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publicado dia 14 de janeiro de 2016

Mapa Racial do Brasil proporciona interação do usuário e democratiza informação

Reportagem:

O Censo 2010, último levantamento censitário nacional realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que, dos 191 milhões de brasileiros à época, 91 milhões se classificavam como brancos (47,7% do total), 82 milhões como pardos (43,1%), 15 milhões como pretos (7,6%), dois milhões como amarelos e 817 mil como indígenas.

Cinco anos depois, três estudantes resolveram utilizar esse resultado para ir muito além dos números. De forma minuciosa e esclarecedora, Rafael Viana, Tiago Gama e João Paulo Apolinário – que têm em comum os conhecimentos em programação – criaram um mapeamento virtual capaz de mostrar a localização de cada habitante brasileiro de acordo com a sua cor de pele declarada.

Nascia assim o Mapa Interativo de Distribuição Racial no Brasil, que em sua composição possui nada menos do que duas milhões de imagens de 512×512 pixels cada. Além de evidenciar a conhecida segregação racial existente no território brasileiro – maioria branca no sul e sudeste, ao passo que no norte e nordeste a maioria é parda, bolsões de população negra no recôncavo baiano e São Luís do Maranhão e a quase dizimação total dos indígenas –, o trabalho proporciona ao usuário uma interação que possibilita conhecer a realidade racial de uma só região, uma só cidade, um só bairro. Descobrem-se assim, localmente, as muitas barreiras invisíveis que separam as raças no Brasil.

Com dados do Censo 2010, Mapa Racial permite que, através da interação, o usuário vá atrás de suas próprias informações.
Diferentes realidades na cidade do Rio e sua região metropolitana.

“Nós acreditamos que um bom trabalho de visualização de dados é essencial para tornar informações mais claras, acessíveis e compreensíveis para todos. É muito mais difícil tirar conclusões sobre inúmeras tabelas com números do que quando se tem um mapa ou um infográfico”, afirma o trio ao Portal Aprendiz. “Os dados do Censo 2010, que utilizamos para gerar nosso mapa, estão disponíveis há mais de cinco anos, mas é só quando você os visualiza no espaço que é possível ter uma ideia clara da segregação racial presente no país, em especial quando você analisa a relação centro-periferia em cada cidade.”

Outro aspecto positivo que o Mapa Racial traz é a democratização do acesso à informação, ao permitir que, através da interação, o usuário vá atrás de suas próprias informações. “Isso torna-o também um agente no eixo comunicativo, em que tradicionalmente o leitor possui papel meramente passivo.”

“Acreditamos que a interatividade, além de tornar a experiência mais interessante para o ‘leitor’, torna-a também mais única: o ‘trajeto’ que cada usuário percorre ao visitar o mapa vai refletir não necessariamente a nossa escolha sobre o que destacar, mas principalmente o que cada um considera mais relevante”, observam. “Assim cada um pode buscar ver a distribuição racial de locais com os quais se possui uma vivência pessoal, ao invés de apenas locais importantes, como capitais.”

Com dados do Censo 2010, Mapa Racial permite que, através da interação, o usuário vá atrás de suas próprias informações.
Discrepância também acomete Salvador.

O Mapa Racial foi o primeiro trabalho de Viana, Gama e Apolinário sob a agência de análise e visualização de dados Pata. A agência pretende tornar campanhas, pesquisas finalizadas e dados de monitoramento em sites atrativos, com a intenção de nortear ações mais efetivas e com retorno mensurável. Os próximos projetos da Pata envolvem análises de impacto de veículos de mídia em redes sociais e o fluxo de transporte aéreo do Brasil.

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