Perfil no Facebook Perfil no Instagram Perfil no Youtube

publicado dia 23 de setembro de 2024

Chega de fumaça: marchas por Justiça Climática pedem ação contra crise no clima 

Reportagem: | Edição: Tory Helena

🗒️Resumo: Atos convocados por movimentos sociais ocorreram nas capitais São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Florianópolis (SC) e também foram pulverizados por outras cidades brasileiras. As Marchas por Justiça Climática acontecem após semanas de grave seca, queimadas e piora na qualidade do ar.  

Após semanas de grave seca e piora na qualidade do ar em praticamente todas as regiões do Brasil por conta da fumaça das queimadas, atos pediram Justiça Climática e ações contra a crise no clima em diferentes cidades do Brasil. 

Leia + Com seca e queimadas, Brasil está na contramão do direito ao meio ambiente saudável

Convocados por movimentos sociais e entidades, as manifestações foram registradas nas capitais São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Florianópolis (SC) e Rio de Janeiro (RJ). De acordo com a Agência Brasil, aconteceram ao menos 15 atos pelo clima em todo o país. 

O que é Justiça Climática
Proposto por movimentos socioambientais globais, o conceito de Justiça Climática busca associar a luta contra a crise climática à garantia de direitos das pessoas.
A Organização das Nações Unidas (ONU) e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) reconhecem o termo.

Além de enfrentar a mais grave seca em 75 anos, que atinge severamente um terço do país, o Brasil vive uma epidemia de incêndios. O fogo já consumiu ao menos 11,3 milhões de hectares, atingindo diretamente 11 milhões de pessoas e com 538 municípios decretando situação de emergência.

Em setembro, a fumaça das queimadas cobriu os céus de Norte a Sul do Brasil, piorando a qualidade do ar do Rio Branco (AC) ao Rio Grande do Sul (RS).

A origem é principalmente da porção sul da região amazônica, incluindo os estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso. Monitoramento apontou que a ação humana é responsável por 99% dos incêndios.

Ato pelo clima em São Paulo tem forte presença indígena 

Em São Paulo (SP), a marcha aconteceu na Avenida Paulista. Com o mote “Esse calor não é normal” e “Chega de fumaça”, os manifestantes pediram reforma agrária e respeito ao meio ambiente, além de criticar o Marco Temporal e reivindicar punições mais duras para os responsáveis pelas queimadas. 

De acordo com Marco Dalama, assessor de meio ambiente da CUT-SP e membro da Coalizão Pelo Clima e Fórum Popular da Natureza, o ato reuniu 8 mil pessoas e foi marcado pela participação de diferentes segmentos sociais. Entre eles, movimentos sociais, ambientalistas, indígenas, movimentos periféricos e partidos políticos. “Essa diversidade é a nossa fortaleza“, definiu o sindicalista. 

O ato teve também forte presença indígena. Segundo o Brasil de Fato SP, os indígenas criticaram a insegurança jurídica criada pelo Marco Temporal, bem como denunciaram o assassinato de lideranças e ativistas. 

Leia +  Em meio ao clima extremo, cidades brasileiras sofrem piora na qualidade do ar 

Ao final do ato, a ativista ambiental indígena Txai Suruí, que participava da marcha, sofreu repressão da Guarda Civil Municipal (GCM), que atingiu os presentes com spray de pimenta. 

“Tem políticos que não falam da pauta climática, da pauta ambiental, da pauta dos direitos humanos. Estamos aqui para dizer que o povo está de olhos abertos, para dizer que a gente não aceita que os nossos direitos sejam negociados, que o nosso futuro seja vendido”, afirmou Txai.  

Leia + Jovens ativistas ambientais discutem crise climática e ecoansiedade

No Rio de Janeiro (RJ), a marcha por Justiça Climática reuniu centenas de ativistas na Cinelândia no dia 20/09. O ato também pressionou autoridades sobre o aumento dos eventos climáticos extremos e criticou o agronegócio.

Marchas pelo Clima e por Justiça Climática pedem ação contra crise no clima 
Manifestações acontecem após semanas de grave seca, queimadas e piora na qualidade do ar. Na foto, protesto no Rio de Janeiro (RJ).

Governo anuncia Autoridade Climática e ações mais duras contra o fogo 

Criticado pela insuficiência da reação diante da emergência climática causada pelas queimadas e pela seca, o governo federal anunciou, no dia 12/09, a criação da Autoridade Climática e de um Comitê Técnico-Científico para apoiar e articular as ações de enfrentamento à crise climática no país. 

Leia + O que é Justiça Climática 

O presidente Lula também assinou decreto que regulamenta a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. A medida define as responsabilidades do Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo e do Centro Integrado Multiagência de Coordenação Operacional Federal (Ciman). O comitê será formado por ministérios, pelo Ibama, ICMBio, organizações da sociedade civil, representantes de povos indígenas e comunidades tradicionais, entre outros. 

Além disso, o Decreto 12.189, assinado no dia 20/09, criou novas multas e endureceu as penalidades já existentes para aqueles responsáveis por fazer queimadas. O objetivo é desincentivar e coibir incêndios criminosos. 

Marchas por Justiça Climática pedem ação contra crise no clima 
Manifestação no Rio de Janeiro (RJ) por Justiça Climática tiveram críticas ao agronegócio e pedidos de ação contra a emergência climática.

Apesar das iniciativas, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que as ações planejadas pelo governo federal foram “insuficientes” diante da dimensão da crise. 

“O que nós estamos descobrindo agora é que (o planejado) não foi suficiente. E ter essa clareza e essa responsabilidade de não querer mascarar a realidade ou minimizar a realidade faz parte de uma postura republicana diante da sociedade”, disse Marina Silva em entrevista ao podcast Café da Manhã da Folha de S.Paulo. 

Leia + O que é ecoansiedade (ansiedade climática)

Para a gestora do programa Educação e Território, Lia Salomão, as ações do governo sinalizam para a urgência da pauta ambiental, que é sentida por uma diversidade cada vez maior de agentes, mas alerta que a emergência climática exige concretude.

“Acena para uma gestão intersetorial e transversal, porém, não garante ações efetivas. É preciso ir além dos discursos nesse momento e alicerçar as ações em políticas públicas de curtíssimo prazo. É o que pede do governo as ruas”, defende Lia, que é geógrafa e especialista em sustentabilidade.

*Com informações da Agência Brasil 

Com seca e queimadas, Brasil está na contramão do direito ao meio ambiente saudável

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.