publicado dia 29 de maio de 2017
Formação estimula professores a identificar potenciais educativos do território
Reportagem: Natália Passafaro
publicado dia 29 de maio de 2017
Reportagem: Natália Passafaro
“A educação ocorre não somente nos limites da escola, mas em todos os cantos da comunidade. O bairro passa, portanto, a ser visto como um grande laboratório de experiências educativas. E a escola, por sua vez, passa a ser elemento mobilizador, a partir do qual se cria uma rede cidadã pronta a trocar conhecimentos e valores.”
Inspirados pela definição de Bairro-escola de Nova Iguaçu (Rio de Janeiro), os professores da rede pública de São Paulo iniciaram, neste último sábado (27/05), a 2ª edição do curso Potenciais Educativos do Território Urbano: rumo à Cidade Educadora. A iniciativa, realizada pela Cidade Escola Aprendiz e pela Diretoria Regional de Educação Butantã, com apoio de coletivos e organizações sociais, busca ampliar práticas pedagógicas, fortalecer a articulação da escola com o território, assim como a relação dos professores com os diferentes agentes educativos da cidade.
Nesta edição, os participantes poderão vivenciar experiências em diferentes territórios da capital: Heliópolis, Butantã, Centro, Jardim Ângela, Bela Vista e Mooca. A ideia é que possam refletir, aguçar os olhares e aprimorar o uso do entorno escolar como ativo pedagógico.
Para colaborar no processo de compreensão desses processos, estiveram presentes na abertura do evento Marília de Santis, gestora do CEU Profª Arlete Persoli, Ana Elisa Siqueira, diretora da Escola Municipal Desembargador Amorim Lima, e Antônio Norberto Martins, diretor da EMEI Chácara Sonho Azul. Juntos, os educadores compartilharam suas experiências e mostraram como a participação da comunidade é fundamental para o sucesso de projetos que integram escolas e territórios.
Como pensar o território a partir do que dele emana?
De que forma suas características, seus desafios e complexidades influenciam no cotidiano escolar e no desenvolvimento integral de crianças e jovens?
A partir da ideia de que a escola é formada por toda uma comunidade, Helena Singer conduziu os debates iniciais da mesa: Cidades Educadoras: Currículo do Território. A socióloga e consultora do Centro de Referências em Educação Integral traçou um panorama dos Marcos Legais da educação e dos direitos das crianças e adolescentes, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), o Plano Nacional de Educação (PNE) e Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) , dispositivos que garantem a diversificação curricular e a possibilidade das aulas serem dadas em outros espaços. “E a terceira versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê uma porcentagem de construção do currículo a partir da realidade local, ou seja, considerando as diversidades dos territórios brasileiros”, acrescentou Helena.
A pesquisadora ainda reforçou a importância das instâncias de participação e da existência de uma rede integrada que garanta proteção aos direitos dessas crianças e jovens. “Uma escola alinhada aos princípios da educação integral garante em seu projeto político pedagógico (PPP) a diversidade educativa, a democracia, a inclusão, o diálogo com a comunidade e a sustentabilidade.”
E se a escola é espaço de livre experimentação, o território – com suas características, desafios e complexidades – passa a ter papel fundamental na formação dos sujeitos criativos, críticos e atuantes. “Todo território tem histórias, personagens, afetividades, artistas, e culturas, o que se constitui como possibilidade de aprendizado a respeito da realidade – vivenciando a realidade”, afirmou Felipe Arruda, Diretor do Núcleo de Cultura e Participação do Instituto Tomie Ohtake e coordenador do Prêmio Territórios Educativos. “Somos todos consumidores e produtores de cultura”, assinalou.
De acordo com Helena, é a partir dessas premissas que o currículo e a articulação com o entorno passam a fazer sentido. “É possível aprender e inovar por meio do diálogo com mestres locais, e de pesquisas sobre linguagens, histórias e expressões locais”, exemplificou.
O Prêmio Territórios Educativos busca reconhecer e fortalecer experiências pedagógicas que explorem as oportunidades educativas do território onde a escola está inserida, integrando os saberes escolares e comunitários. O Prêmio é voltado a professores da rede pública municipal de São Paulo que podem se inscrever entre 24 de maio e 7 de agosto de 2017.
Sobre o curso
Com carga horária de 45 horas e previsto para circular por diversos locais de São Paulo, o curso Potenciais Educativos do Território Urbano: Rumo à Cidade Educadora será ofertado pela Associação Cidade Escola Aprendiz, Hey Sampa, Apé – Estudos em Mobilidade, UMAPAZ, Grupo Cupuaçu, Rede Ocara e Nós, Mulheres da Periferia.
Entre os temas que serão trabalhados no curso estão mobilidade urbana, meio ambiente e cultura de paz, educação patrimonial e patrimônio cultural, gênero, territórios negros, infância e cultura popular.