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publicado dia 2 de outubro de 2012

Pesquisadores da UnB exaltam obra de Eric Hobsbawm

Por Cristiano Torres, da Agência UNB.

O historiador inglês Eric Hobsbawm – que morreu na madrugada desta segunda-feira, 1º, em Londres, aos 95 anos – foi um dos mais importantes intérpretes da contemporaneidade. Assim se referiram a ele alguns professores da Universidade de Brasília que, ao longo do dia, ressaltaram a incomum capacidade de Hobsbawm para aliar clareza à sua enorme erudição e ao necessário rigor exigido pelo pensamento científico.

Para o professor Estevão de Rezende Martins, por exemplo, o historiador inglês possuía um conhecimento “monumental” e uma capacidade rara de “analisar a história do mundo a partir de grandes sínteses conceituais”. Para o professor “O mais importante, porém, é que Hobsbawm dirigia sua atenção sempre para os marginalizados, para os anônimos da história, que a ciência tradicional durante muito tempo esqueceu”, comentou.

Martins teve o raro privilégio de desfrutar da companhia de Hobsbawm durante um breve encontro com o historiador em 2000, durante o Congresso Mundial de História realizado em Oslo, na Noruega. “Foi uma conversa agradável e descontraída com esse grande autor, regado a uma boa cerveja e em pleno verão norueguês”, contou.

Já o professor Marcos Magalhães de Aguiar, do Centro de Memória Digital da UnB, considera que a vinculação ideológica jamais comprometeu o trabalho do historiador inglês e que, justamente sua base teórica marxista permitiu que reconhecesse a importância de temas como a história dos trabalhadores, dos processos revolucionários e de outros aspectos marginalizados pela universidade até meados do século passado. “Ele não era um dogmático, um militante partidário: foi um intelectual que uniu a teoria de base marxista à sua rara capacidade de sintetizar grandes panoramas da história em conceitos complexos, mas que sabia explicar, sem rebuscamentos, até para os leigos”, ressaltou.

Marcos Magalhães de Aguiar lembrou também a grande influência dele no pensamento acadêmico brasileiro. “Talvez pelo momento que a obra começou a ser conhecida; na mesma época em que se consolidou a influência do marxismo no pensamento histórico brasileiro. Além disso, ele foi um grande entusiasta da nossa experiência política recente e estava otimista com os resultados dos governos Lula e Dilma”, conta o professor.

Muito produtivo e com uma erudição que ultrapassava os limites das linhas de pesquisa universitárias, Eric Hobsbawm se mostrou um grande interessado na história da arte do século XX, principalmente do Jazz e da música de matriz africana dos Estados Unidos da América. “Hobsbawm ultrapassou os limites restritos do que normalmente estamos acostumados a chamar de história. Ele compreendeu a importância capital da cultura no desenvolvimento social e político. Para Hobsbawm, o Jazz e a música dos negros foi mais uma maneira de compreender melhor o desenvolvimento do século XX”, explicou o professor Antônio José Barbosa, que concluiu: “Foi um historiador que nos ensinou a não julgar os fatos, mas, antes de tudo, a compreender os acontecimentos históricos”.

VIDA – Autor de obras como A Era das Revoluções, A Era do Capital, A Era dos Impérios e A Era dos Extremos – este último traduzido para mais de 40 línguas –, Hobsbawm nasceu em uma família judia, em 1917, cresceu em Viena e em Berlim e mudou-se para Londres em 1933, ano em que o nazista Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha. E foi sua experiência como estudante na Alemanha que consolidou seu pensamento progressista. Ele também se debruçou sobre a história da música, como no livro A História Social do Jazz.

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