publicado dia 2 de abril de 2014
Teve início nesta nesta terça-feira (1/4) a Série de Encontros pela Educação, atividade que marca a construção do programa de governo do pré-candidato petista ao governo estadual de São Paulo, Alexandre Padilha. Realizado no centro da capital paulista, o evento reuniu educadores, pesquisadores, sindicalistas e gestores da área, além de jornalistas convidados.
Acompanhado de Lúcia Couto, ex-secretária de Educação de Diadema e ex-coordenadora geral de Ensino Fundamental do MEC (Ministério da Educação), Padilha apresentou um diagnóstico da educação estadual em São Paulo e ressaltou que o tema será prioridade em seu programa de governo.
“Qualquer governo há de ter com a educação o mesmo compromisso que têm os professores que acreditam nos seus alunos e não desistem da profissão, apesar de anos de desvalorização”, afirmou Padilha. “Além de ser importante para a produtividade e para a inovação tecnológica, a educação é essencial para a solução de conflitos e a promoção da cultura da paz.”
Ao falar sobre a violência policial existente nas periferias da região metropolitana de São Paulo, Padilha afirmou que, para combater o extermínio de jovens pobres e negros nesses locais, são necessárias políticas integradas de juventude. “A caravana está fazendo esse debate em cada região, pois as juventudes também variam dentro do estado. Aos jovens do interior, precisamos construir esperança e dar oportunidades para eles realizarem tudo o que se espera deles”, aponta o ex-ministro. “Além de concluir o ensino superior, ele deve ser conectado com o mundo, ter acesso à internet, ter formação e acesso ao mercado de trabalho.”
Pesquisa
Durante o evento, que contou com a presença de Cesar Callegari, secretário municipal de Educação de São Paulo, e Moacir Gadotti, diretor do Instituto Paulo Freire, foi apresentada uma pesquisa realizada pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), em parceria com o Data Popular, sobre a qualidade da educação nas escolas estaduais de São Paulo.
A pesquisa revela que, dos cinco milhões de alunos na rede estadual de ensino, 46% afirmam que foram aprovados sem terem aprendido o conteúdo da disciplina. Quanto aos professores, mais da metade deles são contratados de forma temporária e 1/3 das escolas paulistas não têm uma sala exclusiva destinada a eles.
Educação integral
Os alunos ainda reclamam do formato das aulas. De acordo com a pesquisa, a maioria deles acredita que a escola ideal deveria dar mais liberdade e ter menos formalidade, promovendo atividades extracurriculares e utilizando outros espaços para além da sala de aula, além de maior interação com internet e tecnologia. Ao ser questionada se essa demanda não se enquadra justamente nos conceitos de educação integral, Lucia Couto afirmou que essa ideia ainda não está difundida da maneira como deveria.
“A educação integral em si não foi implantada. É um conceito diferente de educação em tempo integral. É isso que estamos devendo aos jovens”, aponta Lucia. “Na educação integral, a escola é mais do que ela mesma e seus espaços físicos. Nela, podem-se agregar novas linguagens e conhecimentos à educação formal.” Para ela, um dos poucos consensos entre quem pensa educação no Brasil é o de que o Ensino Médio não está acolhendo a juventude.
Carta
Os apontamentos da Série de Encontros pela Educação – que acontecerá sempre às terças-feiras, de abril a junho – servirão de base para o documento intitulado “Carta ao Povo Paulista”, que apresentará os compromissos do pré-candidato para a educação no estado.