publicado dia 17 de fevereiro de 2022
7 livros que vão ajudar a entender a importância e as particularidades da educação indígena
Reportagem: gabryellagarcia
publicado dia 17 de fevereiro de 2022
Reportagem: gabryellagarcia
A educação escolar indígena é um direito garantido pela Constituição Federal de 1988 e povos indígenas devem vivenciá-la de modo alinhado à suas tradições e memórias. Para além disso, seu alcance deve extravasar os territórios e comunidades indígenas desde a promulgação da Lei 11.645/08 (de 2008), uma alteração da Lei 9.934 (de 1996), que estabelecia as diretrizes e bases da educação nacional. Nessa revisão foi incluída, no currículo oficial da rede de ensino – fundamental e ensino médio, públicos e privados – a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
Tratando-se de comunidades indígenas especificamente, o artigo art. 78 da LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) estabelece “…o desenvolvimento de programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas, com os objetivos de: proporcionar aos índios, suas comunidade e povos, a recuperação de suas memórias históricas, a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências; e garantir aos índios, suas comunidades e povos o acesso às informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não indígenas”.
Ainda sobre a temática da educação indígena, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 9943/18 que, caso aprovado, prevê que a educação escolar indígena poderá ser organizada por meio de territórios étnico-educacionais.
O espaço para a educação indígena deve respeitar e valorizar o modo de vida, valores, brincadeiras, símbolos e demais conhecimentos tradicionais para que a aprendizagem de novos saberes e conhecimentos científicos aconteça. Para colaborar nesse caminho, selecionamos 7 livros que discutem a educação escolar indígena no Brasil e pensam propostas para incrementar a formação dos professores que trabalharão com os povos tradicionais.
Baseando-se em reflexões sobre a infância Guarani, a autora reflete sobre o quanto processos de ensino e aprendizagens infantis, vivenciados fora da escola, podem contribuir para planejamentos docentes mais pautados em teorias indígenas do conhecimento. A partir de pesquisas realizadas junto a uma comunidade Mbya-Guarani, na região central do Rio Grande do Sul, discute-se a ideia de campo da educação escolar indígena pontuando as relações entre pessoas, territórios, interculturalidade e gestão educacional. Também são levadas em consideração as heranças deixadas pelo período colonial.
Os cenários apresentados nesta obra mostram possibilidades de uma escola que quer ser uma (des)continuidade da escola moderna. Esses apontamentos contribuem para a reflexão sobre planos, ações, direções e propostas que busquem descolonizar os paradigmas presentes e persistentes que dominam discursos escolares e que sustentaram (e sustentam ainda hoje) práticas sociais de diferenciações, discriminações, segregações.
Há no imaginário das pessoas a imagem do índio estereotipado, romantizado, genérico e daquele que “impede o desenvolvimento do Brasil”. Tornou-se necessário então desnaturalizar essas concepções reprodutoras de visões deturpadas e preconceituosas. Esta obra oferece um importante instrumental aos professores e alunos indígenas e não indígenas para o entendimento da realidade. A experiência dos autores é fruto de anos de trabalhos pedagógicos realizados em escolas localizadas em áreas indígenas do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul.
Como a escola indígena articula e organiza o fazer pedagógico? Ela realiza a devida leitura entre os saberes tradicionais e formais? Este livro propõe o resgate da cultura e história indígena, a contínua busca de novos conhecimentos, sem perder as raízes, a essência. Uma forma de concretizar saberes é o ensino de Ciências, trabalhado com as crianças indígenas e desenvolvido no processo da interculturalidade.
Travar contato com a comunidade indígena por meio da Matemática. Essa é a proposta do autor que, por meio de vivências e pesquisas aprofundadas, desenvolveu o conceito de etnomatemática procurando, a partir do próprio conhecimento das comunidades, seus signos e simbolismos, viabilizar a formação de educadores indígenas para povos indígenas. Um dos pontos levantados é a possibilidade de, a partir do contato, o estabelecimento de um trabalho em conjunto, levando em consideração os conhecimentos já desenvolvidos por esses povos e também seu protagonismo no processo de ensino e aprendizagem.
Com o objetivo de analisar as relações interculturais que se estabelecem na educação escolar indígena, este livro tem como foco o brincar das crianças indígenas, na escola e nos contextos sociais específicos. Parte da conclusão de que a chegada da escola na aldeia deve constituir-se enquanto um espaço de trocas, de respeito ao modo de vida dos indígenas, seus valores, costumes e brincadeiras. E, mais do que isso, valoriza as possibilidades da interculturalidade, dos saberes e conhecimentos científicos e tradicionais. Obra indicada para professores, estudantes e profissionais da educação física, antropologia e ciências humanas em geral.
Este grupo de autores se propõe a apresentar e discutir temas importantes e atuais sobre a vida e a cultura dos indígenas e sobre experiências de organização da educação escolar indígena em algumas regiões do Brasil, cujo teor é o respeito às culturas e os projetos de vida desses povos. Analisam os desafios que eles enfrentam, defendendo a escola como instituição importante e necessária e ressaltando a sua função de contribuir com as lutas mais amplas dos povos indígenas.