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publicado dia 27 de maio de 2015

No interior de Minas, Magia do Cinema promove encontro de culturas com a sétima arte

Reportagem:

Reunir cinema, cultura, memória, valorização da comunidade e apropriação do espaço público em um só projeto. Essa é uma das façanhas do Magia do Cinema, iniciativa que percorreu 10 cidades do interior de Minas Gerais em apenas 13 dias, proporcionando sessões de cinema ao ar livre para a população das regiões dos vales do Jequitinhonha, São Francisco e Mucuri.

Não se trata de uma sessão comum: a pipoca é de graça, as cadeiras são alocadas na praça principal do município (normalmente perto de uma igreja), e o primeiro filme a ser exibido retrata a história e os personagens daquela comunidade.

“Levar o cinema para essa região é importante; mas o principal feito do projeto é usar o cinema como ferramenta de valorização da cultura do interior”, observa Inácio Neves, idealizador e coordenador do Magia do Cinema. “O que mais me emociona é ir até lá e ter contato com essas pessoas, conhecer seus sonhos e desejos.”

Sâo João do Pacuí.
Sâo João do Pacuí.

Durante duas semanas, a equipe – formada por 13 profissionais – viajou quase três mil quilômetros e foi pingando de cidade em cidade. Passou por Monjolos, Fruta de Leite, São João do Pacuí, Campo Azul, Itaipé, Claro dos Poções, Comercinho, Padre Paraíso, Pedra Azul e Pescador. A rotina era puxada: chegar de manhã, fazer filmagens do local e entrevistar moradores e pessoas simbólicas para a comunidade, editar o vídeo e, finalmente, exibi-lo em uma sessão a céu aberto. Em algumas cidades, grupos artísticos realizaram apresentações de abertura.

Para Inácio, o projeto cresceu de uma forma que extrapola a sétima arte. “No início, achei que estávamos levando a cultura para os lugares. Engano meu: o que acontecia era um encontro de culturas”, aponta. Ele afirma que cerca de 90% da população dessas cidades nunca tinha pisado em uma sala de cinema, e existe um sentimento de que nada chega até lá. “Quanto mais distante e complicado foi pra chegar, maior o nosso interesse em promover uma sessão do Magia do Cinema.”

Claro dos Poções.
Claro dos Poções.

Ainda nos anos 1990, o idealizador do projeto promoveu um cinema a céu aberto em plena Praça da Estação, no coração de Belo Horizonte. “No Brasil, ir ao cinema sempre foi uma atividade cara e elitista”, reclama. Foi então que surgiu a ideia de percorrer o interior levando a sétima arte para a zona rural. Um acidente com o telão, porém, fez Inácio desistir do projeto.

Não por muito tempo: no início do século, ao participar de uma festa infantil, ele se impressionou com um escorregador inflável de 15 metros de altura. E pensou: porque não fazer um telão inflável?

Comercinho.
Comercinho.

De acordo com Inácio, o projeto foi convidado para participar de uma discussão sobre cultura em uma escola de Ensino Médio de Claro dos Poções. Já na cidade de Fruta de Leite, um dos personagens entrevistados para o filme local era centenário e faleceu na semana da exibição. “Dei o DVD de presente para a viúva e a convidei para participar da sessão, mas ela recusou pois haveria uma missa às 19h, mesmo horário do filme”, relembra. Inácio decidiu atrasar a sessão em uma hora. Ao final da missa, o padre fez uma convocação especial para que toda a comunidade assistisse ao filme em homenagem ao falecido.

Incentivado pela Lei Rouanet e patrocinado pela Cemig, é a segunda vez que o Magia do Cinema acontece no interior de Minas Gerais; a primeira percorreu as cidades do triângulo mineiro. Ainda este ano, em julho, devem ocorrer mais duas edições do projeto.

“Quando começa o filme, há o encantamento e, logo depois, um alvoroço. As pessoas veem amigos na tela, ou a si próprios, ou até mesmo o vira-lata da praça, e começa um berreiro. Agora, todos são astros. É sensacional poder proporcionar isso às pessoas.”

Além da produção sobre a comunidade local, a sessão do Magia do Cinema transmite o documentário Os meninos e o boi, sobre o boi de janeiro, comemoração tradicional da região que foi perdendo espaço com o tempo. “É um filme muito apreciado pelos idosos, que viveram essa época. Eles adoram resgatar essas memórias”, acredita Inácio. Ainda é exibido o curta-metragem A menina espantalho, que aborda as relações familiares no interior, e, para a diversão da criançada, termina com a animação Como treinar seu dragão 2.

Comercinho.
Comercinho.
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