publicado dia 3 de fevereiro de 2020
Jovens da Bahia preservam patrimônio negro ouvindo comunidade
Reportagem: Redação
publicado dia 3 de fevereiro de 2020
Reportagem: Redação
O município de Rio do Antônio, localizado a cerca de 700 quilômetros da capital do estado da Bahia, possui até hoje resquícios deixados da época da escravização no Brasil. O período deixou marcas que podem ser notadas na realidade na cidade, inclusive em sua arquitetura.
Por isso, ao constatarem que boa parte das casas – em que morava a população negra que foi escravizada – estava em ruínas, alunas do 9° ano do Ensino Fundamental do Centro de Educação Municipal Florindo Silveira se questionaram: trazer à tona esse passado de dor e desrespeito ajudaria a quebrar os preconceitos ainda existentes nos dias atuais? Foi assim que surgiu o projeto “Filhos do deserto: um resgate histórico”.
Com o apoio das professoras, as alunas iniciaram um processo de pesquisa junto aos moradores da região para entender mais sobre as histórias desses espaços, chamados de “casas de escravos”.
Para desbravar esse universo de informações históricas, elas visitaram três residências – bastante degradadas – construídas há quase 200 anos e que foram usadas como “casa grande e senzala”. Em uma delas, as adolescentes descobriram lendas sobre potes de ouro enterrados. Para dar vazão à riqueza desses novos conteúdos, perpetuar e espalhar as memórias físicas e culturais, as alunas preparam dossiês, em áudio e vídeo, sobre essas visitas.
E-book compila experiências do território e do patrimônio negro
A compilação desses materiais deu origem a um livro digital, que já está disponível para o público. Mesmo com a publicação do e-book, o projeto segue a todo vapor: agora, as meninas planejam atividades para lembrar a luta da comunidade negra durante o Dia Nacional da Consciência Negra. Nesta ocasião, elas pretendem chamar a atenção do poder público sobre a importância de preservar e tombar essas casas, para que a trajetória dos povos negros seja motivo de reflexão e não de esquecimento. A partir do resgate dessas memórias, elas esperam contribuir com a redução dos casos de racismo e preconceitos na região que ainda se manifestam contra a população afro-brasileira.
“Resgatar sua afro-descendência é algo muito bom, e tornar isso em um e-book é melhor ainda. Visitar um local que causa emoção, causada pela empatia, se colocando no lugar dos africanos que foram escravizados ali é um grande aprendizado”, aponta a estudante premiada no Desafio Criativos da Escola em 2018, Mércia Sena, cocriadora do projeto “Cabelo, Autoestima e Construção da Identidade da Menina Negra” e uma das juradas do Desafio 2019.
*Com informações do site Criativos da Escola.