Perfil no Facebook Perfil no Instagram Perfil no Youtube

publicado dia 13 de novembro de 2024

Como os museus podem se abrir para os territórios?

Reportagem: | Edição: Tory Helena

🗒️Resumo: A arquiteta colombiana Lucía González abordou a importância de os museus da América Latina valorizarem os territórios em palestra no seminário  “Educación y arte en território” (“Educação e Arte no território”. O evento também abordou as experiências extramuros da Pinacoteca de São Paulo. Organizado pela plataforma La Escuela, o evento acontece de forma híbrida até 14/11.

A importância de os museus visibilizarem as experiências dos territórios foi o tema central da conferência que reuniu a arquiteta Lucía González e as educadoras  Gabriela Aidar e Millene Chiovatto na abertura das discussões do seminário “Educación y arte en território” (“Educação e Arte no território”), na manhã desta quarta-feira (13/11). A conferência ocorreu no auditório da Pinacoteca de São Paulo, com transmissão online.

De forma híbrida, com transmissão para inscritos, o encontro é organizado pela plataforma La Escuela, a Pinacoteca de São Paulo e o Museu de Arte Latino Americano de Buenos Aires (Malba).

Leia + Chiqui González: “Os territórios são nosso lugar no mundo”

O objetivo é compartilhar experiências comunitárias, educativas e artísticas existentes na América Latina.

Com ampla experiência na formulação de projetos ligados à Cultura e transformação social, Lucía González é membra da Comissão da Verdade da Colômbia e dirigiu instituições como o Museu Casa de la Memoria de Medellín e o Museu de Antioquia.

O lugar dos territórios nos museus 

Em sua fala, a arquiteta apontou que as entidades museológicas na América Latina passaram por transformações estéticas da arte moderna para a pós-moderna, mas que a atenção para as experiências das comunidades nas cidades onde estão inseridas é um avanço recente e ainda em curso.

“Acredito que ainda temos uma enorme responsabilidade de compreender que o museu não é um templo sagrado para os artistas e as elites e sim um lugar em questão. O museu está sendo questionado como instituição e pelas narrativas hegemônicas”, afirmou.

“Museu não é um templo sagrado para os artistas e as elites e, sim, um lugar em questão. O museu está sendo questionado como instituição”, afirmou Lucía González

Para Lucía, as comunidades populares estão começando a ter um lugar nos museus. “É necessário permitir que as comunidades e territórios falem por si mesmo, com suas estéticas que enriquecem nosso mundo da arte. Ainda não valorizamos suficientemente o que existe nesses lugares”, acrescentou.

O papel do museu em meio aos conflitos na Colômbia

Há mais de 50 anos, a população colombiana é afetada pelos conflitos derivados do narcotráfico. Nesse contexto, Lúcia González compartilhou a experiência do Museu Casa de la Memoria de Medellín, que nos últimos anos realizou bienais para dar visibilidade às consequências da situação.

“A violência foi naturalizada e o lugar da arte em meio ao conflito foi muito importante porque as comunidades passaram anos sem ser ouvidas sobre suas dores, humilhações e violências sofridas por elas. Ao nos propormos a ouvir suas dores e suas potencialidades artísticas, fazemos um vínculo entre território e cultura”, explicou.

A experiência “extra-muros” da Pinacoteca de São Paulo

Localizado na região da Luz, no centro da cidade de São Paulo (SP), a Pinacoteca é um museu conhecido, especialmente, pelas visitas escolares. No entanto, o equipamento cultural possui também um núcleo educativo, que busca aproximar as pessoas em situação de vulnerabilidade da cultura.

“Muitos públicos não enxergam o museu como parceiro, ele é visto como uma instituição inalcançável, que não os representa”, diz Millene Chiovatto

Ao longo da conferência, a coordenadora de Programas Educativos Inclusivos da Pinacoteca, Gabriela Aidar, e a coordenadora de Educação, Millene Chiovatto, apresentaram algumas das iniciativas desenvolvidas para além dos muros do museu.

Entre eles, está o Programa de Inclusão Sociocultural, que tem como objetivo promover o acesso de grupos em situação de vulnerabilidade social aos bens culturais por meio de visitas, oficinas de gravura e criação de texto.

Seminário aborda como os museus podem se abrir para os territórios.
Oficina artística do Programa de Inclusão Sociocultural, desenvolvido pela Pinacoteca de São Paulo.

Millene Chiovatto destacou que o território em que a Pinacoteca de São Paulo está localizada “exige experiências extramuros” para que as pessoas se sintam incluídas e representadas.

“Um grupo de pessoas que habita um determinado território tem uma maneira de ver o mundo, de interpretá-lo, e esse deve ser o nosso foco. Muitos desses públicos não enxergam o museu como parceiro, ele é visto como uma instituição inalcançável, que não os representa. Precisamos fazer a ponte para que eles se aproximem dos museus”, pontua.

Programação do evento

Durante o encontro “Educação e Arte no território”, acontecem conferências e apresentações de experiências desenvolvidas em diferentes territórios da América Latina e Caribe, como Brasil, Argentina, Peru, Cuba, Equador, Colômbia e Bolívia. 

Leia + Educação e Arte no território: evento híbrido discute experiências na América Latina

Na tarde desta quarta-feira, ocorrem outros seminários sobre a integração dos museus com os territórios, com  a apresentação de projetos que tecem práticas artísticas contemporâneas educativas e a arquitetura da experiência nos museus.

Saiba mais sobre a programação completa e acesse aqui a inscrição para acompanhar o evento.

Chiqui González: “Os territórios são nosso lugar no mundo”

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.