publicado dia 29 de abril de 2019
Gratuidade é o que mais atrai o paulistano para eventos culturais em SP
Reportagem: Redação
publicado dia 29 de abril de 2019
Reportagem: Redação
*Matéria publicada originalmente no site 32xSP. A autoria é de Eduardo Silva.
Tendo o Theatro Municipal, o Masp e a Pinacoteca do Estado como alguns dos principais pontos turísticos, a cidade de São Paulo conta com uma agenda cultural bastante agitada, com opções de entretenimento tanto pagas quanto gratuitas.
Não é de hoje que a capital paulista também se tornou palco de eventos internacionais que desembarcam no país, como shows e festivais de música, e, muitas vezes, é a favorita para receber exposições de artes e peças de teatro.
Por outro lado, é grande o número de pessoas que não frequentaram nenhuma dessas atividades culturais na cidade nos últimos 12 meses — 28% dos paulistanos para ser mais específico, conforme mostra a pesquisa “Viver em São Paulo: Cultura”.
O estudo, lançado nesta semana pela Rede Nossa São Paulo e o Ibope Inteligência, ouviu 800 entrevistados com mais de 16 anos das cinco regiões do município no mês de dezembro.
Para quem frequenta tais eventos, o preço é um fator determinante. “Eu costumo ir a eventos culturais que sejam gratuitos ou que o custo seja baixo. Uns R$ 10 ou R$ 15, por exemplo. Vou a muitos shows no Sesc ou no Centro Cultural São Paulo já que os valores são bem acessíveis”, comenta Jackson Vasconcelos, 32, estudante de comunicação e mídias digitais.
“Também gosto de ir a exposições, sendo o MIS [Museu da Imagem e do Som] a principal opção. Fui em todas as mostras que ocorreram lá desde 2014. Frequento o CCBB [Centro Cultural Banco do Brasil], onde vejo exposições e peças de teatro. Na estação Luz já fui na Sala São Paulo ver uma orquestra no valor de R$ 10, na época”, segue.
O MIS tem entrada gratuita às terças-feiras. No CCBB, as exposições são grátis e os valores para sessões de cinema ou teatro variam de R$ 2 a R$ 6. Outras opções com entrada “free” são o Masp, também às terças-feiras, a Pinacoteca, aos sábados e domingos, e o Museu Afro Brasil com gratuidade todos os dias.
Ainda de acordo com a pesquisa da Rede Nossa São Paulo, 78% dos paulistanos entrevistados já frequentaram eventos públicos promovidos na cidade em algum ano. A gratuidade é o motivo mais mencionado para a frequência (34% das respostas), seguido por “é divertido” (24%) e “é uma oportunidade de utilizar os espaços públicos” (17%).
“No último ano, eu fui para a virada cultural, virada esportiva, shows de rua e o carnaval paulistano. Os mais recentes foram eventos que convidaram DJs para a abertura de uma nova área da Praça das Artes, no centro”, comenta o jornalista cultural Filipe Maia, 25.
Em contrapartida, 22% dos entrevistados dizem nunca ter participado de nenhum dos eventos promovidos anualmente, seja pela Prefeitura de São Paulo ou não. Aqueles que não frequentam, informam que o motivo é o de não se sentirem seguros (57%) e/ou não gostarem de multidões (51%).
“Multidão é ok, acho até legal que muitas pessoas ocupem o espaço público para se divertir. Agora a insegurança é chato mesmo e é um problema enorme desses eventos”, observa Maia.
Neste ano, mais de 500 blocos foram às ruas no carnaval de São Paulo, no período entre os dias 23 de fevereiro e 10 de março. O público bateu recorde de 12 milhões de foliões.
No próximo mês, nos dias 18 e 19 de maio, ocorre a 15ª edição da Virada Cultural. A programação ainda não foi divulgada, mas a edição do ano passado reuniu cerca de três milhões de pessoas em diferentes pontos da cidade.
“A virada cultural, o carnaval e a virada esportiva são eventos bem divulgados em todos os lugares: na televisão, revistas, jornais, estações de Metrô… Carnaval também é algo cultural, então todos conhecem, mesmo que não frequentem”, diz a pedagoga Tainan Silva, 31.
“Hoje em dia é bacana ter os blocos de rua, pois o carnaval no sambódromo fica restrito a classe que tem maior poder aquisitivo.”
Quanto a outros eventos gratuitos realizados na capital paulista, ela conta que costuma frequentar as sessões gratuitas do Circuito Spcine (rede de salas de cinema da Prefeitura de São Paulo), no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, na zona leste.
“Eu entro com frequência no site e vejo a programação. Aí encaminho para os alguns grupos que tenho. Quando vejo panfletos no local, sempre pego uma quantidade para entregar nas escolas onde eu trabalhava, na Cidade Tiradentes”, conta.
Em 2018, o Circuito Spcine teve 426 mil espectadores e 9,3 mil sessões. São 20 espaços presentes, sobretudo, em bairros não atendidos pelas salas comercias de cinema. O local com o maior número de espectadores foi justamente o Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, com 40,2 mil pessoas.
“Porém neste ano não estou conseguindo ajudar na divulgação, pois estou trabalhando em Interlagos [zona sul] e ainda não sei onde fica o centro cultural mais próximo. Por ser muito longe, também não tenho muito tempo para ir até o local saber as informações”, diz Tainan, que gasta três horas para chegar ao trabalho.
A pedagoga considera importante a realização destes eventos culturais, mas acredita que a divulgação ainda é pouca. “Há muitas atividades diferentes [na cidade] e isso é pouco divulgado. Somente quem está sempre pelo local acaba sabendo”, conta.
“[Mas] acredito também que muitas pessoas não frequentam e não procuram essas informações por falta de hábito de frequentar esses locais”, complementa.
A destinação de recursos para a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) recuou 10% entre 2018 e 2019. Em 2018, o orçamento era de R$ 436,9 milhões; neste ano, caiu para R$ 392,1 milhões.
No novo programa de metas 2019-2020, alterado recentemente pela gestão Bruno Covas (PSDB), há apenas duas menções à cultura: “Implantar ruas, parques e praças de lazer e cultura” (objetivo estratégico nº 17) e “Revitalizar 44 equipamentos de cultura” (nº 22).
As metas do plano anterior (2017-2018) foram atingidas pela SMC no ano passado, sendo elas: “Aumentar em 15% o público total frequentador dos equipamentos culturais” e “Aumentar em 15% o público frequentador do Sistema Municipal de Bibliotecas”.
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