publicado dia 27 de junho de 2019
Intersetorialidade e zelo pela cultura local fazem Marau (RS) uma Cidade Educadora
Reportagem: Cecília Garcia
publicado dia 27 de junho de 2019
Reportagem: Cecília Garcia
Eventos em Marau, cidade interiorana do Rio Grande do Sul, causam comoção coletiva. A prefeitura, comerciantes, escolas e entidades sociais se unem em ações de ocupação de espaço público. Um exemplo é o Cultural 24h, programação onde todo o município se mobiliza para ocupar o espaço por meio da cultura local.
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As práticas de intersetorialidade renderam ao município a entrada na lista internacional de Cidades Educadoras da Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE). 17ª cidade brasileira a integrar a lista, Marau compromete-se com a manutenção de políticas públicas que fortalecem a ideia da cidade como fundamental na formação integral dos sujeitos.
“Marau têm várias ações que envolvem o coletivo do município e se encaixam nos princípios das Cidades Educadoras: a comunidade participa das ações e a educação não acontece somente dentro do espaços formais”, explica Simone Costenaro Ribeiro, secretária de educação da cidade.
Para a intersetorialidade tornar possível que cada espaço da cidade seja educador, a secretária complementa que as administrações dos últimos anos têm zelado pela consolidação de uma inteligência comunitária:
“A prefeitura tem forte relação com as entidades, sejam de cunho comercial ou artísticos, igrejas, Centros de Tradições Gaúchas (CTGs). As pessoas realmente participam, são protagonistas dos eventos”.
Perceber a intersetorialidade como uma das potências do territórios foi um esforço conjunto da própria gestão e da Universidade de Passo Fundo (UPS), instituição que foi parceira na formação e também no processo de candidatura à cidade na AICE.
Eliara Levinski, coordenadora do programa UniverCidade Educadora – que por meio de cursos de extensão forma e apoia gestores e educadores de municípios próximos – recorda os encontros:
“Fomos juntos localizando quais práticas tinham a inscrição da intersetorialidade, o que não é tão comum nas diferentes gestões municipais. Essas práticas foram e são constituídas a partir de diagnósticos e mapeamentos provindos especialmente das escutas que o governo municipal estabelece com a população”.
“Historicamente a universidade se enclausura, mas a UPS tem no seu processo essa corresponsabilização com sua cidade e região. Sua identidade pedagógica tem essa história de inserção regional e a extensão universitária é a potência de nos tornar cada mais comprometidos com os territórios”, explica Eliara sobre o programa UniverCidade Educadora, que tem ajudado municípios locais – como Soledade (RS) – a reconhecer suas práticas de educação na cidade.
A aproximação do setor público com a comunidade se dá por meio de programas como o Prefeitura em Ação. “Toda estrutura das Secretarias de Marau num determinado momento são deslocadas até um bairro. Lá, a população pode conhecê-la e solicitar uma variedade de serviços”, relata Simone.
Ainda segundo a secretária, o deslocamento demonstra uma das preocupações da gestão em ocupar e oportunizar diferentes espaços públicos. “Fazemos eventos em praças, casas de cultura, lugares onde a população tem acesso tanto ao evento como à cidade. E isso congregando todas as faixas etárias, desde a primeira infância até a terceira idade”.
Cultura intergeracional
Durante dois fins de semana do ano, o espaço público de Marau é tomado pela cultura local: é o Cultura 24h. A comunidade artística e a de comerciários se envolve no evento que celebra, entre outras manifestações, a riqueza das tradições gaúchas que ajudaram a formar o município.
“Músicos, artistas, grupos de tradições gaúchas (CTGs) e da terceira idade, projetos sociais e escolas municipais participam voluntariamente . Existe a parceria através das secretarias, principalmente a de Esporte, Cultura e Lazer, mas também porque as pessoas da sociedade civil se envolvem com a cidade”, relata Simone.
Para Eliara, a participação ativa dos moradores tem a ver com o fato de que, em Marau, os “sujeitos sentem a cidade”. Antes do título de Cidade Educadora, a UPS reconheceu, junto ao município, os projetos e práticas em prol da formação dos cidadãos para além dos muros institucionais da escola
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“Marau tem o diálogo entre as crianças, adolescentes, adultos e pessoas da melhor idade. Existem práticas culturais que se esparramam nos territórios. Essas gerações estão envolvidas em diferentes manifestações culturais e na valorização da identidade cultural da população em suas vivências, costumes e valores”, adiciona a coordenadora.