Em sua segunda edição, a “Mostra Júnior”, segmento da Mostratec voltado aos projetos desenvolvidos por alunos do ensino fundamental, aumentou sua representatividade e participação. Em 2011 apenas escolas de Novo Hamburgo, cidade sede do evento, participaram com 12 projetos inscritos. Este ano o número subiu para vinte e, além de Novo Hamburgo, outros municípios, como São Leopoldo e Bom Princípio estiveram presentes.

Na exibição aos visitantes, no pavilhão da Fnac, as duplas ou trios contavam entusiasmados suas descobertas e aprendizados e revelavam já terem novos projetos de pesquisa em mente. Os assuntos eram bem variados e desenvolvidos, em sua maioria, a partir de situações intrigantes do cotidiano.

Água-viva

Este foi o caso das colegas Bruna Czerwinski e Bruna de Longhi, ambas com 12 anos de idade, estudantes da 6ª série e autoras da pesquisa “Águas-Vivas”. “Um dia, caminhando na praia, encontramos uma água-viva muito grande, em Tramandaí [litoral do RS]. Ficamos muito curiosas com aquele ser sem ossos, que não tinha nada por dentro”, revela animada a primeira garota, enquanto recebia os visitantes da mostra.

“Na hora a gente pensou que nada está no mundo por acaso. A gente queria entender qual é a finalidade das águas-vivas, qual sua importância para os seres humanos”, prossegue Bruna Czerwinski. Ela reforça ainda que, além de ciências, estudou também conteúdos de geografia e matemática para elaborar o projeto. “Saímos da escola e fomos à biblioteca pública de São Leopoldo e da Unisinos para pesquisar”, afirma.

Comunidade

Ao escolher um tema para pesquisa, os estudantes Bruna Luiza Moraes, Cristian Rodrigo Thums e William Preuss Pereira, todos com 14 anos e alunos da 7ª série da EMEF São José, em Bom Princípio, queriam um assunto que contribuísse para o cotidiano de toda a comunidade. Foi assim que chegaram às formas de prevenção e conscientização de doenças facilmente transmissíveis pelo contato, como a gripe, e até mesmo a dengue, no projeto “A Saúde Passa Pelas Mãos”.

Para sensibilizar a comunidade, eles criaram folders artesanais, distribuídos durante o semestre letivo, além de desenvolverem recipientes para descarte apropriado de material orgânico passível de contaminação, como goma de mascar ou mesmo papel utilizado em atividades diárias. “Queríamos um projeto que fosse simples, prático e funcional, que tratasse dos hábitos e costumes das pessoas no dia a dia, e não só na escola, mas na comunidade em geral”, ressalta Cristian.

Escrita em braile

Dois alunos portadores de deficiência física na escola – um cadeirante e um cego – e as dificuldades de locomoção que eles enfrentam no cotidiano, mobilizaram um trio de alunas da 8ª série da EMEF 12 de Maio, em Bom Princípio. Caroline Beatriz Schwalkartt, de 14 anos, uma das integrantes do grupo, ao lado de Taimara Luana da Silva, 15, e Jamile Altmann Ludwig, 14, comemoram as mudanças efetivas conseguidas por elas. “Graças à pesquisa conseguimos uma vaga de estacionamento na frente da escola para deficientes, garantida pela prefeitura da cidade, além de uma máquina para escrita em braile”, diz a estudante.

Com o projeto, “Acessibilidade: O Conhecimento Dando Oportunidade Igual a Todos”, elas também distribuíram faixas de sinalização antiderrapante pela escola, aprovadas pelos alunos. “Além disso, estudamos como se calculam rampas de acesso e descobrimos que cada grau de inclinação necessita de oito centímetros de extensão”, diz Taimara.

Para o futuro, elas já têm planos para outras pesquisas. “Queremos levar esta pesquisa adiante, criando elevadores eletrônicos pensados para pessoas com dificuldade de mobilidade”, planeja a jovem Jamile.