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publicado dia 13 de setembro de 2024

Em meio ao clima extremo, cidades brasileiras sofrem piora na qualidade do ar 

Reportagem: | Edição: Tory Helena

🗒️Resumo: De Norte a Sul do Brasil, fumaça de queimadas combinada com tempo seco e quente deixa qualidade do ar insalubre em municípios. Falta de políticas públicas de resiliência e prevenção agrava o cenário. 

Como está a qualidade do ar em seu território? Desde o final de agosto, a fumaça de queimadas, associada ao tempo seco e quente, tem deixado a qualidade do ar insalubre em boa parte do país. 

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A situação é mais grave na região Centro-Oeste e Norte, com cidades como Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO) sendo bastante atingidas. Mas a qualidade do ar piorou significativamente também em locais como São Paulo (SP), Brasília (DF) e Porto Alegre (RS). 

Mapa mostra concentração de poluentes derivados de queimadas no Brasil
Mapa mostra concentração de poluentes (PM 2.5) derivados de queimadas no Brasil. Imagem: Satélite Copernicus via Windy.com

O acúmulo de partículas provenientes das queimadas deixou o tempo esfumaçado e o Sol alaranjado em diferentes regiões. Especialistas apontam que as queimadas são causadas por ação humana. 

“É um misto de ação humana com cenários de destruição potencializados pelo aquecimento global”, afirma Diana Sampaio, do Instituto ClimaInfo. 

Queimadas deixam biomas vulneráveis 

De acordo com monitoramento do MapBiomas Brasil, de janeiro a agosto de 2024 os incêndios consumiram 11,39 milhões de hectares no Brasil. Metade (49%) dos incidentes aconteceram só no último mês. De acordo com o relatório mensal Monitor do Fogo, em comparação com agosto do ano passado, o salto foi de 149%. A área perdida é equivalente ao estado da Paraíba. 

Fumaça de queimadas piora a qualidade do ar em cidades como São Paulo (SP)
Acúmulo de partículas provenientes das queimadas piorou o ar e deixou o tempo esfumaçado em São Paulo (SP) no começo de setembro de 2024.

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Os territórios mais afetados pelos incêndios são Mato Grosso, Pará, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Amazonas e São Paulo. Entre os biomas, os mais atingidos foram o Cerrado e a Amazônia.

“Agosto trouxe um cenário alarmante para o Cerrado, com um aumento expressivo da área queimada, a maior nos últimos seis anos. O bioma, que é extremamente vulnerável durante a estiagem, viu a maior extensão de queimadas nos últimos seis anos, refletindo a baixa qualidade do ar nas cidades.” detalhou Vera Arruda, pesquisadora no IPAM e coordenadora técnica do Monitor do Fogo. 

Seca é a mais intensa da história

A emergência climática pela qual passa o Brasil também inclui um cenário de seca extrema. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), trata-se da seca mais intensa já observada no país nos últimos 75 anos.

Entre os motivos apontados pelo órgão de monitoramento para a seca, estão a estação chuvosa deficitária no Centro-Norte do país, resultando em níveis dos rios abaixo do esperado. Outro ponto é que a estação seca atual está mais intensa do que o normal e começou de forma antecipada, em abril. 

O Cemaden também apontou fenômenos de longo prazo: a crise climática em curso tende a produzir sequências mais longas de dias sem chuva. 

Além disso, a substituição de florestas por áreas de agricultura ou pastagem degradam uma fonte importante de umidade do ar e do solo, o que também reduz as precipitações. 

Em reação à gravidade do cenário, o governo federal anunciou que editará uma Medida Provisória para estabelecer a Autoridade de Emergência Climática, com o objetivo de acelerar a aplicação de medidas de combate a eventos climáticos extremos. 

Crise climática e o direito a um Meio Ambiente saudável

Diana Sampaio, do Instituto ClimaInfo, aponta que embora as atuais queimadas sejam provocadas por ação humana, elas são potencializadas pelas mudanças no clima.

“Ainda estamos no inverno, porém, vivemos uma situação de seca prolongada e onda de calor. Vemos recordes preocupantes de baixa de rios amazônicos, que ainda não se recuperaram da estiagem extrema de 2023. Também áreas que pegaram fogo em 2020 ainda não se recuperaram, então a biodiversidade está sensibilizada”, elenca Diana.

O acesso a um meio ambiente limpo, saudável e sustentável é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um Direito Humano desde 2022. No entanto, a garantia desse direito está longe de se tornar uma realidade.

No Brasil, 16 das 27 capitais não têm planos definidos para enfrentar o cenário das mudanças climáticas. Além disso, para além da seca atual, 1641 municípios estão vulneráveis às chuvas.

“Os passos dados pelo poder público são sempre após grandes desastres. Em situação de emergência e de contenção de danos, sem políticas públicas de prevenção e resiliência dos nossos biomas, estaremos sempre no modo de mitigação. E, com isso, nossa população se vulnerabiliza, principalmente pelo fato que, um dos pontos principais das mudanças climáticas é o aumento da frequência dos eventos extremos”, explica Diana.

*Colaborou Tory Helena 

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