publicado dia 12 de março de 2014
do Estadão e do blog Árvores de São Paulo
Tombado pelo patrimônio histórico desde 1994, o Parque Burle Marx –localizado na zona sul de São Paulo, às margens da Marginal Pinheiros – tem um terreno vizinho que abriga uma reserva de Mata Atlântica com mais de 5 mil árvores, em uma área de proteção ambiental de 717 mil m².
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Segundo representação feita por moradores da região ao Ministério Público Estadual (MPE), esse espaço dará lugar a dois empreendimentos com 16 torres, criando um paredão ao redor do parque.
O promotor do Meio Ambiente, José Roberto Rochel, instaurou um inquérito civil para apurar a denúncia de que o desmatamento começou em fevereiro. A área, que pertencia ao Fundo Imobiliário Panamby, foi dividida em duas partes. Ambas foram vendidas para incorporadoras: uma para a Cyrela e outra para a Camargo Corrêa.
Um alvará para a construção das torres no terreno pertencente à Camargo Corrêa já tramita na Prefeitura de São Paulo, mesmo com o governo indeferindo um pedido para obras na área. As duas incorporadoras confirmam a intenção de ocupar os terrenos, mas garantem que respeitarão a legislação ambiental.
Em 2003, o governo municipal concedeu uma autorização para a edificação da área. A Camargo Corrêa ainda precisa das licenças ambientais para o início do desmatamento, enquanto a Cyrela ainda não fez o pedido de licença para a construção. Porém, moradores que vivem ao redor da área relatam um suposto desmatamento que teria sido iniciado em fevereiro. Eles enviaram ao MPE fotos e vídeos sobre o caso.
Biodiversidade
Um laudo técnico sobre a biodiversidade da área, produzido pelo blog Árvores de São Paulo, afirma que o terreno possui imenso valor ambiental e histórico para os paulistanos, já que é um trecho remanescente das várzeas e florestas inundáveis do Rio Pinheiros.
“Preservar tal área, em sua totalidade, é de suma importância como patrimônio ambiental, cultural e histórico que constitui”, aponta o documento, que ainda resgata a imagem do paisagista que batizou o parque adjacente ao terreno (Burle Marx) como um ” defensor e divulgador incansável da nossa biodiversidade. [Desse modo] torna-se ainda mais emblemático e necessário o seu tombamento e preservação para aproveitamento das atuais e futuras gerações de paulistanos”, conclui.