publicado dia 13 de novembro de 2024
Como os museus podem se abrir para os territórios?
Reportagem: Nataly Simões | Edição: Tory Helena
publicado dia 13 de novembro de 2024
Reportagem: Nataly Simões | Edição: Tory Helena
🗒️Resumo: A arquiteta colombiana Lucía González abordou a importância de os museus da América Latina valorizarem os territórios em palestra no seminário “Educación y arte en território” (“Educação e Arte no território”. O evento também abordou as experiências extramuros da Pinacoteca de São Paulo. Organizado pela plataforma La Escuela, o evento acontece de forma híbrida até 14/11.
A importância de os museus visibilizarem as experiências dos territórios foi o tema central da conferência que reuniu a arquiteta Lucía González e as educadoras Gabriela Aidar e Millene Chiovatto na abertura das discussões do seminário “Educación y arte en território” (“Educação e Arte no território”), na manhã desta quarta-feira (13/11). A conferência ocorreu no auditório da Pinacoteca de São Paulo, com transmissão online.
De forma híbrida, com transmissão para inscritos, o encontro é organizado pela plataforma La Escuela, a Pinacoteca de São Paulo e o Museu de Arte Latino Americano de Buenos Aires (Malba).
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O objetivo é compartilhar experiências comunitárias, educativas e artísticas existentes na América Latina.
Com ampla experiência na formulação de projetos ligados à Cultura e transformação social, Lucía González é membra da Comissão da Verdade da Colômbia e dirigiu instituições como o Museu Casa de la Memoria de Medellín e o Museu de Antioquia.
O lugar dos territórios nos museus
Em sua fala, a arquiteta apontou que as entidades museológicas na América Latina passaram por transformações estéticas da arte moderna para a pós-moderna, mas que a atenção para as experiências das comunidades nas cidades onde estão inseridas é um avanço recente e ainda em curso.
“Acredito que ainda temos uma enorme responsabilidade de compreender que o museu não é um templo sagrado para os artistas e as elites e sim um lugar em questão. O museu está sendo questionado como instituição e pelas narrativas hegemônicas”, afirmou.
“Museu não é um templo sagrado para os artistas e as elites e, sim, um lugar em questão. O museu está sendo questionado como instituição”, afirmou Lucía González
Para Lucía, as comunidades populares estão começando a ter um lugar nos museus. “É necessário permitir que as comunidades e territórios falem por si mesmo, com suas estéticas que enriquecem nosso mundo da arte. Ainda não valorizamos suficientemente o que existe nesses lugares”, acrescentou.
O papel do museu em meio aos conflitos na Colômbia
Há mais de 50 anos, a população colombiana é afetada pelos conflitos derivados do narcotráfico. Nesse contexto, Lúcia González compartilhou a experiência do Museu Casa de la Memoria de Medellín, que nos últimos anos realizou bienais para dar visibilidade às consequências da situação.
“A violência foi naturalizada e o lugar da arte em meio ao conflito foi muito importante porque as comunidades passaram anos sem ser ouvidas sobre suas dores, humilhações e violências sofridas por elas. Ao nos propormos a ouvir suas dores e suas potencialidades artísticas, fazemos um vínculo entre território e cultura”, explicou.
A experiência “extra-muros” da Pinacoteca de São Paulo
Localizado na região da Luz, no centro da cidade de São Paulo (SP), a Pinacoteca é um museu conhecido, especialmente, pelas visitas escolares. No entanto, o equipamento cultural possui também um núcleo educativo, que busca aproximar as pessoas em situação de vulnerabilidade da cultura.
“Muitos públicos não enxergam o museu como parceiro, ele é visto como uma instituição inalcançável, que não os representa”, diz Millene Chiovatto
Ao longo da conferência, a coordenadora de Programas Educativos Inclusivos da Pinacoteca, Gabriela Aidar, e a coordenadora de Educação, Millene Chiovatto, apresentaram algumas das iniciativas desenvolvidas para além dos muros do museu.
Entre eles, está o Programa de Inclusão Sociocultural, que tem como objetivo promover o acesso de grupos em situação de vulnerabilidade social aos bens culturais por meio de visitas, oficinas de gravura e criação de texto.
Millene Chiovatto destacou que o território em que a Pinacoteca de São Paulo está localizada “exige experiências extramuros” para que as pessoas se sintam incluídas e representadas.
“Um grupo de pessoas que habita um determinado território tem uma maneira de ver o mundo, de interpretá-lo, e esse deve ser o nosso foco. Muitos desses públicos não enxergam o museu como parceiro, ele é visto como uma instituição inalcançável, que não os representa. Precisamos fazer a ponte para que eles se aproximem dos museus”, pontua.
Programação do evento
Durante o encontro “Educação e Arte no território”, acontecem conferências e apresentações de experiências desenvolvidas em diferentes territórios da América Latina e Caribe, como Brasil, Argentina, Peru, Cuba, Equador, Colômbia e Bolívia.
Leia + Educação e Arte no território: evento híbrido discute experiências na América Latina
Na tarde desta quarta-feira, ocorrem outros seminários sobre a integração dos museus com os territórios, com a apresentação de projetos que tecem práticas artísticas contemporâneas educativas e a arquitetura da experiência nos museus.
Saiba mais sobre a programação completa e acesse aqui a inscrição para acompanhar o evento.
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