publicado dia 3 de dezembro de 2020
Projeto de editoras brasileiras quer enegrecer o acervo literário de escolas
Reportagem: Redação
publicado dia 3 de dezembro de 2020
Reportagem: Redação
Conceição Evaristo, Kiusam de Oliveira, Fábio Kabral, Carmem Lucía Campos e Edimilson de Almeida Pereira: há muitas escritoras e escritores negros para ler e discutir nos espaços pedagógicos. Suas obras não só endereçam questões raciais, como oferecem um universo de saberes a serem pensados interdisciplinarmente pela educação.
Mas para que isso aconteça, estes livros precisam estar nas mãos de educadores e fazer parte do acervo das bibliotecas escolares. O projeto Escola Antirracista: Construindo Comunidades Afirmativas, criado por um coletivo de 11 editoras em alinhamento com a Lei 11.645/2008, constrói um catálogo de obras de escritores-afrobrasileiros e indígenas e referências de pesquisa para serem utilizados na escola.
Entre as editoras, se encontram a Editora Malê, Editora Pallas, Editora Oraliteraturas e Nandyala e outras que trabalham com literária afro-brasileira e indígena.
“São livros que promovem a circulação de representações, reflexões e movimentos que, de fato, colaboram com a fragmentação dos pilares históricos nos quais o racismo estrutural se debruça. Nesse sentido, servem como ferramentas para a reconstrução de imaginários e de políticas que possibilitem uma sociedade efetivamente antirracista no Brasil”, afirma o release do projeto.
Para além da produção deste catálogo e divulgação do mesmo para educação básica, o coletivo terá a primeira de uma série de encontros voltados para educadores e gestores. Nos dias 4 e 5 de dezembro, haverá seminário online com nomes como o antropólogo Kabengele Munanga e a escritora Eliana Alves Cruz para discutir temas como transversalidade das literaturas negras, educação antirracista desde a primeira infância, entre outros.
O que é a lei 11.645/2008
Criada há doze anos, a Lei 11.645/08 veio ampliar uma das diretrizes da LDB que previa o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira no currículo da Educação Básica, assim estendendo-a para todo o fundamental, ensino médio e abarcando também a história e cultura indígena.
A lei de 2008 prevê que o conteúdo seja trabalhado no âmbito de todo o currículo escolar e especialmente nas áreas de artes, literatura e história brasileira, apresentando “diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional”, como redigida na lei.
A foto de capa é da contação de histórias Somos Rainhas e Reis, realizada pelo projeto Luderê Afro Lúdico. Esta aconteceu no Instituto Moreira Salles, em São Paulo.
Embora uma conquista legislativa importante, a implementação da lei ainda apresenta desafios ante a tônica persistentemente racista do país, que encontra na escola por vezes um espaço de manutenção e aprofundamento das desigualdades étnico-raciais.
Programação
Dia 4 de dezembro
16h às 17h – Mesa de abertura: Antirracismo, educação e literatura, com Kabengele Munanga e mediação de Iris Amâncio.
17h às 18h – Apresentação do Projeto: Por uma escola afirmativa: construindo comunidades antirracistas, com Fernanda Souza, Elly Bayo e mediação de Rafaela Deiab
Dia 5 de dezembro
10h – Intervenção cultural: Contação de história, com Patrícia Adjokè Matos e apresentação de Maitê Freitas
10h15 às 11h45 – Mesa 1: Novos imaginários: por uma educação antirracista desde a primeira infância, com Cristina Teodoro, Madu Costa, Waldete Tristão e mediação de Simone Ricco.
13h30 às 15h – Mesa 2: Narrativas: escrever-se negros no plural, com Lia Vieira, Eliana Alves Cruz, Jeferson Tenório e mediação de Luana Tolentino.
15h às 16h30 – Mesa 3: Vozes e corpos de mulheres negras: transversalidades das literaturas negras, com Lavínia Rocha, Carmen Faustino, Verônica Bonfim e mediação de Glauciane Santos.
16h30 – Intervenção cultural – Contação de história, com Eliseu Banori e mediação de Márcio Barbosa.
16h45 às 18h15 – Mesa 4: Deslocamentos: caminhos e perspectivas para o antirracismo, com Erivaldo Santos, Renato Noguera, Elisa Larkin e mediação de Carol Rocha.
18h15 às 19h15 – Encerramento: Perspectivas do projeto Educação Antirracista, com Lilia Schwarcz e Fernando Baldraia.