publicado dia 31 de outubro de 2013
Mundial da Educação: cidades da Copa recebem exposições de arte
por Redação
publicado dia 31 de outubro de 2013
por Redação
por Julia Dietrich, do Centro de Referências em Educação Integral
Exposições de arte são sempre uma escolha interessante para motivar estudantes a pensar e refletir sobre diferentes temas. Segundo o filósofo alemão Theodor Adorno, a arte tem como função instigar o pensamento humano, estimular o debate entre as pessoas e a reflexão. ”A grandeza de uma obra de arte está fundamentalmente no seu caráter ambíguo, que deixa ao espectador decidir sobre o seu significado”, disse.
Dessa forma, as exposições artísticas – sejam elas em museus ou fora deles, na cidade, nas ruas, em intervenções no espaço urbano –, são poderosas oportunidades de ensino e aprendizagem, pois fundamentalmente, como apontou Adorno, a arte convida as pessoas a refletirem e pensarem sobre determinado assunto ou sobre aquilo que a obra emana, apresenta ou exemplifica.
Em Brasília, o Museu Nacional dos Correios está com a mostra “E o silêncio nagô calou em mim”, uma exposição fotográfica da pesquisadora Denise Camargo. A partir dela, professores podem convidar seus estudantes a debaterem sobre a diversidade étnica e cultural brasileira, exemplificada em registro fotográfico de festas, ritos religiosos e tradições das culturas afrobrasileiras. Nessa conversa, o professor pode desfazer mitos e preconceitos, estimulando os valores de respeito e apreciação do outro em seus estudantes. A exposição conta ainda com oficinas para educadores, nas quais são propostas atividades e reflexões a serem trabalhadas com turmas de diferentes faixas etárias.
Em Belo Horizonte, o mais célebre mural do pintor Cândido Portinari ficará exposto até o dia 24 de Novembro. Chamada de “Guerra e paz”, a imensa pintura chega a 280 metros quadrados e pode estimular que estudantes discutam as imagens nela apresentadas. A exposição conta ainda com rascunhos e vídeos que contam o processo de construção da obra, incentivando que professores possam apresentar e pensar, com suas turmas, o processo de criação de um artista e como a inspiração efetivamente dá lugar a um longo caminho de elaboração intelectual. Nessa visita, vale lembrar que não apenas professores de arte podem trabalhar os conceitos. Para a construção e divisão das imagens no painel, Portinari fez uso de fórmulas e cálculos matemáticos e seus traços são fundamentalmente baseados em geometria. A obra estimula também discussões de história e literatura, apresentando imagens que podem ser repensadas à luz do contexto social atual.
Professores de São Paulo podem levar seus estudantes à mostra fotográfica “Olhares sobre O Cortiço”, que revisita o grande romance do naturalismo brasileiro a partir de imagens contemporâneas. A exposição pode ser trabalhada em aulas de literatura, história, geografia e artes estimulando uma discussão sobre como vivem os moradores de cortiços e sobre como a obra de Aluísio Azevedo permanece atual.
Em Porto Alegre, professores podem incentivar seus estudantes a participarem das oficinas gratuitas do ColetivoJoker, que discutirão em atividades teóricas e práticas ferramentas e caminhos para estimular o processo artístico e criativo. Além dessa proposta, educadores gaúchos podem convidar o coletivo e pensar com os estudantes ações de intervenção no espaço escolar, a exemplo do que é feito em Belo Horizonte, pelo projeto Nessa Rua Tem um Rio, do Instituto Undió.
E, saindo dos museus, em Curitiba, a dica é o projeto Lixarte, no qual o grafiteiro Gustavo Silva pinta grandes toneis abandonados e os coloca em locais de grande circulação, estimulando o descarte correto dos materiais. Professores – das mais diversas áreas do conhecimento – podem estimular que seus estudantes pensem em ações que diminuam o lixo, conscientizem a comunidade escolar e preservem o meio ambiente ao mesmo tempo em que desenvolvem habilidades, como, por exemplo, as artísticas e manuais.