de contar narrativas das periferias, para além daquilo que é retratado na grande mídia, sem estereótipos ou generalizações. Para ela, contar essas histórias cria identificação e orgulho sobre o território porque reflete a história de milhões de pessoas que fazem uso do mesmo transporte público. Na obra, a autora buscou retratar pessoas que estão à margem.

Não apenas uma questão geográfica, o Vão também conta histórias reais de pessoas reais
Livro retrata histórias do cotidiano da periferia dentro dos trens de São Paulo

“Eu seria muito esnobe se dissesse que estou retratando todos, mas tento dialogar e trazer para o centro essas pessoas que sempre estão à margem e falando também de quem está ali todos os dias. Os marreteiros, por exemplo, são incríveis porque são pessoas criativas. São marqueteiros orgânicos porque criam e tem facilidade na fala, isso é muito incrível. Eu tenho uma admiração muito grande pelo jeito de vender deles, é a minha tentativa de marretear e dialogar”.

Ainda sobre eles, Jéssica os classifica como protagonistas da obra: as histórias vão se desenrolando durante a leitura e, entre elas, eles entram cena, assim como acontece durante os trajetos dos trens.

Histórias que marcam

Ainda criança, Jéssica estava num vagão com sua mãe e viu a chegada de guardas, que pisotearam as mercadorias de um vendedor. Essa violência a marcou profundamente: “Isso é um retrato do Brasil com índice de desemprego alto e insegurança alimentar. Você conversa com essa galera e muitas vezes o trem acaba sendo a única possibilidade. Uma vez falei com um marreteiro que me disse que quando é marreta é quando ele se sente ouvido, e aquilo me doeu muito. O Vão é isso, fala sobre essas vozes que às vezes são gritadas e, outras vezes, ditas em um cantinho”.

Entre as tantas histórias que ouviu quando estava no trem, a autora destaca a “Bicho pau”, sobre um senhor, nascido na região Nordeste, que fazia rap e que fez um comentário amoroso mesmo depois ter caído após uma freada do maquinista. E também a narrativa de um garoto que, depois de muito olhar para uma moça, tirou um bilhete da mochila e entregou a ela, assim que chegou em sua estação. “Ele deu um lindo sorriso e foi embora e ela ficou rindo com as amigas. Você passa muito tempo dentro do trem; aquilo acaba parecendo uma peça de teatro”, finaliza.

Serviço

Lançamento de “VÃO: trens, marretas e outras histórias”
Quando: 13/11, sábado
Onde: Biblioteca Padre José de Anchieta
Endereço: R. Antonio Maia, Perus (SP), 651 (próximo à estação de trem de Perus)
Horário: das 14h às 18h
Evento gratuito!
(Seguindo todas as recomendações sanitárias, pedimos que estejam de máscara)
Redes Sociais: https://www.instagram.com/livrovao/

O livro também pode ser adquirido no site da Editora Pádua pelo valor de R$ 40,00.

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