Cidade Escola Porto Alegre
Publicado dia 9 de janeiro de 2017
Publicado dia 9 de janeiro de 2017
O projeto Cidade Escola, da Secretaria Municipal de Educação (Smed) da Prefeitura de Porto Alegre, foi criado há uma década com o objetivo de aproximar o conhecimento produzido no espaço urbano com a educação ofertada para crianças e jovens no espaço escolar, tentando responder à pergunta: de que maneira uma política pública de contraturno pode contribuir para a construção de uma Cidade Educadora?
A iniciativa – que atualmente contempla todas as escolas de ensino fundamental da cidade (48 no total) – oferece, durante o tempo ampliado de permanência dos alunos, atividades relacionadas às artes, cultura, esporte, lazer, inclusão digital, educação ambiental, musical e étnico-racial. Ao final de 2015, o programa atendia cerca de 26 mil estudantes a partir dos seis anos de idade.
De acordo com a coordenadora do Cidade Escola, Maria Cristina Garavelo, a rede municipal da capital gaúcha sempre teve vocação para a educação integral, com projetos de complementos curriculares nas áreas de educação física e ambiental, artes e robótica, entre outras. “A partir de 2006, a EMEF Neusa Brizola, em função de sua tipologia física e de estrutura relacionada ao número de alunos, que era mais reduzido, foi escolhida para dar asas ao projeto. Sempre com a ideia de a escola se abrir para a cidade e o inverso também.”
Território de aprendizado
Dentro do projeto, existem duas possibilidades de convênio: um onde os estudantes saem do espaço escolar e realizam atividades nas instituições parceiras, e outro no qual educadores sociais realizam oficinas nas escolas.
“No início, este trabalho foi pensado com o objetivo de resolver uma questão de espaço físico que a escola não tinha”, retoma Maria Cristina. “Mas hoje percebemos a riqueza desses outros atores sociais na educação.” A coordenadora cita o convênio com o projeto Social Futebol Clube – que leva os alunos à campos de várzea de Porto Alegre para a prática da modalidade – e com a escola de samba Estado Maior da Restinga, que compartilha os conhecimentos de ritmistas locais através de aulas de percussão e batucada. “Eles trazem outras formas de olhar essa realidade das crianças e adolescentes”, acredita.
O projeto também realiza encontros de formação com os coordenadores pedagógicos e educadores da rede municipal de ensino com a participação das instituições conveniadas à iniciativa, para afinar e integrar os trabalhos pedagógicos entre escolas e convênios.
“Nas escolas contempladas pelo projeto, o nível de alfabetização infantil é bem superior do que aquelas de tempo parcial. Além disso, a forma como os alunos se relacionam com o espaço escolar é diferente. As outras possibilidades e diversidade de experiências contribuem muito para esse resultado”, defende Maria Cristina, que enfatiza: “Esse projeto deve ser garantido como uma política pública e um direito das crianças e adolescentes de forma sistêmica dentro da escola.”
Articulação comunitária
Professora e coordenadora do Cidade Escola na EMEF Afonso Guerreiro Lima, situada no bairro de Lomba do Pinheiro, Luciane Swirky não tem dúvida de que, desde a implementação do projeto, os alunos possuem outra relação com a escola. “Esse universo de conhecimentos ampliado dá acesso a muitos outros saberes. É um progresso imenso dentro da rotina semanal das crianças e jovens.”
Luciane afirma que, em diversos momentos, a escola realiza “intercâmbios” com outros lugares da cidade, seja para a apresentação de atividades culturais, seja para a participação em campeonatos esportivos. “A comunidade participa bastante dos eventos que a gente faz. Existe muita troca”, aponta.
O Museu Comunitário de Lomba do Pinheiro é um dos locais visitados regularmente pelos estudantes, que realizam o Tour da Lomba, passando por locais importantes e históricos do bairro. “Também temos turmas que participam semanalmente de atividades de educação ambiental, na biblioteca, na horta comunitária e no centro recreativo.”
Parcerias
O projeto Cidade Escola conta com 19 instituições parceiras, que disponibilizam profissionais capacitados e espaços para a realização de atividades. Uma delas é a Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional (FECI), que desde 1976 funciona como braço social do clube gaúcho.
De acordo com Rui Corrêa, coordenador geral do Núcleo FECI – Cidade Escola, a Fundação é o convênio com o maior número de atendimentos no programa: 39 escolas, cerca de três mil alunos e 130 educadores. “O projeto está cumprindo o objetivo de fortalecer o aprendizado de crianças e jovens”, crê.
“É muito bom que exista o compromisso de uma instituição como um clube de futebol em contribuir para o desenvolvimento da sociedade através da educação.”