publicado dia 6 de janeiro de 2020
O que é urbanismo tático?
Reportagem: Redação
publicado dia 6 de janeiro de 2020
Reportagem: Redação
O urbanismo tático, prática que vem ganhando destaque nos últimos anos, tem se mostrado uma estratégia atrativa para coletivos ativistas, arquitetos, urbanistas e designers ao redor do mundo por propor, a baixo custo e numa micro-escala, intervenções urbanas pontuais na intenção de promover o direito à cidade. Essa maneira de se pensar espaços públicos na cidade busca atuar por uma lógica não-hierárquica, na qual a sociedade civil (em colaboração ou não com o Estado e/ou empresas privadas) propõe alternativas ao processo tradicional de projeto na esfera urbana.
Esse modelo de intervenção no espaço urbano surge a partir da decadência do modelo de planejamento urbano estatal, buscando respostas rápidas a problemas relacionados ao espaço público, que supostamente exigiriam um processo longo e burocrático por parte do Estado para serem solucionados. Essa estratégia surge também a partir da insatisfação com o modelo “de cima para baixo”, no qual projetos urbanos são pensados por profissionais especializados e a população muitas vezes é consultada apenas no final do processo, quando muitas decisões já foram tomadas.
Profissionais envolvidos na prática do urbanismo tático afirmam que esse modo de intervir consiste em ações pontuais de pequena escala que visam a mudança de comportamento e de cultura a longo prazo.
A partir dos anos 1950, com a crítica à lógica universalista e coercitiva do modernismo, debates em torno da participação começam a ganhar força na produção dos campos arquitetônico e urbanístico. Nos últimos anos, sobretudo a partir do início do século XXI, esses debates têm sido permeados por noções como “urbanismo participativo”, “planejamento comunitário” e “urbanismo tático”, que ganharam destaque nas discussões e produção de cidades.
Em 2014, o urbanismo tático foi tema da exposição “Uneven Growth: Tactical Urbanisms for Expanding Megacities”, no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), sob curadoria do arquiteto português Pedro Gadanho. A exposição foi o resultado de propostas para seis metrópoles globais, realizadas por grupos interdisciplinares, com o objetivo de “desafiar conceitos atuais sobre as relações entre planejamento urbano formal / informal ou bottom-up / top-down e direcionar mudanças nos papéis de arquitetos e urbanistas na desigualdade crescente do desenvolvimento urbano”.
As intervenções no campo do urbanismo tático, em meio a todo esse contexto, emergem como formas participativas de resposta à ausência dos poderes públicos na promoção da habitação, mobilidade, justiça ambiental, segurança, condições ambientais, entre outros.
O urbanismo tático pode ser caracterizado por alguns pontos em comum que permeiam as propostas nesse âmbito. No entanto, a partir do entendimento que as intervenções em questão são de caráter pontual, ligadas a um determinado contexto urbano e sócio-cultural, pode-se dizer também que existem diferentes alternativas dentro do urbanismo tático. Assim, de modo geral, pode-se dizer que esse modo de intervir é caracterizado por:
Ações pontuais, ou em “micro-escala”;
Interações sociais simples e “horizontais” em contraponto ao modelo “vertical” herdado do urbanismo moderno;
Participação dos moradores e autogestão do espaço, com envolvimento ou não de entidades governamentais e/ou empresas privadas nas intervenções;
Não-substituição de ações na macro-escala e planejamento urbano;
Dinamismo de propostas, no sentido de apresentar alternativas que possam ser apropriadas e alteradas pela população.
Os modos de ação das propostas inseridas nesse âmbito variam entre pinturas (de vias, muros, equipamentos, etc.), realização de oficinas, disponibilização de mobiliário urbano móvel, entre outras formas de intervenção pontual, como forma de promover mobilidade, acessibilidade, segurança, espaços de lazer e cultura e direito à cidade. O Colectivo Microurbanismo [MU], por exemplo, atua em Bogotá em colaboração com organismos públicos e privados visando priorizar a escala do pedestre em lugares com alto fluxo de veículos e conflitos de mobilidade, criando situações de encontro, comunicação e reflexão conjunta.
As intervenções no campo do urbanismo tático, em meio a todo esse contexto, emergem como formas participativas de resposta à ausência dos poderes públicos na promoção da habitação, mobilidade, justiça ambiental, segurança, condições ambientais, entre outros.
O urbanismo tático pode ser caracterizado por alguns pontos em comum que permeiam as propostas nesse âmbito. No entanto, a partir do entendimento que as intervenções em questão são de caráter pontual, ligadas a um determinado contexto urbano e sócio-cultural, pode-se dizer também que existem diferentes alternativas dentro do urbanismo tático. Assim, de modo geral, pode-se dizer que esse modo de intervir é caracterizado por:
Ações pontuais, ou em “micro-escala”;
Interações sociais simples e “horizontais” em contraponto ao modelo “vertical” herdado do urbanismo moderno;
Participação dos moradores e autogestão do espaço, com envolvimento ou não de entidades governamentais e/ou empresas privadas nas intervenções;
Não-substituição de ações na macro-escala e planejamento urbano;
Dinamismo de propostas, no sentido de apresentar alternativas que possam ser apropriadas e alteradas pela população.
Os modos de ação das propostas inseridas nesse âmbito variam entre pinturas (de vias, muros, equipamentos, etc.), realização de oficinas, disponibilização de mobiliário urbano móvel, entre outras formas de intervenção pontual, como forma de promover mobilidade, acessibilidade, segurança, espaços de lazer e cultura e direito à cidade. O Colectivo Microurbanismo [MU], por exemplo, atua em Bogotá em colaboração com organismos públicos e privados visando priorizar a escala do pedestre em lugares com alto fluxo de veículos e conflitos de mobilidade, criando situações de encontro, comunicação e reflexão conjunta.
Apesar do discurso a favor do direito à cidade e promoção de intervenções acessíveis às realidades locais, o urbanismo tático tem sofrido críticas por parte de alguns autores por considerarem que essa estratégia não soluciona efetivamente os problemas reais de um local, se tratando em muitos casos de “soluções” efêmeras e paliativas, com curto período de duração.
Existem duas visões, segundo o arquiteto Pedro Gadanho em entrevista publicada no ArchDaily Brasil, em relação à essa crítica: uma no sentido de sustentar o modelo atual, onde o Estado continua não agindo para “solucionar problemas” porque algo já foi feito; e outra em que a visibilização dos locais onde existe a falta de algum tipo de infraestrutura pode chamar a atenção dos poderes governamentais e assim, provocar uma ação mais efetiva por parte deles.
Apesar de não ser a intenção inicial de propostas no contexto do urbanismo tático, existem casos em que essas estratégias têm sido apropriadas para converter espaços urbanos dentro de uma lógica turística e/ou comercial. Os parklets, por exemplo, mini-espaços de lazer que ocupam vagas de estacionamento, começaram a ser adotados por restaurantes e bares de algumas cidades como extensão de seus espaços comerciais, configurando assim uma privatização do espaço público.
O urbanismo tático de fato se apresenta como uma estratégia efetiva em muitos casos, como apontam dados relacionados à mobilidade urbana e pedestrianização das ruas. No entanto, para garantir infraestrutura urbana de qualidade a todos, são necessários outros fatores que vão além intervenções pontuais. Entender a participação em processos de planejamento urbano, por exemplo, é um passo para o envolvimento de diferentes atores no processo de democratização do direito à cidade.
Intervir na escala urbana, seja no urbanismo tático ou qualquer outra estratégia, é parte de um processo que envolve mais que soluções rápidas para problemas complexos, envolve também a reavaliação tanto de políticas públicas como dos papéis dos atores nos processos urbanos. Então o papel de urbanistas, arquitetos, designers e ativistas nesse processo é também questionar como as atuais medidas, como as intervenções pontuais, podem se configurar potências para tornar as cidades mais justas.
*Publicado originalmente em Archdaily Brasil.