publicado dia 17 de dezembro de 2025
Juventudes não esperam autorização e abrem brechas para participação na COP30
Reportagem: Gabriel Razo da Cunha | Edição: Tory Helena
publicado dia 17 de dezembro de 2025
Reportagem: Gabriel Razo da Cunha | Edição: Tory Helena
📄Resumo: A participação das juventudes brasileiras na COP30 revelou oportunidades de diálogo, mas também os limites do fórum global sobre o futuro do clima. Na reportagem a seguir, realizada por educomunicadores do Vozes Daqui de Parelheiros e Encrespades durante o evento em novembro, saiba mais sobre as lições da COP30 para a mobilização da juventude frente à emergência climática. A reportagem é de Gabriel Razo da Cunha, Sidneia Chagas, Wesley Matos e Gabriel Lima.
A escuta das juventudes que participaram diretamente da COP30 em Belém (PA) mostra que a inclusão juvenil na agenda climática ainda encontra barreiras e contradições.
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Ao longo do evento, ouvimos jovens que enfrentaram limites estruturais para chegar aos espaços oficiais, além de jovens de Belém que acompanharam tudo do lado de fora.
Nós, do Vozes Daqui de Parelheiros e do coletivo Encrespades, que estivemos em Belém durante a primeira semana da COP30, nos mobilizamos coletivamente, ativando redes, movimentos de base e organizações parceiras para garantir que a juventude periférica estivesse presente e posicionada politicamente.
Lançamos mão de estratégias articuladas com arte, comunicação comunitária, educação e educomunicação, para abrir caminhos: realizamos roda de conversa, intervenção urbana, narrativa audiovisual, além de incidência política e criação coletiva.
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A partir dessas práticas, conseguimos aproximar diferentes públicos, estimular diálogos e colocar a realidade dos territórios junto das discussões. Encontramos disponibilidade para o diálogo, sobretudo com os movimentos e organizações sociais, mas também sentimos os limites de um evento dominado por governos e empresas.
Entre essas práticas, realizamos também uma intervenção que se tornou um marco simbólico da nossa passagem pela COP30: uma amarelinha gigante de 13 metros, instalada em diferentes pontos da cidade, entre eles, o Mercado Ver-o-Peso e o Museu do Estado do Pará.
A amarelinha, enquanto estratégia lúdica, política e pedagógica, funcionou como um espaço de compromisso coletivo e participação popular: as pessoas que passavam por ela eram convidadas a pular, refletir sobre seus territórios e criar compromissos sobre o mundo que desejam construir.
No chão da cidade, emergiram desejos de Justiça Climática, proteção da Amazônia, combate às desigualdades e sonhos de outros amanhãs possíveis.
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Transformar o brincar em uma estratégia de escuta coletiva abriu espaços seguros de encontro com quem permanece fora dos centros de poder de decisão, mas sente todos os dias o peso da crise climática.
Os relatos dos e das jovens ouvidas mostraram que as juventudes não esperam autorização para participar, elas encontram brechas, constroem caminhos e ampliam horizontes de debate.
Os desafios permanecem grandes: credenciais, custos, circulação entre agendas e o reconhecimento de saberes comunitários como conhecimento legítimo.
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Mas fica também o aprendizado de que fortalecer redes, preparar pautas coletivamente e manter estratégias contínuas de comunicação e mobilização são passos fundamentais para as próximas articulações.
O chamado potente da jovem liderança indígena, Txai Suruí, ouvido durante a Plenária Internacional das Juventudes, sintetiza o horizonte que desejamos construir, as juventudes seguem caminhando: “Se eu fizesse uma COP, seria como fazemos nas aldeias: ninguém fica de fora”.
*Reportagem por Gabriel Razo da Cunha, Sidneia Chagas, Wesley Matos e Gabriel Lima (Vozes Daqui de Parelheiros e Encrespades).