publicado dia 6 de agosto de 2025
Seminário Mudanças Climáticas e Juventudes focaliza impactos da crise climática para a Saúde
Reportagem: Tory Helena
publicado dia 6 de agosto de 2025
Reportagem: Tory Helena
🗒️Resumo: Estudantes, ativistas, educadores, profissionais da Saúde e parlamentares participaram do Seminário Mudanças Climáticas e Juventudes na quarta-feira (06/08). Com foco nos impactos da crise climática na Saúde dos jovens, evento aconteceu na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Com objetivo de ser um espaço de diálogo, escuta e construção coletiva, o Seminário Mudanças Climáticas e Juventudes ocupou a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) na manhã da quarta-feira, 6 de agosto.
Programa Adolescente Saudável
Promove a saúde na adolescência e ensina jovens de 10 a 24 anos a multiplicarem conhecimentos sobre a prevenção das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), contribuindo para uma sociedade justa.
Organizado pela Plan International, por meio do Programa Adolescente Saudável, o encontro reuniu estudantes, ativistas e parlamentares, além de profissionais da Saúde e da Educação, para debater o protagonismo das juventudes diante da emergência climática.
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“Nesse momento, precisamos mitigar tudo o que já aconteceu. Mas o que fazer para não continuar aumentando o desastre no planeta e no nosso país?”, questionou a CEO da Plan International, Cynthia Betti, durante a abertura do evento, que teve transmissão ao vivo.
“O impacto das mudanças climáticas é uma realidade, talvez o nosso principal desafio enquanto geração. As mudanças climáticas não são um problema do futuro e os seus impactos não são uma suposição, mas uma realidade que já impacta a vida de milhões de pessoas. E se ela acontece para todo mundo, os impactos não são iguais para todos. Ele é maior para quem é vulnerabilizado na sociedade: mulheres, idosos, crianças, população negra, ribeirinha, indígena, quilombola e para os adolescentes”, destacou a deputada estadual Marina Helou (Rede -SP) em sua fala.
Além da representante da sociedade civil e da parlamentar, a abertura contou com a fala de dois adolescentes que atuam no Programa Adolescente Saudável como multiplicadores. “Esse era um assunto que só pessoas de poder e influência poderiam falar. Mas hoje, eu, como jovem periférico [estou aqui] e é uma grande honra falar com vocês”, destacou Tony Brian, de 17 anos, morador do bairro Cidade Ademar, que compartilhou desafios e ações de comunicação sobre mudanças climáticas realizadas por ele e os colegas em escolas da capital.
Assista ao Seminário Mudanças Climáticas e Juventudes:
Com mediação de Julia Gouveia, especialista da Plan International sobre Mudanças Climáticas, a segunda mesa do Seminário Mudanças Climáticas e Juventudes enfocou a questão da Saúde e das desigualdades no contexto da crise no clima.
Para Andreia Coutinho Louback, do Centro Brasileiro de Justiça Climática, é preciso reforçar as narrativas e informações sobre mudanças climáticas até que as políticas públicas para sua mitigação e enfrentamento se concretizem. Além disso, destacou a importância da territorialização das discussões e da intersecção entre raça, gênero e clima.
“Para falar de Saúde, tem um ponto de partida, tem um corpo a ser interpretado”, afirmou a jornalista, que é um dos principais expoentes no debate de raça, gênero e classe na agenda climática no Brasil.
“A agenda climática é de vida ou morte. Não só a morte física, mas também a morte dos sonhos e da possibilidade de um futuro sustentável e seguro”, reforçou a mestra em Relações Étnico-Raciais mestre em Relações Étnico-raciais pelo CEFET/RJ e pela Fulbright Scholar na Universidade da Califórnia (UC Davis).
Ativista climática, diretora executiva do Instituto Perifa Sustentável e Jovem Conselheira do Pacto Global da ONU, Amanda Costa destacou o simbolismo da presença jovem, feminina e negra no Seminário Mudanças Climáticas e Juventudes.
“Quais são as vozes ouvidas? Contar histórias simboliza poder. E numa sociedade estruturalmente racista, machista e patriarcal, pessoas jovens, mulheres negras, são cada vez mais marginalizadas desses espaços de compartilhamento de informações”, questionou.
“Quando eu me posiciono enquanto mulher negra, pesquisadora, estou falando da minha existência. Quando lutamos contra o racismo ambiental, estamos olhando para a vida nos nossos. E coloco um questionamento: quem são as pessoas que podem se deslocar até a Alesp e participar desse momento?”, destacou a ativista, formada em Relações Internacionais.
“A política institucional no Brasil foi colocada em um lugar distante da população. A crise climática é uma crise de imaginação política, porque os políticos que estão aqui legislando não conseguem imaginar um futuro sustentável para todos. Na verdade, [eles] legislam para um grupo específico, de homens brancos, de posses. Como mudar essa estrutura? Nos colocando como seres políticos que vão lutar para criar esse futuro regenerativo, sustentável”, afirmou Amanda.
Já a médica e infectologista pediátrica Giovanna Palandri abordou especificamente a questão da Saúde e a importância do trabalho intersetorial para a promoção de um estilo de vida saudável.
“Já temos os efeitos [das mudanças climáticas] nos nossos corpos [das juventudes]. Ter os jovens aqui participando me traz muita esperança. As Doenças Crônicas Não- Transmissíveis são responsáveis por 75% das mortalidades em geral no Brasil”, afirmou, referindo-se a enfermidades cardiovasculares, diabetes e doenças respiratórias crônicas.
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Ativista, bióloga e pesquisadora do clima, periferias e infâncias, Carolina Maciel também participou da mesa como representante do Instituto Alana e da Coalizão pelo Clima, Crianças e Adolescentes (CLICA).
Carolina lembrou que as crianças não contribuíram para as mudanças climáticas, mas são vulnerabilizadas pelo seu agravamento. Além da escuta das infâncias, a ativista defendeu a racialização dos debates sobre a crise climática e a continuidade do enfrentamento dela.
“Para as crianças, se perdemos o repertório do que é a natureza, perdemos como imaginar futuros possíveis. E precisamos continuar sonhando, porque é uma lógica linear, muito enbranquecida e elitista, pensar que acabou e não tem mais o que fazer. Precisamos continuar sonhando”, destacou.
Na ocasião, também foi exibido um episódio da webssérie Saúde no Rolê, desenvolvida no âmbito do Programa Adolescente Saudável. Com a primeira temporada publicada em 2022, a iniciativa tem como objetivo estimular a reflexão das adolescências sobre hábitos que promovem saúde e qualidade de vida.
A webssérie Saúde no Rolê, lançada em 2022, ganhou uma nova temporada, abordando temas como “Juventude e Saúde Mental” e “Gênero e Saúde”, sobre prevenção de doenças para meninas e meninos, apontando a influência de gênero na frequência de atividades físicas e obesidade. Um dos objetivos é fazer o adolescente refletir sobre alguns hábitos que afetam sua qualidade de vida.