publicado dia 14 de janeiro de 2016
Mapa Racial do Brasil proporciona interação do usuário e democratiza informação
Reportagem: Danilo Mekari
publicado dia 14 de janeiro de 2016
Reportagem: Danilo Mekari
O Censo 2010, último levantamento censitário nacional realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que, dos 191 milhões de brasileiros à época, 91 milhões se classificavam como brancos (47,7% do total), 82 milhões como pardos (43,1%), 15 milhões como pretos (7,6%), dois milhões como amarelos e 817 mil como indígenas.
Cinco anos depois, três estudantes resolveram utilizar esse resultado para ir muito além dos números. De forma minuciosa e esclarecedora, Rafael Viana, Tiago Gama e João Paulo Apolinário – que têm em comum os conhecimentos em programação – criaram um mapeamento virtual capaz de mostrar a localização de cada habitante brasileiro de acordo com a sua cor de pele declarada.
Nascia assim o Mapa Interativo de Distribuição Racial no Brasil, que em sua composição possui nada menos do que duas milhões de imagens de 512×512 pixels cada. Além de evidenciar a conhecida segregação racial existente no território brasileiro – maioria branca no sul e sudeste, ao passo que no norte e nordeste a maioria é parda, bolsões de população negra no recôncavo baiano e São Luís do Maranhão e a quase dizimação total dos indígenas –, o trabalho proporciona ao usuário uma interação que possibilita conhecer a realidade racial de uma só região, uma só cidade, um só bairro. Descobrem-se assim, localmente, as muitas barreiras invisíveis que separam as raças no Brasil.
“Nós acreditamos que um bom trabalho de visualização de dados é essencial para tornar informações mais claras, acessíveis e compreensíveis para todos. É muito mais difícil tirar conclusões sobre inúmeras tabelas com números do que quando se tem um mapa ou um infográfico”, afirma o trio ao Portal Aprendiz. “Os dados do Censo 2010, que utilizamos para gerar nosso mapa, estão disponíveis há mais de cinco anos, mas é só quando você os visualiza no espaço que é possível ter uma ideia clara da segregação racial presente no país, em especial quando você analisa a relação centro-periferia em cada cidade.”
Outro aspecto positivo que o Mapa Racial traz é a democratização do acesso à informação, ao permitir que, através da interação, o usuário vá atrás de suas próprias informações. “Isso torna-o também um agente no eixo comunicativo, em que tradicionalmente o leitor possui papel meramente passivo.”
“Acreditamos que a interatividade, além de tornar a experiência mais interessante para o ‘leitor’, torna-a também mais única: o ‘trajeto’ que cada usuário percorre ao visitar o mapa vai refletir não necessariamente a nossa escolha sobre o que destacar, mas principalmente o que cada um considera mais relevante”, observam. “Assim cada um pode buscar ver a distribuição racial de locais com os quais se possui uma vivência pessoal, ao invés de apenas locais importantes, como capitais.”
O Mapa Racial foi o primeiro trabalho de Viana, Gama e Apolinário sob a agência de análise e visualização de dados Pata. A agência pretende tornar campanhas, pesquisas finalizadas e dados de monitoramento em sites atrativos, com a intenção de nortear ações mais efetivas e com retorno mensurável. Os próximos projetos da Pata envolvem análises de impacto de veículos de mídia em redes sociais e o fluxo de transporte aéreo do Brasil.