publicado dia 11 de maio de 2016
EcoMuseu difunde cultura e patrimônio de morros de Ouro Preto (MG)
Reportagem: Danilo Mekari
publicado dia 11 de maio de 2016
Reportagem: Danilo Mekari
Encravada entre os morros da Queimada, São João, Santana, Piedade e São Sebastião está a Praça Tiradentes, famoso cartão postal da região central de Ouro Preto (MG). Desde 2005, essa área da cidade histórica mineira abriga também o EcoMuseu da Serra de Ouro Preto, conhecido por desenvolver um conceito inovador de museu – onde a cultura, o patrimônio e a vivência comunitária existentes nesses cinco morros são os principais aspectos a serem preservados e difundidos.
Localizado em uma das cidades mais turísticas do país, que inclusive possui uma rede de museus já estabelecida, o projeto “quebra os paradigmas da museologia tradicional”, de acordo com Yara Mattos, professora do curso de Museologia da Universidade Federal de Ouro Preto e integrante do EcoMuseu.
“Trabalhamos com pessoas e suas histórias, ou seja, elementos vivos e volúveis. Encaramos como um desafio gratificante poder estimular essas atividades dialéticas e dialógicas, nunca fazendo atividades para a comunidade, mas sim com a comunidade”, defende Yara.
A iniciativa promove rodas de samba, exposições de artesanato e degustações gastronômicas em diversos espaços da cidade, como bares, centros culturais, associações de bairro, bibliotecas e casas comunitárias. “Atuamos em espaços que já existem. A museologia comunitária não precisa necessariamente de um espaço físico – ela é muito mais uma ideia, um movimento que se concretiza num espaço específico ou não”, observa.
De acordo com Yara, participam do EcoMuseu universitários e moradores dos morros que têm interesse em criar uma sensibilização comunitária em torno das questões de patrimônio, memória e história das pessoas que vivem ali. “A intenção é que essas comunidades se apropriem cada vez mais da sua história e de seu patrimônio, contribuindo para o seu desenvolvimento econômico e social.”
Estão programadas para acontecer em setembro as Jornadas da Museologia Comunitária. No encontro, Yara pretende conhecer mais profundamente a experiência do EcoMuseu de Maranguape, citado por ela como “um exemplo na junção de educação e museologia”.
Mapeamento de EcoMuseus
Em 2008, a Associação Brasileira de EcoMuseus e Museus Comunitários (ABREMC) divulgou um mapeamento com todas as iniciativas que caminham nesse sentido. Inicialmente, foram registradas 26 experiências espalhadas pelos quatro cantos do Brasil. Hoje, a associação está atualizando o mapa, e deve lança-lo até o final de maio – a aposta de Yara é que o número cresça.
“Vejo cada vez mais EcoMuseus e Museus Comunitários surgindo no país”, comenta. “Este mapeamento será fundamental para termos um panorama de como anda o movimento de museologia comunitária no país.”
Yara define esse tipo de espaço como “museologia do futuro”, citando a metodologia participativa e coletiva como um dos grandes trunfos do projeto. Rodas de conversa, oficinas de capacitação e inventários das coleções e conhecimentos dos moradores fazem parte do processo.
“Hoje, diversos locais já se apropriaram do conceito e isso se percebe no cotidiano da comunidade.” Atualmente, o EcoMuseu da Serra de Ouro Preto está inventariando a culinária e gastronomia local, com o objetivo de lançar um pequeno livro de receitas da comunidade.