publicado dia 20 de dezembro de 2023
Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira: mostra no CCBB visibiliza arte negra
De 16/12/2023 até 18/03/2024
publicado dia 20 de dezembro de 2023
De 16/12/2023 até 18/03/2024
Resumo: Com 150 obras e 61 artistas, mostra “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira” visibiliza presença negra na história da Arte no CCBB, em São Paulo (SP). A exposição percorre a produção artística afro-brasileira do século 19 aos tempos atuais. Derivada do mapeamento do Projeto Afro, a coletânea é gratuita e fica em cartaz até 18 de março de 2024.
Uma coletânea de obras de artistas negros e negras é o foco da exposição inédita “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira” do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo (SP). Recém-aberta ao público, a mostra ficará disponível gratuitamente para visitação até 18 de março de 2024 e reúne a produção de 61 artistas, de diferentes regiões, nos últimos dois séculos no Brasil.
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Ao todo, são cerca de 150 pinturas, fotografias, esculturas, instalações, vídeos e documentos que abordam uma variedade de temáticas, técnicas e descritivos, distribuídos pelos cinco andares do espaço. Segundo o CCBB, a visitação tem duração média de duas horas.
“O propósito da mostra é um diálogo transversal e abrangente da produção artística afro-brasileira no país”, explica o curador Deri Andrade, criador da plataforma Projeto Afro, voltada ao mapeamento e difusão de artistas negros da cultura afro-brasileira.
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A exposição é um desdobramento do Projeto Afro, em desenvolvimento desde 2016 e lançado em 2020, que hoje reúne cerca de 300 artistas catalogados na plataforma. São nomes que abarcam um vasto período da produção artística no país, do século 19 até os contemporâneos nascidos nos anos 2000.
“A exposição traz outra referência e um novo olhar da arte nacional aos visitantes. A história da arte do Brasil apaga a presença negra e o artista negro do seu referencial”, complementa o curador.
O trabalho de pesquisa por trás do projeto e da exposição nasceu do desejo e, na sequência, da frustração de Andrade ao não encontrar muitas referências em torno da arte afro-brasileira no Brasil. Ao se debruçar em publicações, materiais de outras exposições e inúmeras pesquisas para o mapeamento de artistas negros e suas obras pelo Brasil, o pesquisador iniciou um minucioso projeto de catalogação de uma arte que, por vezes, foi marginalizada pela sociedade.
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Exposição é dividida em cinco eixos
A exposição foi desenhada em cinco eixos que, a partir de nomes centrais, revela a presença negra na Arte em diferentes contextos, gerações e regiões do Brasil.
A mostra percorre do período pré-moderno à contemporaneidade e discute eixos temáticos em torno de cinco artistas negros emblemáticos: o pintor carioca Arthur Timótheo da Costa (1882-1922), a pintora e bordadeira mineira Maria Auxiliadora (1935-1974), além dos baianos Mestre Didi (1917-2013), Rubem Valentim (1922-1991) e Lita Cerqueira (1952).
Representatividade, luta política, direitos e relações espirituais são alguns dos eixos da exposição, que se conecta com a obra e a vida dos artistas destacados.
A exposição conta ainda com cinco trabalhos comissionados assinados por Gustavo Nazareno, Lídia Lisboa, Elidayana Alexandrino, Helô Sanvoy e Rafael Bqueer. A primeira obra da coleção do Projeto Afro, do artista Vitú de Souza, também compõe a mostra.
Como é a mostra Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira
No primeiro eixo, o público confere a arte de Arthur Timótheo da Costa, cuja produção transita entre os séculos 19 e 20, expõe a relação do artista com seu ateliê, com a pintura, a fotografia e com artistas que se autorretratam. Seus traços revelam certa dramaticidade e evoluem para uma obra pré-modernista.
Rubem Valentim, homenageado na segunda parte, é considerado um mestre do concretismo brasileiro. Propõe uma discussão sobre forma e elementos religiosos. Iniciou a carreira produzindo de natureza-morta a flores e paisagens urbanas e enveredou para o uso de símbolos e emblemas geométricos de religiões de base africanas.
Já o terceiro eixo é dedicado à Maria Auxiliadora, que encanta pelo uso das cores em seus retratos, autorretratos e festas religiosas. Mas não só. Sua obra carrega uma discussão mais política, engajada no debate sobre moradia, territórios, segurança alimentícia e direitos da população negra.
Mestre Didi, na quarta seção, foi artista e sacerdote, revelando muito da espiritualidade e da relação Brasil-África em seus trabalhos. Sua obra também é marcada pelo uso de materiais naturais como búzios, sementes, couro e folhas de palmeira e trata bastante das afro-religiosidades a partir das relações entre Brasil e África.
No último eixo, a artista central é Lita Cerqueira, única ainda viva dentre os cinco nomes-chave da exposição. Aos 71 anos se consagra como uma das mais importantes representantes da fotografia brasileira, com reconhecimento internacional. Iniciou a carreira capturando imagens de festas populares da Bahia, da capoeira e detalhes da arquitetura do centro histórico de Salvador. Logo depois, enveredou para a fotografia cênica, realizando importantes registros de músicos de sua época, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa.
A mostra oferece ainda laboratórios e oficinas e conta com um espaço próprio do Projeto Afro, no qual o público poderá consultar materiais de pesquisa e acessar a plataforma.
A entrada é gratuita e os ingressos estão disponíveis no site ou na bilheteria do CCBB.
Exposição: Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira
De 16/12/2023 às 09:00 até 18/03/2024 às 20:00
Rua Álvares Penteado, 112, Centro Histórico de São Paulo (SP)
https://ccbb.com.br/sao-paulo/programacao/encruzilhadas-da-arte-afro-brasileira/