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Publicado dia 25 de outubro de 2016

Cultura

“Todos a vivem [a cultura] sem se dar conta que seja ou não cultura. Ela se produz socialmente, mas acontece, naturalmente. Flui, semelhante às piscadelas. A cultura é algo humano, social, público, visível, perceptível, notório, mas microscópico.”
Tião Rocha, antropólogo e educador

De acordo com o historiador Alfredo Bosi, a palavra cultura advém da palavra Colo, que significa em latim “eu moro, eu cultivo”. Inicialmente, a palavra designava as culturas agrícolas (de beterraba, de cenoura) e, posteriormente, o verbete passou a se referir ao conjunto de ideias e tradições de um povo. Como os antepassados eram enterrados no mesmo solo no qual o alimento do povo era plantado, a palavra cultura passou também a designar o cultivo das tradições, dos cultos, ritos e identidade de cada população.

Para as concepções de Educação Integral e Cidade Educadora, o significado sociológico da palavra cultura é bastante significativo – já que designa o conjunto dos valores e conhecimentos perpassados de geração a geração: culinária, vestuário, religião, manifestações artísticas (dança, música, poesia), língua, ideologia, entre tantos outros signos.

Todos esses elementos são essenciais para a construção de uma Educação Integral de fato. Segundo o professor da Faculdade de Educação da UFMG, Miguel Arroyo, “cada indivíduo é um sujeito total, integral, enquanto sujeito de ética, de valores, de cultura, de imaginação e a educação tem que dar conta de todas essas dimensões do ser humano.

Cada comunidade (bairro, cidade, estado, país) possui um conjunto cultural diverso, que pode e deve ser aproveitado no desenho curricular das escolas, estimulando que os estudantes não só descubram mais sobre a comunidade e suas histórias e valores, mas pautando aquilo que se apresenta como formador ou estruturante daquele território ou grupo de pessoas.

Para o antropólogo e educador popular Tião Rocha, fundador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, em entrevista ao Porvir, a cultura, – como esse imenso caldeirão de histórias, memórias e comportamentos das pessoas e comunidades -, transforma “indivíduos em pessoas”. Para Rocha, são suas tradições familiares, suas percepções e memórias que garantem que o indivíduo se perceba enquanto sujeito político e de direitos. “Esse afastamento das pessoas, da sua realidade, do seu mundo, do seu universo de tradições familiares e culturais é um problema sério de falta de fixação do indivíduo com sua identidade. Ele vira massa de manobra”, explica na mesma reportagem.

Dessa forma, na perspectiva da Educação Integral, os processos de ensino e aprendizagem devem salvaguardar o direito à cultura de cada pessoa e que ela possa compreender e atuar sob a perspectiva dos seus saberes e dos saberes de sua comunidade.

Referências:

Colônia, Culto e Cultura In: Dialética da Colonização, de Alfredo Bosi.

Cultura, matéria-prima da educação In: CPCD, de Tião Rocha.

Cultura e democracia, de Marilena Chauí. In: Crítica y emancipación : Revista latinoamericana de Ciencias Sociales. Año 1, no. 1 (jun. 2008- ). Buenos Aires: CLACSO, 2008.

Cidadania Cultural: O Direito à Cultura, de Marilena Chauí. São Paulo: Perseu Abramo, 2006. Esgotado.

“É possível fazer educação de qualidade sem escola” – Entrevista com Tião Rocha, no site Porvir.

Oportunidade educativa:

Videoaula do Telecurso 2000, de sociologia, sobre o tema da Cultura:

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