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publicado dia 24 de novembro de 2023

Congresso discute caminhos para a construção de cidades que educam

Reportagem:

Resumo: O Congresso de Educação “Cidades que Educam, se Transformam” aconteceu em São Paulo (SP) nos dias 22, 23 e 24/11. Promovido pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e a Cátedra Unesco, o evento reuniu profissionais da educação e especialistas, com transmissão ao vivo pelo YouTube.

O Congresso de Educação “Cidades que Educam, se Transformam” debateu os caminhos para a construção de cidades educadoras a partir do conhecimento e das experiências de profissionais e especialistas da área no Brasil e no exterior. O evento aconteceu em São Paulo (SP), entre os dias 22, 23 e 24/11.

Com foco no papel educador das cidades, o evento também oficializou a adesão da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) à Cátedra Unesco: A cidade que educa e transforma, integrando o Programa de Cooperação Internacional Cidade Que Educa e Transforma (RICET) ao lado de outras 12 instituições de Ensino Superior de Portugal, Brasil e Guiné-Bissau.

O congresso promovido pela Mackenzie e a Cátedra Unesco foi aberto ao público e também foi transmitido ao vivo pelo canal do YouTube da instituição de ensino.

“As cidades que educam precisam entender todos os indicadores que influenciam a vida do sujeito. A escola sozinha não consegue mais dar conta disso”, afirmou o professor Paulo Louro, docente do Instituto Politécnico Nova Esperança Guiné-Bissau, no início do debate.

As políticas públicas das cidades que educam também precisam promover a diversidade e contar com a participação de todos os agentes educacionais. A exemplo de Portugal, país natal de Louro, onde os projetos educativos sempre incluem compensadores de desigualdades sociais e ações de promoção da cidadania e de valores educativos na sociedade.

Leia + Cátedra Unesco discute políticas de Educação Integral e o papel educador das cidades

Atualmente, 490 municípios em 35 países integram a Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE) e associam-se aos princípios da Carta das Cidades Educadoras. Redigida em 1990 em Barcelona, Espanha, o documento marca a ideia de que as cidades carregam um potencial educativo que precisa ser ativado e cultivado pela comunidade e pelo poder público em prol da qualidade de vida da população.

Até este ano, 32 municípios brasileiros foram reconhecidos oficialmente como cidades educadoras associadas à AICE, ou seja, seus governos se comprometeram com processos educacionais que não se limitam aos muros das escolas e se expandem às demais atividades urbanas.

Para os próximos anos, a expectativa é de que as organizações defensoras das cidades educadoras unam seus esforços aos do governo federal para ampliar os projetos educacionais no Brasil.

“A Cátedra tem um caminho de diálogo aberto com o governo federal para promover conhecimento sobre a educação nos territórios. Será feita uma articulação das organizações. Hoje vemos a educação como um ambiente de negócios no Brasil, mas trata-se de um direito”, adiantou a professora Jaqueline Moll, especialista em Educação Integral pela Universidade Federal do Rio Grande Sul (UFRGS).

Leia + O que é uma cidade educadora?

A educação no combate a estigmas sociais

Imagem mostra homens em mesa de discussão no congresso Cidades que Educam, se Transformam
Mesa de discussão “Educação no território: currículo e cidadania”, no congresso Cidades que Educam, se Transformam. Foto: Nataly Simões/Educação e Território

O congresso também promoveu o debate “Educação no Território: currículo e cidadania”, no qual  o professor Rui Brito, do Instituto Superior de Educação e Ciências (ISEC) de Lisboa apontou semelhanças entre Portugal e Brasil na disseminação de estigmas relacionados a características inerentes ao indivíduo, como as condições sociais, deficiências físicas, entre outras.

“A sociedade desempenha um papel significativo na perpetuação desses estigmas e a educação é fundamental para combater os preconceitos e promover uma cidade mais inclusiva”, destacou Brito ao comparar os dois países.

O combate a estigmas também deve considerar a relação entre infância e as cidades a fim de compreender a oferta de políticas públicas para as crianças que vivem nos territórios, focadas em educação, lazer e cultura.

O caminho trilhado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi ouvir o que as crianças têm a dizer. O núcleo de pesquisa da Faculdade de Educação da instituição de ensino realizou uma experiência em que  mais de 200 crianças de até 12 anos e moradoras de Belo Horizonte foram ouvidas através de  oficinas de desenho, contação de história, caminhadas pelos territórios e escrita de carta ao prefeito.

“A pesquisa mostrou como as crianças são sujeitos capazes de observar e interpretar. Os dados coletados evidenciaram seus desejos de melhora da limpeza urbana, necessidade de segurança e planejamento das cidades considerando espaços de lazer”, apresentou o docente Levindo Diniz Carvalho.

A participação das crianças nas cidades

O papel das crianças nas cidades que educam também ganhou espaço na fala da professora Adriana Bragagnolo, da Universidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. A docente abordou as perspectivas histórico-culturais dos territórios e a relação com as crianças.

“Crianças são sujeitos sociais, que constroem cultura enquanto brincam e, desde muito pequenas, têm postura de investigação. Vivem a experiência pedagógica, são observadoras e têm hipóteses sobre o mundo natural e social.”

Segundo Adriana, quando interagem com o outro e com o mundo, as crianças registram, sistematizam e deixam marcas de aprendizagem, além de compartilhar saberes e pensar sobre o que aprendem. “São protagonistas, mas precisam de cuidado, educação e escuta”, defendeu.

Uma das abordagens  com crianças citada pela educadora é a chamada “Pedagogia Participativa”. “Muitos estudos e pesquisas já foram elaborados na academia e por grupos sociais que pensam modos de inserir os sujeitos na participação. Se as crianças forem ouvidas nas escolas, nas aldeias, nos bairros onde moram, já é possível fazer alguma diferença”, explicou.

O exemplo transformador da cidade de Diadema: Em Diadema (SP), cidade com 393 mil habitantes de acordo com o Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a educação integrada ao território teve resultados significativos. De 2020 a 2022, o número de estudantes matriculados na educação integral aumentou mais de 120%, e passou de 3.987 para 8.849 no período.

No congresso, a secretária de educação da cidade, Ana Lucia Sanches, listou os programas educacionais implementados pelo município. Entre eles estão os projetos “Escola Bem Cuidada”, “Leiturando” e “Escola Protege”. Este último consiste em uma formação sobre comunicação não violenta destinada às famílias.

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