publicado dia 9 de novembro de 2016
Como o brincar pode transformar o espaço público em um território educativo?
Reportagem: Pedro Nogueira
publicado dia 9 de novembro de 2016
Reportagem: Pedro Nogueira
Uma Cidade Educadora é aquela que assume uma vocação formadora na vida dos cidadãos e orienta políticas, programas, espaços e agentes para a garantia do desenvolvimento integral de seus habitantes, com especial atenção às crianças e sua relação com o território educativo.
“Quando falamos nas crianças, estamos assinalando que elas deveriam ser prioridade no planejamento urbano. Isto é, assegurar calçadas, praças, parques e bairros que atendam às necessidades de desenvolvimento da infância, entre elas, o brincar”, explica Raiana Ribeiro, gestora do Programa Cidades Educadoras, da Cidade Escola Aprendiz.
É necessário acompanhar como as cidades têm gerado oportunidades de aprender e brincar com suas crianças; como as escolas, enquanto equipamentos urbanos, estão suficientemente articuladas com seu território educativo a fim de garantir experiências significativas fora da sala de aula; e como as cidades vêm criando ambientes seguros e criativos para que as crianças brinquem e se desenvolvam plenamente.
O Dia de Aprender Brincando é uma mobilização mundial que pretende promover tanto a brincadeira como o aprendizado fora da sala de aula. Inscreva a sua escola e participe.
“Cidade Educadora reconhece nas crianças, em suas múltiplas formas de expressão e linguagem – e brincar é a forma como a criança melhor se expressa -, um importante agente de transformação dessa cidade. Por isso, ela fomenta espaços de escuta ativa e participação social de meninos e meninas no seu dia a dia”, descreve Raiana.
As experiências que existem no Brasil, na Argentina, na Itália, na Espanha e em outros lugares do mundo demonstra que a criança, enquanto sujeito de direito, está plenamente apta a manifestar para um gestor público, por exemplo, o que falta em seu bairro para que ela possa brincar melhor.
Veja cinco pontos que exemplificam a importância e os desafios do Dia de Aprender Brincando:
1 – Alçar a brincadeira ao patamar de importância que ela deve ter em nossa sociedade. Ou seja, sensibilizar pais, mães, professores/as, educadores/as sociais, gestores/as públicos, médicos/as, profissionais da comunicação, entre outros, para a relevância do brincar na vida e no desenvolvimento das crianças.
2 – Cultivar essa reflexão mantendo-a viva no cotidiano veloz e apressado das cidades, porque é bem provável que – diante das demandas diárias – a brincadeira real seja esquecida e deixe de ser uma prioridade.
3 – Reconhecer e valorizar os benefícios que o brincar traz para as crianças, sejam eles sócio-emocionais, físicos ou cognitivos, é o primeiro passo para criar condições para que esse direito se efetive nas famílias, nas escolas e nas cidades.
4 – Articular e mobilizar parceiros que possam assumir seu papel na garantia do brincar às crianças e no acesso ao território educativo. Se considerarmos que essa é uma responsabilidade complexa e tarefa permanente de nossa sociedade, veremos que é impossível trabalhar sozinho para assegurar tempo, espaço e recursos para que as crianças brinquem livremente.
5 – A escola emerge como um parceiro estratégico desta primeira edição brasileira do Dia de Aprender Brincando. Além de ser o equipamento mais diversificado no Brasil, a escola possui grande legitimidade entre as famílias e as comunidades para levantar essa bandeira. Para isso, entretanto, ela também precisa rever como tem assegurado condições para o brincar.
“Brincar ao ar livre, no pátio, nas praças, nos espaços públicos. Que as crianças tenham a possibilidade de interagir com diferentes linguagens, recursos e possam, sozinhas ou com outras crianças, imaginar, investigar e explorar o mundo que as cerca”, defende Raiana.
*texto por Dalila Ferreira | foto de abertura por Rodrigo Corsi
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