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Fazer um curso superior nos Estados Unidos é um privilégio caro e pode ficar ainda mais: passou, nesta segunda-feira (1/7), pelo Congresso americano uma medida que dobra os juros do Stafford Loans, um fundo federal que destina verbas para estudantes universitários com taxas mais baixas que a do mercado. A taxa, que era de 3,4% ao ano, subiu para 6,8%, o que pode significar um aumento de até US$ 1200 por estudante.

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A medida, que ainda pode ser revogada neste ano pelo Congresso, apareceu como mais uma pedra no sapato dos estudantes e da economia norte-americana. Pesquisas recentes do Instiuto One Wisconsin revelam que as dívidas estudantis acumulam hoje US$ 1 trilhão – mais do que o devido por cartões de crédito nos EUA.

“No grande esquema de todos os empréstimos que já tenho, não fará tudo sair do controle. Mas de fato não me ajuda em nada”, disse Angie Platt, 20, estudante da Universidade de Iowa que espera se formar com uma dívida de US$ 60 mil dólares, ao Washington Post. Outros estudantes ouvidos pelo jornal afirmam que terão que trabalhar mais para conseguir se ajustar aos novos juros, ou pedir dinheiro aos pais.

Público e caro

O sistema de educação superior nos EUA é pago inclusive na rede pública e isso tem impactado negativamente o acesso: estima-se que apenas um terço dos egressos das escolas norte-americanas consigam entrar em faculdades, algo próximo dos anos 1970, quando o ensino superior se expandia e as universidades públicas conseguiam oferecer cursos baratos.

A pesquisa do One Wisconsin, feita com mais de 61 mil americanos, também denuncia o impacto que os empréstimos estudantis têm na vida das pessoas. Com as dívidas levando, em média, 17 anos para serem pagas, a taxa de ex-universitários que possuem casa própria é 36% menor que de quem não estudou em faculdade. Até o presidente Barack Obama conta que só conseguiu terminar de pagar suas dívidas da universidade quando se tornou senador pelo estado de Illinois.

“O ensino superior deveria ser um caminho para a ascensão social, não um fardo de 20 anos. 37 milhões de americanos estão sobrecarregados com essas dívidas, que são uma crise para toda nossa economia. A alta da taxa de juros estudantis é completamente inaceitável”, contestou Scott Ross, diretor do One Wisconsin.

O quadro também agravado pela alta das mensalidades. A colunista Joan Walsh, do site Salon, relata em artigo que quando se formou na Universidade de Wisconsin, na década de 80, ela pagava US$ 400 dólares por semestre. Agora é quase 15 vezes isso, com US$ 5.500 por semestre, o custo anual de um estudante (com quarto, livros e taxas) é de US$ 24.000 dólares.

“Que tipo de sociedade manda seus jovens da universidade para a vida adulta desse jeito? Eu sei que apenas um terço dos jovens vão para a universidade, mas se estamos tratando assim dos “sortudos”, o resto não tem chance. Para muitos, o caminho da escola para a prisão é mais eficiente que o para a faculdade. A Califórnia é um dos 10 estados que hoje gasta mais com prisões que com ensino superior”, protestou Walsh.


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